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Para elenco de "Vai que Dá Certo 2", mistura de gêneros salva comédias

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

05/01/2016 13h11

Não há dúvidas de que a comédia é a "menina dos olhos" do cinema nacional. O ano de 2015 viu várias produções se destacarem nas bilheterias, incluindo "Vai Que Cola", "Loucas pra Casar", "S.O.S. Mulheres ao Mar 2" e "Até que a Sorte Nos Separe 3" --este último, em duas semanas bateu a marca de 1 milhão de espectadores.

Nesta quinta-feira (7), mais uma produção do gênero chega às telonas: "Vai Que Dá Certo 2", continuação do sucesso que levou 2,7 milhões de espectadores aos cinemas em 2013.

Mas, em meio a tantas comédias, como não enjoar o espectador? Para os atores Fábio Porchat e Lúcio Mauro Filho e para o diretor Maurício Farias, que retornam aos seus postos em "Vai Que Dá Certo 2", o segredo está em fazer filmes bem produzidos e explorar as várias possibilidades do gênero.

"O segredo é fazer bons conteúdos, bons produtos", avalia Porchat, em entrevista ao UOL. "Se você fizer 20 filmes excelentes, o público não vai enjoar, o público quer ver filmes excelentes. Se você faz mais ou menos porque é comédia, não é que o público vai enjoar, o público vai achar ruim".

Já Lúcio Mauro Filho aposta na mistura da comédia com outros gêneros, fórmula escolhida por "Vai que Dá Certo 2", que mescla humor com ação nas confusões em que Rodrigo (Danton Mello), Tonico (Felipe Abib) e Amaral (Fábio Porchat) se envolvem após tentarem ganhar dinheiro com um vídeo comprometedor protagonizado pelo vilão Elói (Vladimir Brichta).

"No nosso caso, a gente une o estilo policial com a ação e mesmo com drama. Nós temos situações muito humanas dentro do filme, mesmo com toda a palhaçada. Você tem separação, amizade, questões familiares. Acho que esse é o próximo salto: você sair da comédia pura e simplesmente pastelão, pura e simplesmente farsesca, para uma comédia que traz elementos de outros gêneros. Acho que esse é um bom jeito de diversificar nossa comédia", afirma Mauro Filho.

Para o diretor Maurício de Farias, a comédia nunca se esgotará como gênero. "Talvez porque essa aceitação aconteça no teatro, no cinema, na TV, a gente fique achando que o público vai enjoar, mas a verdade é que a comédia é o gênero que mais atrai público nessas três atividades. Acho que existem comédias e comédias: nonsense, de situação, farsesca, comédia romântica. Para cada caminho desses, você tem muitas possibilidades de realização."

Ele ressalta, assim como os atores, que é importante que a comédia seja bem feita. "Fazer comédia não é uma coisa simples e leve como parece. É preciso de muito trabalho para você fazer rir, diria que o mesmo trabalho que para fazer chorar", diz, acrescentando: "Mesmo as comédias mais populares, as mais simples, que o público reconhece e gosta, têm por trás algum trabalho interessante".

Cinema vs. TV?

As comédias nacionais do cinema também têm em comum o fato de serem produzidas e protagonizadas por profissionais vindos da televisão --onde as produções do gênero também são abundantes. Maurício de Farias, que também é o nome por trás do novo "Zorra" e do "Tá No Ar", programas da Globo, acredita que é importante respeitar as particularidades de cada plataforma, incluindo os tamanhos das telas e a forma como o espectador se relaciona com cada uma delas.

"As pessoas desenvolveram características dessas narrativas, conceitos que julgam mais adequados ou não. Com certeza, essas diferenças são latentes e é importante você observar isso na hora de fazer as escolhas de um trabalho. Quanto mais você se aproveitar disso, melhor, porque você está de acordo com a plataforma em que está trabalhando".

Assim como o diretor, Porchat também acredita que as diferenças de plataforma influenciem bastante na forma como o público se relaciona com elas. "O cinema privilegia muito o silêncio, a imagem. Já na TV, a pessoa liga e vai para cozinha, se fica silêncio ela acha que queimou a TV. No cinema, não precisa falar o tempo todo porque a pessoa está numa sala escura olhando aquele negócio imenso".

Como ator, Lúcio Mauro Filho não vê tanta diferença no humor que faz para a TV, o cinema ou o teatro. "Eu procuro, acima de tudo, estar alinhado com o meu diretor, com os atores. Eu sou essencialmente um ator de grupo, minha vida inteira foi em grupo", diz. "Acho que a diferença está no grupo, nas pessoas com quem você está trabalhando, e no tesão que você tem pelo projeto que está encarando".