Michael Douglas rejuvenesce 26 anos em "Homem-Formiga": "Nunca esperei"
Logo na primeira cena de "Homem-Formiga", que estreia nesta quinta (16), o cientista Hank Pym, personagem de Michael Douglas, tem um desentendimento com seus colegas da organização governamental S.H.I.E.L.D. Em 1989.
E não é outro ator interpretando Douglas jovem, e sim o próprio, com o mesmo rosto que tinha ao subir ao palco para receber seu Oscar por "Wall Street", rejuvenescido graças à tecnologia. É impressionante, e não só para a plateia.
“Nunca esperei ver a mim mesmo jovem num filme que acabei de rodar”, conta Michael Douglas, 70, por telefone, extremamente bem-humorado. “É estranho ver coisas que são limitadas somente pela imaginação. Cedo ou tarde veremos atores no tapete vermelho em forma de holograma”.
O astro de "Atração Fatal" e "Traffic" foi uma escolha inusitada quando a Marvel anunciou seu nome como o personagem que, nos quadrinhos, inventa a tecnologia que o transforma no Homem-Formiga, e confiou no instinto dos realizadores: “Eu não sabia nada sobre o herói, mas não vou fugir do clichê aqui, então posso dizer que, a princípio, queria muito fazer parte de algo que meus filhos se empolgariam mais que eu”.
Nos gibis, Hank Pym é um dos fundadores dos Vingadores, e ainda hoje participa de suas aventuras. A versão para o cinema coloca o cientista como membro ativo da S.H.I.E.L.D. durante a Guerra Fria, agindo como espião praticamente invisível graças a sua invenção, que lhe permite ser reduzido, ao mesmo tempo que amplia sua força. Quando ele enxerga um vislumbre de uso militar de sua tecnologia, ele sai de cena. O filme, então, coloca Pym no papel de mentor de Scott Lang (Paul Rudd), um ladrão que termina usando o traje especial e assumindo a identidade heroica.
“Em toda minha carreira eu sempre fiz filmes contemporâneos, amarrados no realismo”, aponta Douglas. “'Uma Luz na Escuridão' foi meu único trabalho fora da curva, um filme de época. A oportunidade de fazer algo tão carregado de efeitos especiais, portanto, foi muito empolgante”.
Trailer do filme "Homem-Formiga"
Embora em "Homem-Formiga" ele trabalhe somente à frente das câmeras, o ator, que também é um produtor de sucesso, ficou impressionado com a escala da linha de produção da Marvel. “Geralmente um filme tem o núcleo principal, com o diretor contando a história, e uma segunda unidade captando imagens de apoio. Aqui eram várias unidades, inclusive uma de macro fotografia, que gravava os ambientes em escala gigante onde o Homem-Formiga seria inserido posteriormente. Ver tudo se amarrar de maneira tão precisa é incrível”.
Incrível, fato, principalmente depois de o filme começar sua história com uma derrapada. Seu diretor original, Edgar Wright ("Todo Mundo Quase Morto"), desligou-se do projeto depois de quase 8 anos trabalhando em sua pré-produção. Seu substituto, pouco antes de as câmeras começarem a rodar, foi Peyton Reed ("Sim Senhor"). “Para ser honesto, a mudança não teve muito impacto”, analisa Douglas, diplomático. “A alegria em apenas atuar é a possibilidade de ser inocente, ou mesmo ignorante. Ou seja, eu não tive de seguir a política dos bastidores, foi muito suave.”
O ator entende que, apesar de Wright ter passado muito tempo com o projeto, a visão que veio forte foi mesmo do estúdio, integrando "Homem-Formiga" a seu universo cinematográfico: “Tivemos partes do roteiro reescritas, mas nada que alterasse a história, nenhuma costura grosseira”.
Trabalhar em um filme da Marvel, como Douglas bem sabe, é quase um plano de aposentadoria, e o ator ainda tenta manter o véu de mistério. “Eu observava os filmes com atenção, vendo atores incríveis como parte deste universo em expansão”, conta. “Mas algo engraçado aconteceu quando li a primeira versão do roteiro, ainda quando Edgar estava a bordo: Pym morria na página 75.” Ele lembra que o cineasta, em um telefonema, queria saber suas impressões, e Douglas disse não conseguir esconder que estava muito triste por ter de se despedir tão cedo deste mundo: “Edgar começou a gritar do outro lado, ‘Ele não morre, ele não morre, leia o roteiro até o final!’. Nem eu esperava a minha reação”.
Aos 70 anos, e com dois Oscar na bagagem –um como produtor por "Um Estranho no Ninho", outro atuando em "Wall Street"–, Michael Douglas continua ativo como nunca. Sintonizado com a onda de nostalgia que tomou a cultura pop contemporânea, ele está desenvolvendo séries para a TV baseadas em filmes que ele produziu, como "Starman" (que John Carpenter dirigiu em 1984) e "Linha Mortal" (assinado por Joel Schumacher em 1990).
“É possível que eu desenvolva algo relacionado a Jack Colton, meu personagem em 'Tudo por Uma Esmeralda'”, enfatiza. Como bom vendedor, porém, ele logo volta ao filme da Marvel, “uma empresa muito boa para se trabalhar, que amplia o repertório de um ator”, como ele mesmo coloca. “Eu tenho 70 anos, não há o que não gostar”, conclui. “Quando o roteiro chegou em minhas mãos, e eu li ‘Homem-Formiga’ no título... Não sei, simplesmente me fez sorrir!”.
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