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Sucesso de bilheteria e crítica, J.J. Abrams é o Spielberg do século 21

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

06/04/2016 06h00

J.J. Abrams não para. Após dirigir, produzir e escrever o último filme da saga “Star Wars” (que arrecadou mais de US$ 2 bilhões nas bilheterias), o cineasta volta à cena como produtor de “Rua Cloverfield, 10”, que estreia nesta quinta-feira (7) no Brasil.

Responsável por uma nova maneira de se fazer blockbusters nos últimos anos, que remete ao auge da criatividade nesse filão de cinema (nos anos 1970 e 1980), Abrams já é comparado a Steven Spielberg, cujo reconhecimento e revolução na maneira de se fazer cinema foram essenciais para Hollywood nas décadas seguintes.

Além de sucesso garantido e produções de qualidade, os cineastas dividem o gosto por suspense, ficção científica e thrillers emocionantes. Veja a seguir o que ambos têm em comum.

Luz, câmera... Spielberg

Spielberg começou sua carreira ainda na década de 1970, dirigindo alguns filmes para televisão e curtas. O sucesso começou com o assustador “Tubarão”, de 1975, que apresentou uma nova forma de suspense e já mostrou quase tudo o que viria pela frente: produções realistas, uso magistral da sonoplastia e sucesso de bilheteria.

O primeiro sucesso comercial de Steven Spielberg é "Tubarão", de 1975, filme considerado um dos primeiros blockbusters hollywoodianos. A trama transformou o tubarão em uma das criaturas mais temidas do planeta - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Na década seguinte, o talento do diretor criou outras obras-primas como “E.T - O Extraterrestre”, a marca "Indiana Jones", e “A Cor Púrpura”, que juntos arrecadaram mais de US$ 1,2 bilhão.

Os anos 1990 também foram proveitosos. Filmado em preto e branco, o pesado “A Lista de Schindler”, de 1993, rendeu o primeiro Oscar de direção para o norte-americano. No mesmo ano, o sucesso de "Parque dos Dinossauros" (filme do diretor que mais arrecadou nas bilheterias, ultrapassando a marca de US$ 1 bilhão) mostrou a evolução daquele cineasta iniciante de "Tubarão". E, cinco anos depois, ele levantaria mais uma vez o prêmio principal do cinema com “O Resgate do Soldado Ryan”.

Na década de 2000, Spielberg focou cada vez mais em ambientes futuristas, grandes robôs que invadem o planeta Terra e a luta entre o homem e a inteligência artificial, lucrando mais de US$ 1,5 bilhão.

J. J. Abrams “perdido”

O cineasta de 52 anos ganhou notoriedade com a série “Lost”, de 2004. O sucesso estrondoso da produção criada, escrita, dirigida e produzida por ele abriu as portas para o norte-americano. O primeiro papel na direção de uma produção hollywoodiana foi em "Missão Impossível 3", de 2006, que revitalizou a série.

2.  "Lost" (2004-2010) é uma série que conta a história dos sobreviventes a uma queda de avião. No decorrer da história são revelados segredos sobre a vida dos sobreviventes - Reprodução/headstuff - Reprodução/headstuff
Imagem: Reprodução/headstuff

Entre superproduções, o cineasta ainda produziu um megassucesso indie: "Cloverfield", de 2008, lançado com grande mistério, atraiu uma legião de fãs e e arrecadou quase sete vezes seu orçamento, de US$ 25 milhões , alcançando US$ 170 milhões em todo o mundo.

O próximo passo de Abrams foi ousado. "Star Trek", de 2009, apresentou uma evolução na série e agradou tanto aos críticos quanto aos fãs. O sucesso foi tamanho que a sequência veio quatro anos depois, com outra superprodução aclamada. Ambos os filmes conseguiram US$ 852 milhões nos cinemas mundiais.

Nesse meio tempo, Abrams explorou as séries televisivas, que cada vez mais crescem em popularidade e produção. "Alcatraz", "Fringe" e "Person of Interest" foram responsabilidade da Bad Robot, produtora do cineasta.

Mas foi no ano passado que J. J. Abrams consolidou seu nome como sucessor natural de Spielberg. "Star Wars: O Despertar da Força" abalou o mundo com o retorno da franquia. Os bilhões de dólares arrecadados em bilheterias e produtos relacionados ao filme impulsionaram a saga para expandir ainda mais a marca.

Unindo forças

As trajetórias dos dois cineastas não só seguem em paralelo como também já se cruzaram. Apaixonado por ação, mistério e ficção científica, Abrams decidiu chamar Steven Spielberg para produzir "Super 8", de 2011, consolidando a parceria entre o nerd do passado e o do presente. O filme também não deixa de ser uma homenagem ao veterano, com inúmeras referências a suas produções dos anos 1980. 

Enquanto o vencedor do Oscar explorou a vinda de seres extraterrestres em "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", de 1977, e falou da antiga história do escritor H.G Wells em "Guerra dos Mundos", de 2005, Abrams coloca a modernidade para atualizar sagas antigas e procura cada vez mais explorar a tecnologia presente no cotidiano.

O mundo caótico apresentado em "Guerra dos Mundos" virou um found footage gravado com uma câmera de mão em "Cloverfield", de 2008. Abrams produziu o filme (considerado de baixo orçamento para os padrões de Hollywood) e impressionou com a qualidade do projeto.

O novo "Rua Cloverfield, 10", que conta com uma produção maior, apresenta um outro enredo, em que três pessoas estão escondidas em um porão, enquanto algo sombrio aguarda do lado de fora. Desde a estreia nos Estados Unidos e em países da Europa, no dia 11 de março, o filme já arrecadou US$ 82,5 milhões.