Temporada de prêmios bagunça disputa às principais categorias do Oscar
“Birdman” ou “Boyhood”. A pergunta que não quer calar nas últimas semanas é: qual desses dois filmes vai ganhar o Oscar nas categorias principais?
A essa altura, a maioria das pessoas que acompanha a temporada de prêmios, que termina no dia 22, com a entrega dos escolhidos da Academia, deve acreditar que o longa de Alejandro Gonzalez Iñarritu vai levar os Oscar de filme e direção, já que ele foi o preferido dos produtores, diretores e atores. A maior parte dos críticos e dos sindicatos da indústria já deu seu parecer (e seu palpite sobre como os membros da Academia devem votar), mas neste ano, especialmente, muita coisa pode acontecer até que os últimos votos sejam computados.
Muita coisa influencia nas escolhas do Oscar. Ninguém lá é pago para ver filmes, então os prêmios dos críticos, que vêm antes da maior festa de Hollywood, ajudam a esclarecer muita coisa. E quem os entrega adora ser influente nos resultados. As associações mais importantes são a dos jornalistas estrangeiros em Los Angeles, que entrega o Globo de Ouro, e a dos comentaristas de cinema na TV, responsáveis pelos Critics' Choice, e entre as dezenas de grupos que existem em cada grande cidade americana, as mais tradicionais são as de Nova York e Los Angeles.
Por outro lado, a própria indústria do cinema está dividida em sindicatos específicos para cada categoria --e cada um deles tem sua própria premiação independentemente do Oscar. Esses prêmios costumam, em vários casos, antecipar as escolhas da Academia, já que muitos dos membros dos sindicatos votam também no Oscar. É como se o profissional de cinema fosse convidado a votar duas vezes. Primeiro, por sua própria associação, depois pela Academia. Os grupos dos diretores (DGA), produtores (PGA) e atores (SAG) são os mais influentes.
Mas, nos últimos anos, outro prêmio de outra indústria de cinema, a britânica, tem crescido em sua importância como precursor do Oscar. Os ingleses a) ajustaram o calendário de estreias dos filmes para que a lista de elegíveis ficasse bem parecida com a da Academia; b) restringiram cada vez mais a participação de seus próprios filmes em sua relação de indicados. Resultado: o BAFTA, que virou uma festa cheia de estrelas de Hollywood, muitas vezes prevê como seus colegas do outro lado do Atlântico devem se comportar.
Resumindo: os filmes que se dão melhor nesses prêmios anteriores têm mais chances de repetir a façanha no Oscar. Então, vamos descobrir como está a situação nas principais categorias.
Filme
De um lado, um épico às avessas, realizado ao longo de 12 anos, conta a trajetória de uma família americana comum, desafiando a narrativa convencional sem o clichê da catarse. Do outro, um retrato dos bastidores de uma peça da Broadway critica a indústria do entretenimento como um todo, resgatando um ator quase sempre ignorado, disparando faíscas para todos os lados. “Boyhood” e “Birdman” têm mais em comum do que se imagina. Foram os maiores rivais na temporada de prêmios e agora são os principais concorrentes ao Oscar.
“Boyhood foi o melhor para os críticos: ganhou os prêmios das associações mais importantes (Nova York, Los Angeles, Critics Choice), além do Globo de Ouro, onde os dois filmes não disputaram diretamente. O longa de Richard Linklater venceu como filme dramático, enquanto “Birdman” concorreu como comédia ou musical, mas nem assim levou o prêmio. Por outro lado, o longa de Iñarritu foi o escolhido pelos mais importantes sindicatos de profissionais de cinema. Levou o prêmio de melhor filme do Sindicato dos Produtores (PGA), venceu na categoria de melhor elenco (que equivale a melhor filme) na festa do Sindicato dos Atores (SAG) e, por fim, o mexicano foi eleito o melhor diretor do ano por seus colegas cineastas (DGA).
Pela lógica, “Boyhood” começou a temporada como favorito, mas “Birdman” assumiu a pole position na reta final, com o apoio da indústria. Mas aí vieram os ingleses. Neste ano, o Bafta elegeu “Boyhood” como melhor filme e Richard Linklater como melhor diretor. Quem conta mais?
A última vez que um filme venceu nos três principais sindicatos e não ganhou o Oscar foi com “Apollo 13”, em 1995. Depois, a tripla vitória nos prêmios das associações aconteceu outras sete vezes e se repetiu no Oscar em todas elas. Mas no ano passado, o DGA foi de “Gravidade” e o Oscar de melhor filme foi para “12 Anos de Escravidão”. Por outro lado, o Bafta antecipou o resultado do melhor filme da Academia nos últimos seis anos, enquanto o Globo de Ouro, que tem duas chances de prever o Oscar porque tem duas categorias de melhor filme, só acertou quatro vezes nos últimos dez anos.
Resultado: emoções à vista
Direção
Richard Linklater tem 12 anos de motivos para ganhar nesta categoria. E muitos prêmios também: ganhou o Globo de Ouro, o Critics' Choice, os prêmios de Los Angeles e Nova York, e o BAFTA. O “único” adversário, Iñarritu, foi eleito somente pelo sindicato dos diretores. E, por isso mesmo, é uma ameaça enorme. Dos últimos dez vencedores do DGA, nove ganharam também o Oscar. Só Ben Affleck, por “Argo”, não fez a dobradinha por ter sido, impressionantemente, ignorado pelo Oscar. No mesmo período, o Bafta e o Critics' Choice anteciparam o Oscar sete vezes nesta categoria, e o Globo de Ouro apenas cinco.
Resultado: boa pergunta
Ator
Michael Keaton, por “Birdman”, e Eddie Redmayne, de “A Teoria de Tudo” são, segundo os precursores, os únicos que têm chance. Na dúvida e como tinha duas categorias, o Globo de Ouro premiou os dois. Keaton fez o “retorno” do ano e ganhou ainda o Critics' Choice, mas Redmayne, que interpreta Stephen Hawking, que combina duas obsessões da Academia (personagem real e deficiente físico), tem um rastro maior de vitórias, entre elas as do Bafta e do SAG.
Resultado: provavelmente Eddie Redmayne (foto). que preenche mais requisitos
Atriz
Julianne Moore, em “Para Sempre Alice”, praticamente não tem concorrentes. Ganhou o Globo de Ouro, o Critics' Choice, o SAG e o Bafta. Interpreta uma mulher com Mal de Alzheimer e nunca ganhou o Oscar apesar de ter concorrido cinco vezes. É o Oscar mais certo da noite.
Resultado: Julianne Moore
Ator coadjuvante
J.K. Simmons, de “Whiplash”, também levou quase tudo: Globo de Ouro, Critics' Choice, SAG, Bafta e o prêmio dos críticos de Los Angeles. Todo mundo aposta nele e é a única chance real do filme levar um Oscar.
Resultado: J.K. Simmons
Atriz coadjuvante
Patricia Arquette foi uma unanimidade. Foi eleita pelo Globo de Ouro, pelo Critics' Choice, pelo Bafta, por seu colegas no SAG e pelos críticos de Nova York. Só não emplacou nesta categoria no prêmio dos críticos de Los Angeles, mas também venceu por lá, só que como melhor atriz.
Resultado: Patricia Arquette.
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