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Ela cresceu! Em alta, caçula da família Fanning estreia em papel adulto

"Malévola" - Reprodução/Walt Disney Pictures - Reprodução/Walt Disney Pictures
"Malévola" (2014)
Imagem: Reprodução/Walt Disney Pictures

Carlos Helí de Almeida

Colaboração para o UOL, em Cannes (França)

30/09/2016 12h43

Elle Fanning está encerrando muitos ciclos este ano, e vislumbrando o início de vários outros à frente. A estrelinha de “Super 8” (2011) completou 18 anos em abril, terminou o ensino médio em maio e está adiando, por enquanto, o sonho da faculdade para investir mais seriamente na carreira em cinema. “Um dos meus planos mais sólidos é o de dirigir um filme. Já escrevi um primeiro argumento, separei fotos e reportagens sobre a história que quero contar, mas ainda estou bem no início do processo”, disse a atriz americana em entrevista ao UOL, durante o Festival de Cannes, onde foi acompanhar a estreia mundial de “Demônio de Neon”, seu mais novo filme.

Elle Fanning em cena de "Demônio de Neon" (2016) - Divulgação - Divulgação
"Demônio de Neon" (2016)
Imagem: Divulgação

Dirigido pelo polêmico dinamarquês Nicolas Winding Refn e ambientado no mundo da moda, “Demônio de Neon” pode ser visto como um símbolo desse momento de transição de Elle. No filme, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, ela interpreta Jesse, ingênua adolescente de uma pequena cidade da Georgia, que chega a Los Angeles decidida a ser modelo e logo vira sensação das passarelas da Califórnia. À medida que, em nome do sucesso, cede às tentações do trabalho, a jovem vai se despindo de seu temperamento de garota do interior, despertando a inveja de outras mulheres que farão qualquer coisa para possuir sua vitalidade e juventude.

“Há alguns aspectos mais pessoais que eu trouxe para o filme, que era algo que o Nicolas queria”, contou a atriz. “Como Jesse, eu vim da Georgia. Tinha dois anos quando cheguei a Los Angeles com os meus pais, que foram para lá acompanhar a carreira da minha irmã (Dakota Fanning), que tinha ganhado um papel em ‘Uma Lição de Amor’ (2001). Então entendo o olhar de alguém que está vendo a cidade grande pela primeira vez. Ainda mais um lugar como Los Angeles, que é muito sedutora, mas cheia de aspectos obscuros também. Todos vão para lá para se transformar em alguém ou em alguma coisa, e podem ter seu sonho devorado e cuspido de volta”.

Elle Fanning em cena de "Babel" (2006) - Divulgação - Divulgação
"Babel" (2006)
Imagem: Divulgação

Não se engane: “Demônio de Neon” é um conto de fadas de terror para adultos, com cenas de canibalismo e necrofilia, em que Jesse participa de um ensaio fotográfico coberta de sangue. Em outra sequência, o gerente do motel onde mora, vivido por Keanu Reeves, enfia uma faca em sua garganta. A história caminha a passos largos para o momento em que Jesse se liberta do temperamento delicado, em plena passarela. “Foi uma cena difícil, porque a gente vê essa personagem pura se transformando em alguns olhares, sem diálogo, enquanto desfila. Nicolas teve que botar música a todo volume para me inspirar e me apaixonar por mim mesma naquele momento”.

Elle diz que a história de “Demônio de Neon” pode servir como um alerta para as jovens de sua geração. A atriz, que já participou de ensaios fotográficos e campanhas de publicidade para produtos e grifes, como a do estilista Marc Jacobs, se diz assustada pela obsessão da sociedade por ideais de beleza. “As crianças de hoje têm acesso fácil a computadores e celulares, onde vêem imagens idealizadas dos seres humanos. Mas a gente não se parece com o que vemos nas mídias. É aterrorizante pensar que a beleza está ganhando uma importância cada vez maior na cabeça das pessoas, especialmente das mais jovens. Fico imaginando o que vai acontecer com quem cresce com isso”.

Elle Fanning com Stephen Dorff em cena de "Um Lugar Qualquer" (2010) - Divulgação - Divulgação
Elle Fanning com Stephen Dorff em "Um Lugar Qualquer" (2010)
Imagem: Divulgação

Exposição e irmã famosa

Ela, que cresceu em uma indústria que valoriza as aparências, aprendeu a lidar com cuidado com as expectativas dos outros. “Só muito recentemente abri uma conta no Instagram, por exemplo. Sempre fui muito tardia com as mídias sociais, até por necessidade de cuidar da privacidade. Achava que não seria muito bom para mim”, explica a atriz. “Aí descobri que pessoas que eu acho cool, e com quem já trabalhei antes, como Susan Sarandon e Naomi Watts, tinham Instagram, então pedi para a minha irmã abrir uma conta para mim, no meu aniversário. Descobri um mundo novo, que é meio maluco, mas é um a coisa que você controla, só mostra o que quer”.

Elle Fanning em cena de "Super 8" (2011) - Divulgação - Divulgação
"Super 8" (2011)
Imagem: Divulgação

Quatro anos mais velha, Dakota sempre foi um modelo para Elle. A co-estrela da saga “Crepúsculo” fez a transição para a fase adulta na profissão sem grandes transtornos, o que só fez aumentar a admiração de Elle pela irmã. “Encontrei com ela recentemente em Nova York, onde ela mora agora, porque está estudando na Universidade de Nova York. Estamos cada vez mais próximas, apesar da diferença de idade. A diferença é que agora somos menos aquelas irmãs que disputavam coisas quando crianças, e mais amigas que se divertem juntas. Brigávamos o tempo inteiro, e agora vamos a festas juntas, o que é estranho, mas divertido”, ri.

“Mas eu e Dakota não conversamos sobre nossas escolhas profissionais”, avisa Elle. “Fazemos muitas coisas juntas, como irmãs normais, mas somos separadas nessa área. Mas, quem sabe, um dia não faremos um filme juntas?”, imagina a atriz, que em breve será vista também em “A Lei da Noite”, dirigido por Ben Affleck, e “The Beguiled”, nova colaboração com a diretora Sofia Coppola, para quem atuou em “Um Lugar Qualquer” (2010), entre outros projetos em diferentes fases de realização. “Por isso não entrei na faculdade este ano. Minha mãe também diz que não posso escolher dois caminhos e tentar um terceiro entre um e outro. Não seria justo.”

Filha de atletas (a mãe é tenista profissional, o pai jogou beisebol), Elle diz que se tornou “muito competitiva”. Mas não leva este sentimento para o trabalho. “Há competitividade no mundo artístico, sim, mas não penso em termos de ser melhor do que ninguém no que eu faço. O que eu quero é construir meios para continuar fazendo o que gosto até o fim da minha vida”, afirma a jovem, nascida numa família de muitos primos – 14. “Sonho em ter a minha própria família, claro, mas não agora. Nem sequer tenho namorado. Tive um, na escola, que conhecia desde os 7 anos de idade. Não é o momento para se pensar em ter um namorado. Acho que talvez quando estiver na faculdade. Quem sabe?”.