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Estudo mostra falta de mulheres na produção de filmes líderes de bilheteria

Do UOL, em São Paulo

27/10/2015 14h01

Um estudo publicado pela revista Variety revelou um cenário preocupante para as mulheres por trás de 250 filmes líderes de bilheterias. Conduzido pelo Centro de Estudos sobre Mulheres na Televisão e no Cinema, da Universidade de San Diego (EUA), o levantamento aborda o ano de 2014 e revela a ausência feminina entre diretores (85%), roteiristas (80%), produtores (33%), editores (78%) e câmeras (92%).

Martha Lauzen, autora do balanço, investiga há 20 anos a representação da mulher à frente e por trás das câmeras. Para ela, há muito debate recente sobre a falta de mulheres na indústria cinematográfica, mas não se vê resultado em números. Como sua pesquisa usa dados de 2014, ficaram de fora casos como o de "Cinquenta Tons de Cinza", dirigido pela britânica Sam Taylor-Johnson e sucesso mundial com bilheteria de US$ 570 milhões. "Mas não podemos nos apegar em casos pontuais para avaliar a situação de todas as mulheres", justifica Lauzen.

Além dos 250 filmes líderes de bilheteria, os pesquisadores também avaliaram os números de outras 450 produções. Quando o leque se ampliou para 700 filmes, ficou claro que mulheres acabam ganhando mais espaço em produções de baixo orçamento, que representam menos riscos. Nestes casos, o número de diretoras cresceu de 7% para 13%, roteristas de 11% para 13%, produtoras de 23% para 27% e câmeras de 5% para 9%. Apenas o número de editoras se manteve estável, com 18%.

Umas das possíveis justificativas para a disparidade de números é a falta de mulheres em cargos de decisão na indústria. Evidências mostram que mulheres no comando tendem a empregar mais mulheres. O estudo revelou que em filmes com mulheres como diretoras há também um número bem maior de mulheres nos cargos de produção.

O debate sobre sexismo na indústria do cinema está em alta desde que Patricia Arquette falou sobre igualdade salarial em seu discurso após levar o Oscar de melhor atriz coadjuvante por "Boyhood" na cerimônia deste ano, em fevereiro. Seguiram o discurso Meryl Streep, Ashley Judd (que contou ter sido assediada por um executivo nos anos 90), e mais recentemente Jennifer Lawrence, que divulgou uma carta em que fala abertamente sobre a disparidade salarial no filme "Trapaça", no qual ela e Amy Adams ganharam menos do que seus colegas de elenco Bradley Cooper, Christian Bale e Jeremy Renner.