Redes sociais levaram mulher, negro e latino ao protagonismo de "Star Wars"
As séries de TV já experimentaram o sucesso que a inclusão e a representatividade racial e de gênero podem proporcionar. Agora este novo padrão da indústria do entretenimento chegou a uma das maiores franquias do cinema.
Em “Star Wars: O Despertar da Força”, que estreia nesta quinta-feira (17), os três personagens principais são uma mulher (Rey, interpretada por Daisy Ridley), um negro (Finn, vivido por John Boyega) e um guatemalteco (Poe Dameron, papel de Oscar Isaac).
A série já havia avançado ao colocar uma Jedi mulher e um Jedi negro na Nova Trilogia, dos anos 2000, mas protagonistas com essas características é algo inédito. E isso aconteceu porque os produtores chegaram à conclusão tardia de que os filmes têm de refletir o público que assiste. Esta é a opinião da atriz Lupita Nyong’o, do ator Oscar Isaac e da produtora do filme, Kathleen Kennedy.
Para a vencedora do Oscar Lupita Nyong’o, atriz de origem queniana que empresta suas feições para uma personagem virtual, a pirata Maz Kanata, a influência que a saga possui perante os mais variados públicos é um dos fatores que levou a esta configuração de personagens.
“‘Star Wars’ ocupa um lugar muito grande nos corações de várias gerações e estamos incutindo outras possibilidades nas mentes de nossas crianças. E a série sempre foi um campo fértil para a diversidade, pois George Lucas criou os mais diferentes androides, humanos e criaturas de toda espécie. E mais que isso, estamos em um ponto da história da humanidade em que diversas culturas diferentes estão interagindo pelo mundo. E o cinema tem que refletir isto”, disse a atriz, em entrevista ao UOL.
A produtora Kathleen Kennedy concorda. “Acho muito importante, porque os filmes deveriam refletir a audiência. Esta é a audiência. Há um público muito eclético e diverso lá fora. Então, por que os personagens da tela do cinema não deveriam se relacionar com essas pessoas? Acho que isso se tornou um fator muito importante para a indústria dentro e fora de Hollywood”.
Segundo ela, isto está ocorrendo apenas agora por causa da pressão das redes sociais. “Elas põem pressão sobre as instituições. E isso é o que faz das redes sociais tão poderosas. E o que está acontecendo é que há um foco sobre esse assunto, e a indústria está reconhecendo que as mulheres não são bem representadas. E é importante que isso mude.”
Obviamente, para uma indústria que movimenta bilhões de dólares e, especialmente neste caso, para uma filme que custou US$ 200 milhões (o maior orçamento da franquia até hoje), falar com todos os públicos de todos os países onde o filme é ansiosamente aguardado é a principal prerrogativa.
Oscar Isaac concorda. Na saga, ele vive Poe Dameron, um piloto da Resistência que tem como seu fiel escudeiro o droide BB-8, um robô esférico que já está à venda nos Estados Unidos e no Brasil. “Para ser honesto, isto tudo é muito bom para os negócios”, acredita.
E sobre o episódio de racismo sofrido pelo ator John Boyega nas mesmas redes sociais que, segundo Kennedy, pressionaram pela diversidade, o ator faz uma consideração importante.
“O que foi ainda melhor que aqueles idiotas que ficaram escrevendo esse tipo de coisa, foi a grande quantidade de pessoas que respondeu dizendo que isto era errado, e que isto [o fato de um ator negro ser um dos protagonistas] é uma grande coisa. Então, eu fiquei mais feliz com a reação contrária do que fiquei irritado com o preconceito”, diz Isaac, fazendo coro com a produtora.
“Para mim, isso é como o extremismo. Há algumas maçãs podres que ganham muita atenção, mas não acho que isso reflita a maioria das pessoas, graças a Deus!”, conclui Kathleen Kennedy.
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