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Emilia Clarke sobre "Exterminador": Meta era impressionar por força física

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

01/07/2015 06h00

Ele é um dos maiores --senão o maior-- astro de filmes de ação do mundo (e ex-governador da Califórnia, ainda por cima). Ela é uma jovem atriz inglesa de 28 anos com formação na prestigiosa London Drama Centre School e um currículo bem curto: algumas peças, dois papéis pequenos em filmes e um papel que em 2011 mudou tudo e transformou-a numa estrela internacional.

Ele é Arnold Schwarzenegger, voltando às telas nos últimos quatro anos depois de um final complicado para sua carreira política, com uma separação ruidosa de sua mulher Maria Shriver após 25 anos de casamento e a revelação de seu caso com uma empregada da família, que resultou num filho (que hoje tem 18 anos). Ela é Emilia Clarke, famosa mundialmente como Daenerys Targaryen, a Mãe dos Dragões da série "Game of Thrones", da HBO.

A partir desta quinta-feira (2), os dois estarão juntos nas telas vivendo dois dos personagens mais icônicos da ficção científica: o Exterminador, andróide praticamente indestrutível, e Sarah Connor, a mãe do futuro líder de um levante da humanidade contra os andróides, em "O Exterminador do Futuro: Gênesis", o reboot da franquia multimilionária dos anos 1980/90.

"Posso usar uma metáfora bem Game of Thrones?", pergunta Emilia Clarke, numa quente manhã de verão em Beverly Hills, radiante num vestido Burberry azul marinho, apesar de locomover-se lentamente, com muletas por causa de um fratura por estresse no quadril. "Ser Sarah Connor é uma espada de dois gumes. Por um lado o papel é um arquétipo, criado maravilhosamente por Linda Hamilton. Por outro lado foi por isso mesmo que eu queria tanto fazer esse papel. Eu não estava neste mundo em 1984 [quando o primeiro filme, 'Exterminador do Futuro', estreou], mas cresci vendo Linda Hamilton como Sarah Connor. Foi uma personagem que me marcou muito na adolescência e, de certa forma, me levou a ser atriz."

"Eu vi Emilia na série, e depois que eu soube que ela seria Sarah Connor eu passei a não perder mais nenhum episódio", diz Schwarzenegger. "Ela está sensacional na série, mas eu não conseguia tirar da cabeça uma dúvida: 'será que ela conseguiria se transformar em Sarah Connor, que é uma personagem muito diferente da que ela faz na TV?' Pensei: 'ela vai ter que dar muito duro para chegar lá'".

A desconfiança não durou muito tempo. Emilia atirou-se com entusiasmo numa preparação rigorosa: manejo de armas, quedas e saltos, um personal trainer para apurar a forma física. "Fiquei muito impressionado com a dedicação de Emilia", diz Schwarzenegger. "Foram semanas de treinamento, horas e horas por dia. Eu vi que ela estava entrando em forma, em todos os sentidos. E isso me deixou muito à vontade em tê-la no papel."

"É verdade, eu sei que ele estava preocupado", diz Emilia. "Eu sei que 'Game of Thrones' foi o que me levou até este papel, mas na série eu faço uma mulher forte, sim, mas ela não suja as mãos. Ela tem outras pessoas que fazem isso por ela. Aqui não, eu rapidamente vi que teria que desenvolver toda uma nova gama de talentos. Por exemplo: armas de fogo. Eu tinha um time inteiro de consultores militares me ensinando a manejar armas super pesadas e muito assustadoras. Mas eu estava decidida a suplantar os rapazes. Minha meta era ter a força física necessária para ficar lado a lado com eles e ainda deixa-los impressionados".

Arnold e Emilia também têm experiências diferentes com relação à tecnologia que é tão central à mitologia e ao visual do "Exterminador do Futuro". Arnold ficou supreso com o processo de criação de efeitos digitais. "Meu queixo caiu. Não tínhamos nada disso na primeira versão da franquia, mesmo que na época estivéssemos sempre buscando coisas novas", ele diz. "Mas agora são 85 câmeras à minha volta para captar todos os detalhes do meu movimento, minha expressão. Foi incrível."

Emilia, é claro, está inteiramente à vontade com as novas tecnologias ("afinal, eu contraceno com dragões que nunca estão lá no set", ela diz), mas ser Sarah Connor levou-a a refletir sobre o quanto de realidade existe hoje no que, 30 anos atrás, era pura ficção. "Inteligência artificial e robôs são parte da nossa vida, hoje", ela diz. "Eu sei que no filme a tecnologia é um elemento assustador, mas sou de uma geração que abraça a tecnologia e acredita que teremos bom senso para administrá-la."