No papel de vilão, Lázaro Ramos confessa: "sempre fugi da vilania"
Diante do convite em viver seu primeiro papel de vilão no cinema, o ator Lázaro Ramos ponderou se seria o momento de tentar experimentar a violência em seu trabalho. "Sempre fugi um pouco desse papel da vilania. Senti que era hora", contou o ator, em conversa com jornalistas sobre o filme "Mundo Cão", nesta segunda-feira (7).
No novo longa de Marcos Jorge ("Estômago"), Lázaro é um cruel ex-policial e bicheiro que tem seu cão recolhido por Santana (Babu Santana), funcionário do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. O ano é 2007, antes da lei que proíbe o sacrifício de animais abandonados.
Quando Nenê descobre o paradeiro do cão, já é tarde, e num momento de explosão promete vingança ao funcionário público. "Ele é muito impulsivo, mais apaixonado por futebol e por cachorro do que pelo ser humano. Entender como o personagem chega nesse limite foi um processo", diz Lázaro.
O filme aborda justamente a violência banal que atinge seus personagens, testando suas personalidades e o senso de justiça.
O diretor conta que o elenco passou por processos semelhantes. Adriana Esteves, no papel de uma evangélica, visitou uma igreja para ficar próxima de sua personagem. "Fui com o Babu em uma igreja aqui em São Paulo e saímos de lá dançando [com o louvor]", conta. Mas ela confessa que lamentou quando ficou sabendo que sua personagem seria mais "certinha". "Achei que eu beijaria o Lázaro", brinca.
Tão importante quanto o elenco foram os cachorros usados para a filmagem. Na história, eles servem de metáfora para falar da sociedade violenta. O treino levou seis meses antes do início das filmagens. "Não basta só treiná-lo. É muito fácil fazer um cachorro fofo, mas ele parecer agressivo é extremamente difícil. Tudo foi truque", conta o diretor.
Em um momento em que a questão da representatividade dos negros no cinema tomou proporções gigantescas, levando o Oscar a se retratar pela falta de indicados não-brancos, o fato de ter Lázaro e Babu em papéis antagônicos, mas de mesmo protagonismo, foi levantado na conversa. O diretor, no entanto, foi categórico: "Eu não escolhi eles por serem negros. É porque eles são dois dos maiores atores do Brasil".
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