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Glória Pires opina: "Hoje eu posso dizer que sou contra o impeachment"

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

15/04/2016 13h55

No meio de um bombardeio de informações e polarização política, o meme involuntário "não sou capaz de opinar", que viralizou após Glória Pires comentar o Oscar 2016, se tornou uma resposta efetiva a quem não consegue tomar um partido. "Mentir, inventar, isso é negativo. Para você assumir que não é capaz de opinar, você tem que saber muito quem você é", diz a atriz ao UOL.

Avessa a declarações políticas, Glória, no entanto, não usou do próprio bordão para comentar o processo de impedimento do governo da presidente Dilma Rousseff. Desta vez, ela tem uma opinião: "Hoje eu posso dizer que sou contra o impeachment".

A atriz revela que tem lido bastante sobre o assunto e que a opinião do ex-ministro e filósofo Mangabeira Unger a ajudou na avaliação. "Me parece, tendo lido bastante a respeito, que não é um bom caminho a se tomar. Me parece que não vai facilitar as coisas como as pessoas estão achando."

O clima no país é assunto óbvio no momento em que Glória se prepara para voltar aos cinemas, na próxima quinta-feira (21), no papel da psiquiatra Nise da Silveira, em "Nise - O Coração da Loucura", dirigido por Roberto Berliner.

O longa mergulha na abordagem revolucionária de Nise com pacientes no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro 2º, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, após ter passado 18 meses presa, durante o Estado Novo, por posse de livros marxistas.

Me parece, tendo lido bastante a respeito, que não é um bom caminho a se tomar. Me parece que não vai facilitar as coisas como as pessoas estão achando

Aluna de Carl Jung, Nise usou a arte para tratar pacientes considerados incompreensíveis e lutou para abolir tratamentos violentos, como a lobotomia e o eletrochoque.

"Ela foi presa sem processo, ficou quase dois anos na cadeia", observa Glória. "Talvez [hoje] ela estivesse estarrecida em ainda não conseguirmos nos comunicar. Talvez o radicalismo fosse uma coisa que a deixasse estarrecida. O que ela propunha [no trabalho dela] era o oposto, era compreender as diferenças."