Topo

"Magic Mike brasileiro" investe na preparação e acha difícil namorar

Felipe Blumen

Do UOL, em São Paulo

30/07/2015 12h22

“Eu estou solteiro porque é difícil ser stripper e conseguir segurar uma namorada”, diz o paulista Lucas Góis, que aos 28 anos de idade se tornou o “Magic Mike brasileiro” --pelo menos na escalação do Clube das Mulheres, casa noturna paulistana em que o dançarino estreia como o mesmo personagem que o norte-americano Channing Tatum interpreta nos cinemas. 

“No filme, ele se apaixona por uma menina que só quer curtir. Na vida real é meio assim também”, explica o dançarino e stripper. “Quando você trabalha na noite, é difícil achar uma menina que aceite bem isso. A maioria se sente insegura”, conta.

No ramo há 10 anos, Lucas Góis já passou por quase todos os “papéis” da noite antes de chegar ao de Magic Mike. “De bombeiro, policial, índio, novinho, tequileiro, príncipe de baile de debutante até animador de festa em casa de suingue, eu já fiz de tudo um pouco”, lembra.

“Mas esse personagem foi o que mudou a minha vida”, diz Góis. “No Brasil, as mulheres ainda piram muito nos clichês. Mas no filme o que elas gostam é o próprio cara. Ele não está vestido de bombeiro, de policial. Ele é o Magic Mike. Eu sempre quis ser eu mesmo dançando, sabe? E interpretar esse personagem é um passo grande para isso”, conta o dançarino.

Movimento e sensualidade

A apresentação de Lucas Góis como Magic Mike consiste de alguns números ensaiados com outros dançarinos e inspirados na trilha sonora e nos passos de Channing Tatum, que na vida real também chegou a ser stripper no início da carreira. Mas há também alguns “solos” e “marcas pessoais”. Para agradar seu público, o dançarino investe na performance. Conta até que faz um curso de dança para acompanhar o personagem. “Não é só improviso”, diz. “Tem que saber o momento certo de entrar, saber ler a musica para encaixar os movimentos, que é a parte que o Mike faz muito bem”, comenta.

Fã de Michael Jackson e de filmes de dança, Lucas Góis foi ver o primeiro “Magic Mike” na estreia. “Me identifiquei muito”, lembra. “Por que, nessa profissão, cada dia é um aprendizado. Saber se menina está a fim de dançar com você, por exemplo, é fundamental”, explica.

E as mulheres estão a fim do Magic Mike? “Olha, o filme ajudou muito o mercado”, reflete o dançarino. “A mulher já tem o poder de curtir. O programa não é necessidade dela, é entretenimento. Ela quer reunir as amigas e curtir o show, curtir a sensualidade masculina. E agora mais ainda, espero".

Ser um Mike do Brasil

Góis começou a dançar no Rio Grande do Sul com 15 anos, como príncipe em bailes de debutante. Aos 18, virou gogoboy em festas de música eletrônica. Desde então, nunca procurou ganhar a vida apenas com suas performances. “Eu já quis parar de dançar”, diz. Mas, agora, mesmo trabalhando como publicitário e como assistente de palco do programa de TV “Legendários”, não tem planos de se aposentar. Principalmente com a nova “marca” podendo impulsionar sua carreira.

“Basicamente, no Brasil tem hoje o pessoal que faz dança com coreografia, numa coisa mais sensual, e o pessoal que faz striptease, numa coisa mais erótica. E quem faz um, não faz outro. O que o Mike faz e o que eu sempre tentei fazer é uma mistura dessas duas coisas”, explica. “O objetivo é fazer com que esse formato pegue aqui”.

Segundo o dançarino, a oferta de emprego não é pouca para quem quer ser Mike no Brasil. “Principalmente para striptease”, revela. “Eu não curto muito o erótico, não é minha pegada, mas dependendo da proposta financeira, tudo é negociável”, diz ele, que começou a carreira tirando a roupa por R$ 50 e hoje não diz quanto ganha por noite --mas confessa que dançarinos profissionais cobram R$ 1.000 “para começar a conversar”.

Christians e Mikes

Há bastante gente torcendo para que o nosso Mike dê certo. Por trás de Góis, há uma equipe de pelo menos dez pessoas: um nutrólogo, uma nutricionista, um personal trainer, uma dermatologista, um dentista e um cabeleireiro, além de uma marca de suplemento e uma marca de farmácia que o patrocinam, e também de sua assessoria/produção.

O dançarino retribui esse cuidado. São sessões diárias de malhação e uma alimentação sempre controlada. O objetivo é aguentar a carga de trabalho semanal, que tem apresentações quase todos os dias. “Os shows duram 15, 20 minutos”, explica o dançarino. “Mas depois tem o social com o público e sempre tem outra festa para virar a noite dançando ou servindo tequila”, complementa. O domingo é de descanso.

Qual o futuro do Magic Mike brasileiro? “Olha, o Christian Grey é um personagem que teve três livros, mais três filmes e depois mais três livros e sabe-se lá o que mais”, diz Góis. “Acho que eu posso aproveitar isso também, sobretudo por meu personagem ser mais divertido. E, poxa, acho que eu sou um ótimo Magic Mike”.