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Novo "Ben-Hur": As provações físicas e espirituais de Jack Huston e Santoro

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

17/08/2016 14h46

Tudo em "Ben-Hur", de 1959, foi grandioso. Teve o maior orçamento até então (US$ 15,2 milhões), recorde de Oscar (11 estatuetas) e a maior arrecadação de bilheteria daquele ano (US$ 146,9 milhões). Agora, quase 60 anos depois, o diretor russo Timur Bekmambetov encontrou uma maneira de respeitar o legado daquela produção ao recontar a historia em 2016: levar os atores aos limites físicos e emocionais e investir no realismo.

Na nova adaptação, Judah Ben-Hur (Jack Huston) e Messala (Toby Kebell) vivem como irmãos na mesma casa, apesar de Messala ter sido adotado. Sem sentir-se da família, Messala parte e volta como oficial romano. Uma série de mal-entendidos e ressentimentos destrói a família de Judah, o transforma em escravo e prende sua família. Judah, então, parte em busca de libertação e vingança.

Tudo foi real na icônica corrida das bigas: os cavalos, a pista, os competidores, a torcida. Ao UOL, Jack Huston contou que sentiu medo. Foram seis semanas de filmagens, e mais de uma só para ele se acostumar com os cavalos.

"Eram 32 cavalos na pista. Depois que você aprendia a ficar em pé, você tinha que se lembrar de atuar. Foi real e assustador, mas, ao mesmo tempo, te dá uma sensação de liberdade", lembrou Huston, que revive o papel que já de Charlton Heston no filme original.

Para Huston, a realidade é necessária em tempos em que ninguém se impressiona mais com tantos efeitos especiais. "Se tudo for efeito, o público não dá a mínima. As pessoas querem ver as ações e ter a experiência disso". 

Cena do filme "Ben-Hur" - Reprodução - Reprodução
Toby Kebbell e Jack Huston na cena das bigas em "Ben-Hur"
Imagem: Reprodução
As versões de "Ben-Hur" para o cinema são adaptações do romance de Lew Wallace, escrito em 1880. Apesar de não ser uma história bíblica, a história foi ambientada nos tempos em que Cristo estava na Terra, no ano 26. E para o papel de Jesus foi escalado Rodrigo Santoro, que também passou por suas provações físicas e espirituais. 

Santoro lembrou que havia nevado no dia anterior às filmagens da crucificação, quando encenou seminu. Ele descreveu o trabalho como desesperador. "Pedi para fazer um take longo porque ia ser muito sofrido ter que sair dali, me esquentar e congelar de novo. A experiência de ser crucificado é fortíssima".

Além da provação física, ele disse ao UOL que sentiu a necessidade de fazer um "mergulho espiritual vertical" para viver Cristo. "É tão difícil como ser humano amar seu inimigo ou tomar um tapa na face esquerda e dar a direita. E eu me propus a fazer essas coisas como exercício e me deparei com as paredes da minha humanidade, naturalmente", filosofou.

Santoro também viveu uma experiência inédita no filme, já que o Cristo da versão de 1959 não mostrava a face. "Foi um processo bem esquizofrênico para te falar a verdade, que também fazer parte do processo de criação do ator".

Com orçamento de US$ 100 milhões, a nova versão tem no elenco o eterno Deus Morgan Freeman, como Sheik Ilderim, o homem que resgata Ben-Hur e o ensina a domar os cavalos.