Sem polêmicas, documentário dá espaço para Chico Buarque piadista
O Festival do Rio abriu sua 17ª edição, na noite desta quinta-feira (1), com o documentário "Chico - Um Artista Brasileiro". Na plateia, via-se suas irmãs Miúcha e Anna de Holanda e até Caetano Veloso, mas nada de Chico. "É porque ele é tímido", era o que se ouvia no Cine Odeon, onde o filme foi exibido. No entanto, o próprio Chico trata de desmentir essa fama no filme. "Ficam falando que eu sou tímido, mas eu não sou. Na infância me chamavam de 'show boy'", diz ele.
Se a timidez é uma incerteza sobre Chico, a certeza é de que ele é um contador de causos que não chega ao final das histórias sem cair na gargalhada. E são muitas: aquela em que ele enganou a censura para poder cantar "Partido Alto" ou aquela em que uma jovenzinha pediu uma selfie porque sua avó é muito fã do cantor. "Aí a gente sai com uma cara feia porque não quer a pessoa fale essas coisas", conta, arrancando risos da plateia.
Dirigido pelo amigo de longa data do cantor, Miguel Faria Jr., o filme não traz polêmicas ou revelações bombásticas, como o diretor já havia adiantado ao UOL. "Foi natural, como em uma conversa de bar. Ele é um cara que eu admiro pela qualidade do trabalho. Não enfiei dedos em feridas", concluiu.
Mesmo assim, Chico permite acesso a sua intimidade e partes delicadas da sua vida. Apesar de ser breve ao falar da ex-mulher, a atriz Marieta Severo, ele conta, por exemplo, que sente falta de mostrar uma música inacabada para alguém com quem se tem muita intimidade. Faz falta no documentário depoimentos das três filhas do ex-casal, Silvia, Luísa e Helena. No filme, a família é representada pela irmã Miúcha e os netos de Chico, que pretendem seguir a carreira do avô ao aparecerem cantando e tocando.
Criticado por muitos comentaristas na internet por seu apoio declarado ao PT, Chico não fala diretamente sobre o governo atual, mas pontua melhoras nas últimas décadas. "As pessoas dizem que era melhor quando as pessoas usavam terno para viajar de avião. Naquela época era pior, o Brasil melhorou muito".
Ele ainda usou a Bossa Nova para falar das mudanças no país. "Tom é uma pérola, tem que ser preservada, mas a verdade é que a Bossa Nova é uma música da elite. O Brasil não era tão lindo daquele jeito e aquele era um gosto de uma minoria". Um boa parte do filme é dedicado também ao período em que se exilou na Itália, onde se viu desprestigiado e sem dinheiro.
Aos 71 anos, o músico e escritor faz, além de piadas, uma reflexão sobre a passagem do tempo. Ele já percebe que o processo de criação de suas músicas e filmes ficam mais longos enquanto seu tempo de vida se encurta. Não com tristeza, mas com tranqüilidade, ainda fala indiretamente da morte ao afirmar que não se preocupa em como será lembrado.
O filme ainda terá mais uma exibição durante o Festival do Rio, nesta sexta (2), e também deve integrar a programação da Mostra de São Paulo deste ano.
Festival do Rio
Ao todo, o festival apresentará até o dia 14 de outubro cerca de 250 títulos de mais de 60 países espalhados por 20 cinemas da cidade.
O evento terá também homenagens ao centenário de Orson Welles, aos Studios Ghibli, ao Cinema Noir Mexicano e aos diretores Hal Hartley e Wes Craven. A programação completa você encontra no site do festival.
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