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Para maiores de 18, filme em Gramado tem cena de estupro com Ney Latorraca

Cena do filme "Introdução à Música do Sangue", exibido no Festival de Gramado - Reprodução/Instagram/gretaantoine
Cena do filme "Introdução à Música do Sangue", exibido no Festival de Gramado Imagem: Reprodução/Instagram/gretaantoine

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado

09/08/2015 17h11

Antes da sessão da noite deste sábado (8), o apresentador do Festival de Gramado Leonardo Machado avisou: “Hoje teremos na competição um filme para maiores de 18 anos”. O filme em questão é “Introdução à Música do Sangue”, filme de Luiz Carlos Larcerda (“Viva Sapato”) inspirado em texto do escritor Lúcio Cardoso.

A trama do filme cerca uma família, formada por Ernestina (Bete Mendes), Uriel (Ney Latorraca) e uma adolescente (Greta Antoine), no interior de Minas Gerais que vive sob a expectativa da chegada da luz elétrica.

Isolados nesse ambiente conservador, a repressão e o desejo sexual vão se revelando em cada um dos personagens. Apesar das belas imagens, filmadas à luz natural, a personagem de Greta aparece como objeto de desejo de todos os homens da trama, até daquele que traz a luz elétrica à fazenda.

Pelas longas cenas em que a personagem de Greta aparece nua ou mastigando vagarosamente uma goiaba bem vermelha, o roteiro parece mais dedicado à bela imagem da jovem do que o que ela sente ou pensa sobre essa situação. As mulheres ali aparecem sob o ponto de vista masculino, do fetiche.

Apesar do que revela na tela, o diretor disse ao UOL, na tarde deste domingo, que a mulher da trama, assim como na literatura de Lúcio Cardoso, está sempre lutando contra a repressão e para transgredi-la. “A personagem de Bete Mendes é quem comanda a casa. Ela não é submissa. A menina também está atrás da história dela, ela não é a gata borralheira, que espera”, afirmou.

A repressão sexual culmina em uma violenta e gráfica cena de estupro de Uriel com a adolescente. Durante debate sobre o filme, o diretor disse que a cena foi difícil de fazer, causou apreensão em Greta e emocionou toda a equipe.

Bete Mendes disse que se emocionou com a ação das mulheres no filme. “O filme é conduzido por nós duas. O filme todo a minha personagem diz o que quer. É a mulher que conduz e o homem que reage com violência, estupro”, analisou.

Sobre as cenas de Greta no espelho, em que ela se acaricia, o diretor disse que se trata da personagem reconhecendo a capacidade que tem como mulher. “Ela não é mulher-objeto, ela está olhando para as armas que tem, aquele peito lindo. A equipe toda ficou de pau duro”, concluiu o diretor, arrancando risadas de alguns jornalistas.

O filme de Lacerda está na competição do Festival de Gramado ao lado de “O Último Cine Drive-In” (DF), "O Fim e os Meios" (RJ), "Um Homem Só" (RJ), "O Outro Lado do Paraíso" (DF), "Ausência" (SP) e "Ponto Zero" (RS).