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Não é só "Pequeno Segredo": "Menino 23" entra na corrida por vaga no Oscar

Do UOL, em São Paulo

28/10/2016 21h30

Não é só "Pequeno Segredo" que vai tentar uma vaga no Oscar 2017. O documentário "Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil", dirigido por Belisário Franca, também está na lista de inscritos para o prêmio. Ele concorre com outros 144 títulos para as cinco vagas da categoria melhor documentário. 

Dessa lista de 145 filmes, a Academia vai selecionar 15 documentários finalistas e divulgará os títulos em dezembro. Depois, de uma nova peneira, sairão os cinco indicados da categoria, que serão anunciados no dia 24 de janeiro.

No ano passado, a estatueta ficou com "Amy", documentário sobre a conturbada vida da cantora britânica Amy Winehouse dirigido por Asif Kapadia, mesmo cineasta que retratou a vida de Ayrton Senna em 2010.

Neste ano, os maiores concorrentes de "Menino 23" devem ser "A 13ª Emenda", filme da diretora Ava DuVernay com denúncias sobre o sistema carcerário dos Estados Unidos e "A Voyage of Time: Life's Journey", de Terrence Malick, que já concorreu ao Oscar com os longas "A Árvore da Vida" e "Além da Linha Vermelha".

Outros fortes concorrentes são "Weiner", que levou o prêmio do júri no Festival de Sundance, "I Am Not Your Negro", estrelado por Samuel L. Jackson e premiado pelo público do Festival de Toronto, além do francês "Bright Lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds".

Mito da democracia racial

"Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil" conta a história real de meninos negros que foram levados de um orfanato do Rio de Janeiro nos anos 30 para uma fazenda no interior de São Paulo. Lá, eles trabalhavam sem remuneração, ou seja, eram escravizados mais de quatro décadas depois da Abolição da Escravatura.

A fazenda em questão pertencia à família Rocha Miranda, uma das mais poderosas da época. Eram donos de bancos, empresas de transporte, hotéis de luxo e propriedades rurais. Segundo as pesquisas, faziam parte do ultraconservador movimento integralista brasileiro e mantinham relações estreitas com os nazistas.

A história relatada no filme só foi descoberta depois que tijolos com o símbolo da suástica foram encontrados durante escavações na fazenda. Em entrevista ao UOL em julho, o diretor Belisário Franca explicou que seu filme é sobre o passado, toca no presente e olha para o futuro. "Hoje no século XXI, o menino é assassinado pela polícia. As permanências estão aí. A naturalização daquelas práticas ainda estão presentes".