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"O Lobo Atrás da Porta" é o grande vencedor do Prêmio de Cinema Brasileiro

Do UOL, em São Paulo*

01/09/2015 23h13Atualizada em 02/09/2015 13h31

Uma mulher que comete um crime hediondo para se vingar do amante venceu de lavada um dos maiores presidentes da história do Brasil. “O Lobo atrás da Porta”, de Fernando Coimbra, foi o maior vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em cerimônia no Cine Odeon, no centro do Rio, nesta terça (1º). O longa levou sete prêmios: melhor filme, diretor, atriz (Leandra Leal), atriz coadjuvante (Thalita Carauta), roteiro, montagem e fotografia.

Com 12 indicações, “O Lobo” derrotou o filme mais indicado, “Getúlio”, de João Jardim, que levou apenas três prêmios: melhor ator para Tony Ramos, maquiagem e direção de arte.

O prêmio de ator, por sinal, foi para dois intérpretes que reviveram personagens reais. Além de Tony com Getúlio Vargas, Babu Santana também foi premiado por seu Tim Maia. Os dois fizeram os discursos mais doces e humildes da noite. Tony lembrou que está comemorando 51 anos de carreira e declarou que “nessa profissão a gente não compete um com o outro. Não existe isso de competição”. Babu homenageou os outros indicados: Matheus Nachtergaele (“lembro de estar muito nervoso quando contracenei com ele em ‘Cidade de Deus’”), Alexandre Borges, “meu colega de novela” (os dois estão na novela das sete, “I Love Paraisópolis”) e Milhem Cortaz (“um dos maiores atores da nossa geração”).

Leandra venceu na categoria mais disputada da noite, que incluía Fabiúla Nascimento, sua colega de filme; Bianca Comparato como a jovem “Irmã Dulce”; Deborah Secco como uma moça doente e viciada em remédios em “Boa Sorte”; e Drica Moraes como Alzira, a filha de Getúlio Vargas.

Para não ficar só nos longas mais artísticos, o Grande Prêmio instituiu a categoria de melhor comédia, vencido por “Os Homens são de Marte... E É pra Lá que Eu Vou”. “Quando comecei no teatro, o Chico Anysio me disse para me conformar, porque ninguém nunca dava prêmio para comédia. Fico muito feliz que tenham criado essa categoria”, disse a atriz e produtora Mônica Martelli.

A homenagem da noite foi para Roberto Farias, grande produtor e diretor dos anos 1960, responsável por dois clássicos do cinema brasileiro: “Assalto ao Trem Pagador” (1962), um dos precursores do suspense com pegada social como “Cidade de Deus”; e o politizado “Pra Frente, Brasil” (1982), um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre o período da ditadura, quando ela começava a perder força. Alternando projetos autorais e comerciais, ele também ficou conhecido por dirigir a trilogia de aventura estrelada por Roberto Carlos entre 1968 e 1971.

O diretor lembrou que seus filmes venderam ao todo 26 milhões de ingressos no país. Seu irmão, o ator Reginaldo Farias, lembrou que nos anos 1970 “os filmes brasileiros dominavam o nosso mercado, o que não voltou a acontecer depois”. Marcelo Farias, filho de Reginaldo e sobrinho de Roberto, encenou esquetes ao longo da cerimônia, relembrando a carreira do tio. Só havia um fato estranho no ar: Roberto é presidente da Academia Brasileira de Cinema, a instituição que promove o prêmio. “Os colegas como o Barretão e o Cacá [Diegues] inventaram isso. Eu fui contra, mas não teve jeito”, explicou. 

Confira todos os vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2015

Melhor Longa-Metragem de Ficção
"O Lobo Atrás da Porta", de Fernando Coimbra.

Melhor Longa-Metragem Documentário
“Brincante”, de Walter Carvalho

Melhor Direção
Fernando Coimbra por “O Lobo Atrás da Porta”

Melhor Atriz
Leandra Leal como Rosa por "O Lobo Atrás da Porta"

Melhor Ator
Tony Ramos, como Getúlio Vargas, por “Getúlio”
e Babu Santana como Tim Maia, por “Tim Maia”

Melhor Atriz Coadjuvante
Thalita Carauta, como Betty, por “O Lobo Atrás da Porta”

Melhor Ator Coadjuvante
Jesuíta Barbosa, como Ayrton, por “Praia do Futuro”

Melhor Direção de Fotografia
Lula Carvalho por “O Lobo Atrás da Porta”

Melhor Direção de Arte
Tiago Marques, por “Getúlio”

Melhor Figurino
Kika Lopes, por “Trinta”

Melhor Maquiagem
Martín Macias Trujillo, por “Getúlio”

Melhor Efeito Visual
Adam Rowland, por “Trash - A Esperança Vem do Lixo”

Melhor Roteiro Original
“Fernando Coimbra”, por "O Lobo Atrás da Porta"

Melhor Roteiro Adaptado
Jorge Furtado e Pedro Furtado – adaptado da obra “Frontal com Fanta” de Jorge Furtado por "Boa Sorte"

Melhor Montagem de Ficção
Karen Akerman, por “O Lobo Atrás da Porta”

Melhor Montagem Documentário
Pedro Bronz, por “A Farra do Circo”

Melhor Som
George Saldanha, François Wolf e Armando Torres Jr., por “Tim Maia”

Melhor Trilha Sonora
Berna Ceppas e Mauro Lima, por "Tim Maia"

Melhor Trilha Sonora Original
André Abujamra, por “Trinta

Melhor Longa-Metragem de Comédia
“Os Homens São de Marte… É Pra Lá Que Eu Vou”, Marcus Baldini Produção: Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho por Biônica Filmes

Melhor Longa Metragem de Animação
“O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu. Produção: Fernanda Carvalho e Tita Tessler por “Filme de Papel” 

Melhor Longa Metragem Infantil
“O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu. Produção: Fernanda Carvalho e Tita Tessler por “Filme de Papel”

Melhor Curta-Metragem de Ficção
“O caminhão do Meu Pai”, de Maurício Osaki

Melhor Curta-Metragem Documentário
“Efeito Casimiro”, de Clarice Saliby

Melhor Curta-Metragem de Animação
“A Pequena Vendedora de Fósforo”, de Kyoko Yamashita

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
“Relatos Selvagens”, (Argentina) – dirigido por Damián Szifron

Categoria Júri Popular:

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
“Boyhood - Da Infância a Juventude”

Melhor Longa-Metragem Documentário
“Dominguinhos”, de Eduardo Nazarian, Joaquim Castro e Mariana Aydar. Produção: Deborah Osborn, Felipe Briso e Gilberto Topczewski por BigBonsai

Melhor Longa-Metragem de Ficção
“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro. Produção: Daniel Ribeiro e Diana Almeida por Lacuna Filmes

* Colaborou Thiago Stivaletti, do Rio