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Produtora de "Alice" diz que Disney não esperava lucro com trama feminista

James Cimino

Colaboração para o UOL, em Los Angeles

29/03/2016 18h34

Seis anos depois de Tim Burton lançar "Alice no País das Maravilhas", a sequência da história criada por Lewis Carroll vai finalmente chegar aos cinemas. "Alice Através do Espelho", que tem direção de James Bobin e acaba de um ganhar um novo trailer, estreia no dia 26 de maio e vai discutir, por meio da metáfora de um jogo de xadrez, a inexorabilidade do tempo e a impossibilidade de reviver o passado ou de alterar o futuro.

A demora em lançar a nova adaptação tem uma explicação: "ninguém esperava que o primeiro filme gerasse tanto lucro", disse ao UOL a produtora Suzanne Todd. "Parecia louco, naquele momento [2010], que isso acontecesse em um filme sobre empoderamento feminino. Lucrar US$ 1 bilhão? Ficamos chocados. E Tim [Burton] disse que não queria fazer outro filme porque é um tipo de longa muito difícil de fazer".

"Alice Através do Espelho" levou três anos para ficar pronto --normalmente, a produção de um filme regular dura cerca de um ano. "Em um filme com computação gráfica você passa muito tempo construindo as coisas no computador. Enquanto você está filmando, você também está constantemente preparando material Este filme levou três anos de trabalho, todo dia, três horas de revisão de efeitos especiais, revisão de mixagem de som, trilha sonora, que foi gravada nos estúdios da Abbey Road em Londres".

"Viagem" de Carroll

Uma das teorias que rondam constantemente o universo de Lewis Carroll é a de que as histórias de que envolvem Alice no País das Maravilhas sejam viagens de ácido do autor. Para o diretor, a ambiguidade existe e será mantida no novo filme, ainda que ele veja na personagem semelhanças com as sufragistas que lutaram na Inglaterra vitoriana pelos seus direitos civis.

"A Alice é uma nova geração no tempo. Se você pensar sobre o nascimento da verdadeira Alice, que foi em 1850, ela cresceu na mesma década que a sufragista Emmeline Pankhurst. Eu vejo paralelos entre elas. E eu acho que Lewis Carroll reconhecia essas características nela. Então, no filme a Alice é muito consciente de que ela pode fazer o que ela quiser, e não o que a sociedade espera que ela faça."

Outro aspecto que Bobin desenvolve na narrativa é a comédia. "Eu sempre vi Lewis Carroll do ponto de vista da comédia, porque para mim para mim ele é um autor de comédia satírica. E ele é o pioneiro desse tipo de humor inglês que originou coisas como Monty Phyton. E é essa característica dele que quis imprimir ao filme."

Em "Alice Através do Espelho", Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska e Helena Bonham Carter retornam ao elenco, enquanto Tim Burton atua como produtor executivo. Entre os novos personagens estão o pai do chapeleiro Zanik Hightopp (Rhys Ifans) e o Tempo (Sacha Baron Cohen), uma criatura que é parte humano, parte relógio.