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Documentário "O Começo da Vida" tem exibição gratuita por quatro dias

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

05/05/2016 13h19

"Um menino nasceu - o mundo tornou a começar". A frase é de "O Grande Sertão Veredas", de João Guimarães Rosa, mas também resume o espírito de "O Começo da Vida", documentário de Estela Renner ("Muito Além do Peso"), que chega aos cinemas nesta quinta-feira (5).

Para democratizar o acesso ao conteúdo, a produtora do longa articulou uma ação com algumas marcas para exibição gratuita do filme de quinta (5) a domingo (8) em 20 cidades do Brasil. Basta retirar o ingresso na bilheteria do cinema. Nas cidades em que o filme não estiver em cartaz, o VIDEOCAMP (plataforma digital de exibição de streaming), liberou o acesso gratuito.

Ao se concentrar no impacto que o cuidado com a primeira infância pode ter na sociedade, o filme também renova esperanças em relação a novas gerações. "Está todo mundo desesperado por algo que comece a história de novo", disse a diretora ao UOL.

Diretora e equipe percorreram nove países e conversaram com 50 famílias e 60 especialistas. Para além das diferenças culturais, o filme aponta para um caminho único: o de que a criança não é formada apenas por sua genética, mas também pelas primeiras interações com o meio onde vive. "A gente apostou no recorte das relações com a mãe, o pai, os avós, com o brincar, as histórias. Tudo isso pensando na construção da humanidade".

Uma das entrevistas é a modelo e empresária Gisele Bündchen que, segunda a diretora, topou falar por ser muito preocupada com a maternidade. "Ela diz que quer escutar seus filhos, enxergar. Depois conhecemos outra mãe, com um passado muito doloroso de violência doméstica, uso de drogas, e ela diz que quer poder escutar os filhos. Até o gesto e expressão são os mesmos. Viajamos pelo mundo para mostrar que queremos as mesmas coisas para as próximas gerações", conta.

Nessa costura entre teoria e prática da formação de uma pessoa, o filme une o afeto e a razão, segundo a diretora. "O que os especialistas contam é que as conexões cerebrais só ficam permanentes se acontecerem na experiência afetuosa". Um experimento feito pela especialista Patricia Kuhl mostrou que bebês em contato com uma professora de mandarim uma vez por semana aprendiam muitas palavras naquela língua. O mesmo não acontecia com crianças expostas ao mesmo conteúdo transmitido em um televisor, por exemplo.

Empatia e cultura de paz

Com o filme feito em parceria com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e outras instituições que trabalham no desenvolvimento infantil, a diretora gostaria que a produção atuasse na empatia e na cultura de paz. "A gente acredita que se a gente mudar o começo da história, a gente muda a história inteira. O filme tem um tom inspiracional e não de julgamento. Ele é uma semente, um embrião, para de repente lançar novos traços culturais", contou.

Apesar de vivermos em tempos apocalípticos, Renner quis fazer um filme otimista, até para atrair coisas boas. "Acho tão importante imaginar o mundo que a gente quer para os nossos filhos. A gente tem que lançar imagens do que a gente quer e não do que a gente não quer", contou. 

Veja sessões do filme nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba