Em 2016, só deu Mariana Ximenes no cinema. E vai ter mais

"Tive insônia essa noite", confidencia Mariana Ximenes ao chegar para falar sobre o filme "Uma Loucura de Mulher", do qual é protagonista e produtora associada. O longa chega aos cinemas nesta quinta (2), mesma semana em que estreia também como protagonista de "Haja Coração", novela global que faz releitura de "Sassaricando" (1987-1988). "Tá sendo um momento intenso e muito tenso. Estou bem ansiosa com tudo", revela.

Apesar do momento tenso, Mariana Ximenes só está em tantas funções porque tomou uma posição ativa para isso. Em entrevista recente, ela havia contado que, mesmo consagrada na TV há mais de 10 anos, ainda é difícil ser chamada para trabalhos no cinema. "Por isso resolvi agir".

Ação e produção

Nos últimos três anos, Mariana decidiu buscar projetos que a desafiem como atriz e em que, em alguns casos, também possa atuar como produtora. "Eu sou muito curiosa sobre todas as funções num set, então o aprendizado foi grande. É uma função prazerosa e também desgastante. O mais importante é se cercar de bons profissionais que têm entrosamento", diz.

O diretor do longa, Marcus Ligocki Júnior, afirma que o papel de Mariana como produtora associada foi essencial para a trama. "Como também sou roteirista desse filme em que a protagonista é uma mulher, tive medo de que ficasse um olhar masculino. Então foi essencial ter a sensibilidade da Mariana na construção dessa história".

Ao participar de várias etapas da produção, inclusive na captação de recursos, Mariana também foi levada a refletir sobre a importância de haver um Ministério da Cultura, que chegou a ser eliminado no início do governo do presidente interino Michel Temer. "A educação também passa pela criação de identidade cultural do país. Sem cultura, para onde isso vai? Foi muito interessante também o movimento que aconteceu no Capanema [O palácio Gustavo Capanema, no Rio, foi ocupado por manifestantes contrários ao fim do Ministério da Cultura]. Foi pelo Ministério da Cultura, mas também foi pela democracia". 

De escritora à "bela, recatada e do lar"

A atriz só não fazia ideia que toda essa pró-atividade de anos no cinema desembocaria em 2016. O ano começou com a estreia de "Zoom", em que atua em inglês ao lado de Jason Priestley, estrela de "Barrados no Baile". Depois veio "Prova de Coragem", adaptação do livro "Mãos de Cavalo", de Daniel Galera, e agora "Uma Loucura de Mulher", em que vive Lúcia, a mulher de um candidato a governador "bela, recatada e do lar", que decide virar a mesa depois de ser assediada.

Até o fim do ano ainda devem estrear "Um Homem Só", do qual também é produtora, e "Os Penetras - Quem Dá Mais?". Os gêneros dos filmes são variados: há comédia, drama, comédia romântica. "Eu tento [variar] para me desafiar mesmo, experimentar outros gêneros, outras linguagens. Acho que isso aumenta meu vocabulário, de atuação e de convívio".

A atriz diz que o papel de "Uma Loucura de Mulher" vem em boa hora, em que as mulheres estão pedindo por mais voz e respeito. "Ela sofre 'gaslighting' [uma forma de abuso psicológico no qual se distorce a realidade para que a vítima acredite que está louca ou desequilibrada]. O marido a interrompe, expõe e não a defende. Para nós mulheres, isso é imperdoável. Desde Simone de Beauvoir vem a onda das mulheres se mobilizarem e ganharem cada vez mais voz. Essa personagem é uma mulher que ganhou força e resolveu chacoalhar, se questionar".

O que vem por aí 

"Um Homem Só" (estreia: 15 de setembro)

Ximenes vive a impulsiva Josi, zeladora de um cemitério de cachorros que vai cruzar a vida de Arnaldo (Vladimir Brichta). Ele é um homem infeliz no casamento e no trabalho. Para tentar resolver seus problemas, ele procura uma clínica que promete copiar as pessoas para livrá-las da vida que levam.

"Os Penetras - Quem dá Mais?" (estreia: 3 de novembro)

No filme, ela repete o papel de Laura de "Os Penetras" (2012), jovem sedutora que usa artifícios para circular pelas altas rodas da sociedade carioca. O filme ainda tem Eduardo Sterblitch e Marcelo Adnet no elenco.

"Quase Memória" (estreia: em breve)

O filme do cineasta Ruy Guerra é baseado no livro do escritor Carlos Heitor Cony. No elenco estão atores João Miguel, Antônio Pedro, Tony Ramos, entre outros nomes. Carlos (Charles Fricks) é um jornalista que, em um dia qualquer, recebe um pacote diferente. Ele nota que o remetente é seu próprio pai, Ernesto (João Miguel), que morreu há alguns anos. Espantado, Carlos fica em dúvida se deve ou não abrir o pacote. Enquanto isso, relembra divertidas memórias que teve ao lado do pai.

"O Grande Circo Místico" (estreia: em breve)

O filme de Cacá Diegues conta a história de cinco gerações de uma mesma família circense. Ximenes vive uma trapezista.  "É um filme pesado, um dramão. Ela tem uma vida muito amarga, muito dolorosa", adiantou a atriz.