Mulheres são ainda mais prejudicadas no Oscar fora de categorias de atuação
Um estudo do grupo Women's Media Center (WMC), que acompanhou o Oscar por dez anos, concluiu que mulheres representam apenas 19% das indicações fora das categorias de atuação (melhor atriz e melhor atriz coadjuvante). E a culpa por um número tão inexpressivo seria da indústria do cinema, que não contrata muitas mulheres para cargos como de direção, roteiro ou edição, por exemplo.
De acordo com o estudo, mulheres que trabalharam por trás das câmeras receberam 327 indicações ao Oscar entre 2006 e 2015. O número corresponde a menos de 1 em cada 5 indicados no mesmo período. Nas 19 categorias estudadas, os homens foram indicados 1.387 vezes. Em 2016, as mulheres receberam 22% das indicações, uma marca considerada alta se comparada ao observado nos dez anos estudados, O número, porém, ainda é bastante inferior a porcentagem de mulheres na população.
"Há uma clara conexão entre o baixo número de mulheres contratadas pela indústria e a pequena representatividade no Oscar", explica Julie Burton, presidente do instituto. "Se elas não forem contratadas para os cargos de bastidores do filme, não tem como serem reconhecidas", conclui.
O estudo também apontou que se mais mulheres trabalhassem na indústria, os concorrentes ao Oscar refletiriam melhor a realidade do público, do qual mais da metade é feminino.
"Mulheres no cinema, especialmente as negras, continuam a enfrentar os obstáculos da discriminação. Hollywood ainda é um clube do Bolinha", opinou Jane Fonda. A veterana atriz é uma das fundoras do WMC, grupo que conduziu a pesquisa.
Em 88 anos da história do Oscar, mulheres nunca foram indicadas na categoria fotografia. Elas estão mais representadas em áreas como figurino, desenho de produção, curta-metragem e documentários.
De 2006 a 2015, mulheres foram 24% dos indicados para melhor filme e 13% para roteiro original e roteiro adaptado. Neste ano, mulheres ganharam quatro indicações de melhor roteiro, o maior número desde 2007.
História
Em 2010, a cineasta Kathhryn Bigelow fez história no Oscar como a primeira mulher a ganhar uma estatueta de melhor direção por "Guerra Ao Terror". Ela concorria na categoria com nomes como James Cameron ("Avatar"), Quentin Tarantino ("Bastardos Inglórios"), Lee Daniels ("Preciosa") e Jaison Reitman ("Amor Sem Escalas").
Na mesma noite, Bigelow ainda dividiu o principal prêmio da noite, o de melhor filme, com os produtores Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro.
Pesquisas da época já apontavam o baixo número de mulheres envolvidas nos bastidores do cinema e houve uma grande discussão sobre o tema. Seis anos depois, pouco mudou e o cenário segue desanimador.
Debate volta à tona
Há cerca de um mês, a Academia anunciou mudanças significativas em suas regras para que possa dobrar o número de mulheres e minorias entre os votantes do Oscar até 2020. A ação veio depois do manifesto de vários artistas contra o baixo número de negros indicados nos últimos anos.
Os diretores Spike Lee e Michael Moore e o casal de atores Jada e Will Smith são apenas alguns nomes que já anunciaram boicote à cerimônia do Oscar neste ano.
Entretante, há um consenso de que o problema maior está na indústria do cinema, e não na Academia. A presidente Cheryl Boone Isaacs chegou a declarar que a Academia tomaria frente ao problema em vez de esperar a indústria agir ao anunciar mudanças.
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