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Filme húngaro sobre campo de concentração sai na frente pela Palma de Ouro

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes (França)

15/05/2015 09h06

“O Filho de Saul”, primeiro filme do húngaro Laszló Nemes, saiu na frente como forte candidato na disputa pela Palma de Ouro. O filme conta a história de Saul, um judeu membro do Sonderkommando, grupo de prisioneiros de um campo de concentração isolados dos demais para servirem de assistentes forçados dos nazistas no plano de extermínio em massa.

Em um dos cadáveres do campo, Saul pensa reconhecer seu filho –apesar de colegas dizerem que ele não tem filho algum. “O Filho de Saul” segue em longos planos-sequência e com a câmera sempre fechada no rosto e nos movimentos do atormentado Saul. Só conseguimos ver os eventos abomináveis dos campos de concentração, como o confinamento na câmara de gás, por pequenos fragmentos em volta do personagem, e por um excelente trabalho de som, que instaura aos poucos o terror.

"O resultado é a representação do Holocausto mais impiedosa e dura entre o que já foi feito sobre esse assunto explorado em excesso pelo cinema --um exercício magistral em privação de narrativa e sobrecarga sensorial que reformula horrores familiares em termos ousadamente existenciais", diz a crítica da revista "Variety".

O jornal inglês "The Guardian" também coloca o longa húngaro entre os favoritos à Palma e o classifica de "devastador e assustador".

Nemes foi assistente de Béla Tarr, o nome de maior projeção do cinema na Hungria, diretor de filmes como “Satantango”, “O Homem de Londres” e “O Cavalo de Turim”.

Vale lembrar que os irmãos Joel e Ethan Coen são judeus e retrataram a cultura judaica no filme “Um Homem Sério”, indicado ao Oscar –mas em tom mais cômico. E que “O Pianista”, de Roman Polanski, venceu a Palma de Ouro em 2002 retratando um personagem judeu que sobrevive ao Holocausto.

Penélope e Bardem encontram Escobar

De todas as figuras que merecem uma versão de sua vida nas telas, nenhuma anda tão na moda quanto o traficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993. No ano passado, Benicio del Toro encarnou o chefão do tráfico no péssimo “Escobar: Paraíso Perdido”, que nem chegou a estrear no Brasil.

Wagner Moura vive Escobar na série “Narcos”, da Netflix, que estreia ainda este ano. E agora é a vez de Javier Bardem viver o traficante no cinema ao lado da mulher, Penélope Cruz, em “Escobar”, com direção do espanhol Fernando León de Aranoa (“Segunda-Feira ao Sol”). O longa, que começa a ser rodado no fim do ano, é baseado no livro de memórias “Amando Pablo, Odiando Escobar”, de Virginia Vallejo, que foi amante do traficante de 1983 a 1987.

Instinto selvagem

Mais conhecida por seu papel em “A Professora de Piano”, a francesa Isabelle Huppert não para de firmar parcerias novas. Depois de filmar com mestres como Michael Haneke, Marco Bellochio, Claude Chabrol e até o filipino Brillante Mendoza, ela acaba de filmar “Elle”, novo longa do holandês Paul Verhoeven (“Instinto Selvagem”, “Robocop”).

No novo filme, ela vive a mãe de um rapaz cuja namorada está gravida, mas de outro homem. Ela própria se divorciou e tem um caso com melhor amigo do ex-marido. Um dia, ela é atacada e estuprada dentro de casa por um bandido misterioso e fica obcecada em descobrir a identidade do estuprador –alguém do seu círculo de conhecidos. As informações são da “Variety”.