Equipe de "Rua Cloverfield" aposta em mais filmes com "dedo" de J.J. Abrams
No canto direito da imagem que serve de pano de pôster e cenário das entrevistas em vídeo com diretor e parte do elenco de "Rua Cloverfield, 10" (assista no topo da página), destaca-se uma casa de três andares, aparentemente um detalhe a mais na paisagem, um fim de tarde com o céu mais escuro do que o normal no sul dos Estados Unidos. Pois é justamente o endereço do casarão que dá título ao novo filme do diretor Dan Trachtenberg, uma produção de J.J. Abrams, a partir de hoje nos cinemas brasileiros. Além do endereço, a referência direta é ao filme que, oito anos atrás, surpreendeu crítica e público a partir da história de um monstro decidido, sabe-se lá o motivo, a destruir Manhattan.
"Cloverfield" (2008)
No trailer do filme original, lançado em julho de 2007, então sem título definido, via-se jovens animados em uma festa dando adeus a um certo Rob, de mudança para o Japão, em imagens capturadas por uma câmera de vídeo encontrada por militares americanos anos depois dos eventos retratados. O aspecto documental e a câmera em constante tremelicar logo se tornariam marca registrada.
Seis anos depois dos ataques terroristas a Nova York, as imagens de uma Manhattan novamente em chamas, desta vez sob ataque, e de moradores correndo atabalhoadamente ainda ignorando a existência de um monstro digno de filmes B de ficção científica, garantiram bilheterias polpudas à produção de baixíssimo orçamento para os padrões de Hollywood. Quem é capaz de esquecer a imagem final do trailer, com a cabeça da Estátua da Liberdade, decepada do corpo, deslizando pelas ruas do baixo Manhattan?
"Rua Cloverfield, 10" (2016)
Pois “Rua Cloverfield, 10” passa longe do estilo documental do primeiro filme, igualmente produzido por Abrams. Também deixa Nova York para trás e sequer se sabe se a trama iniciada com a partida de Michelle (Mary Elizabeth Winstead) de Nova Orleans acontece simultaneamente aos ataques a Manhattan no filme lançado há oito anos. Ainda assim, funciona como um par de vasos se colocado ao lado do original.
"O interessante na narrativa do primeiro 'Cloverfield' (dirigido por Matt Reeves) é que ele foi todo apresentado em primeira pessoa. O novo é mais tradicional em sua maneira de filmar, mas para mim foi importante perceber que estava sendo experimental também, no sentido de que ele é todo formatado a partir das experiências da personagem principal, a Michelle vivida por Winstead", diz o diretor, em entrevista exclusiva em vídeo ao UOL (assista no topo da página).
Considerado por Abrams uma sequência espiritual de “Cloverfield”, o diretor e os dois protagonistas (Wistead e John Gallagher Jr. que interpreta Emmett) não sabem se haverá, no futuro, um traço de união mais claro entre “Rua Cloverfield" e o primeiro longa. Mas os três apostam em mais filmes batizados com o mesmo carimbo. E com o dedo de J.J. Abrams.
"J.J. foi mais presente ainda no processo de pós-produção de 'Rua Cloverfield' do que durante as filmagens, já que ele estava dirigindo, à época, o mais recente 'Star Wars'. Ele foi fundamental, especialmente, para imprimir um ritmo de narrativa muito próprio do 'Cloverfield' original, algo que o público, aposto, vai identificar como sendo uma característica dos dois filmes", explica o diretor.
Suspense e terror
Saudado por unanimidade pela crítica americana, o primeiro longa de Trachtenberg é dividido em três tomos e conta ainda com John Goodman em um dos papeis principais. Seu Howard, a Michelle de Winstead e o Emmett de Gallagher Jr. aparecem juntos em um refúgio nuclear construído pelo primeiro com o objetivo, ele diz, de “proteção contra o holocausto que ocorreu lá fora”. Michelle e Emmett não sabem se estão de fato sendo protegidos ou se à mercê de alguém com alguns parafusos a menos na cachola.
"Eu adorei o roteiro. Adorei a personagem. Fiquei fascinada pelo suspense e pelo terror, mas também pelo drama psicológico que o texto sugere. E ele é, também, um filme de aventura, centrada em uma viagem tão louca quanto divertida da Michelle. E mais não conto!", diz a atriz.
Os dois primeiros atos dão conta da apresentação gradual dos três personagens - mas nada é entregue de bandeja - e da tentativa da dupla de personagens mais jovens de escapar de uma casa possivelmente assombrada por seu próprio dono. Ou não. Tudo vira um assustador jogo de espelhos em que cabe ao público decidir, a partir de pistas oferecidas durante a trama, quem está falando a verdade.
"Quando li o roteiro pela primeira vez, o que me impressionou é que ‘Rua Cloverfield’ é aquele ‘falso simples’, sabe? Parece uma história comum, com três pessoas presas em uma casa. Mas em cada página havia mais uma surpresa, mais uma suspeita. Uma das coisas que eu mais gosto no filme é que o público tem ideias, teorias. Cada um acredita estar vendo uma trama diferente, as teorias de conspiração abundam e é exatamente isso que queríamos", diz John Gallagher Jr.
Seu Emmett surge com um braço quebrado e não se sabe ao certo como ele foi parar na casa. Se é amigo ou parente de Howard ou se poderá se tornar um parceiro de Michelle. A atriz se diverte com as especulações.
"Não quero entregar para o público o que acontece na metade final do filme, o que há dentro e fora da casa, mas certamente há algo que representará uma grande mudança na narrativa. Mas quero guardar os detalhes para os espectadores não chegarem ao cinema com ‘spoilers’ e perder o deslumbramento de descobrir o que de fato está acontecendo na Rua Cloverfield", diz Winstead,
Com o roteiro estruturado como se fosse uma peça teatral, “Rua Cloverfield, 10” explode no ato final, quando finalmente se vê o mundo lá fora - ou o que restou dele - com surpresas e presenças ilustres de se tirar o fôlego dos fãs do primeiro filme.
"Para mim, dentro ou fora da casa, o filme é uma história só, integral. O importante é que, não importa o que vai acontecer, você está sempre ao lado da protagonista, descobrindo os meandros da trama com ela, através dela. É muito parecido com Ellen Ripley ou Sarah Connor, com ‘Alien’ ou ‘O Exterminador do Futuro’, você está acompanhando a protagonista nesta viagem até o fim", diz o diretor.
Winstead diz que o fato da protagonista do filme ser uma mulher - em oposição ao grupo de amigos do “Cloverfield” original - faz da sequência uma produção mais próxima de seu tempo. "A protagonista é uma mulher, embora ela não precisasse ser uma mulher! Não há estereótipos aqui, não temos a mulher que corre para lá e para cá, insegura em busca da proteção do protagonista, o que você tipicamente vê em filmes deste gênero. Michelle é uma mulher forte e incrivelmente atlética, que passa o filme todo tentando descobrir como sobreviver àquela situação", diz.
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