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Snowden, tecnologia e privacidade: uma conversa com Joseph Gordon-Levitt

Oliver Stone no Brasil: "O que fizeram com Dilma foi golpe" 

UOL Entretenimento

Pedro Caiado

Colaboração para o UOL, em Zurique (Suíça)

09/11/2016 06h00

"Eu aprendi muito com aquele filme", diz Joseph Gordon-Levitt ao UOL sobre o documentário "Citizenfour". O ator se refere ao filme de Laura Poitras que ganhou um Oscar em 2015 e mostra como Edward Snowden, o ex-funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional Americana), denunciou o esquema de espionagem do governo a jornalistas do "The Guardian". "Eu tinha o áudio daquele filme e ouvia repetidamente", afirma o ator.

No novo "Snowden - Herói ou Traidor", dirigido pelo engajado diretor nova-iorquino Oliver Stone e que estreia nesta quinta-feira no Brasil, Joseph Gordon-Levitt, 35, interpreta o americano que se tornou uma figura controversa da política americana e mundial. O filme é quase uma recriação do documentário "Citizenfour", incluindo a dramatização das cenas em que Snowden entrega os arquivos secretos ao jornalista Glenn Greenwald (vivido por Zachary Quinto) enquanto filma seu depoimento em um quarto de hotel em Hong Kong em 2013.

Joseph Gordon-Levitt - Divulgação - Divulgação
Joseph Gordon-Levitt no filme "Snowden"
Imagem: Divulgação

Stone é fiel à história, trazendo também detalhes da vida pessoal de Snowden, como o relacionamento turbulento com sua namorada Lindsay Mills (vivida por Shailene Woodley). O longa desvenda ainda o período em que o americano se mudou para o Havaí em uma missão da Agência americana.

Gordon-Levitt defende que o filme é diferente do documentário. "A ficção é menos focada na informação e na objetividade, e mais em emoções humanas", argumenta. "Um filme como este entretém, além de mostrar ao público quem é o Edward Snowden. Se você perguntar para a maioria das pessoas, ninguém sabe responder exatamente quem ele é. Eu mesmo admito que não sabia bem quem era ele. Eu tinha ouvido o nome e nada mais".

O ator californiano, conhecido por filmes como "Looper - Assassinos do Futuro" (2012), "(500) Dias com Ela" (2009) e a franquia "Batman", lembra que encontrou o ex-funcionário da NSA para uma conversa por apenas 4 horas em Moscou. "Foi um curso rápido para aprender como ele se comporta", diz. "Eu pude ver como ele age, se senta, cumprimenta. São nuances que só conseguimos pegar estando frente à frente".

Otimismo de Edward Snowden

O futuro da humanidade foi pauta do encontro entre os dois. "Snowden é um otimista, e eu não esperava. Ele acredita que, apesar dos problemas com a tecnologia, viveremos uma vida mais democrática e livre do que antes", conta, descartando uma possível comparação com ele próprio. "Eu fui criado por ativistas da paz. Snowden foi criado pelo avô que fazia parte da Guarda Costeira e do FBI. Ele se alistou para lutar no Iraque na época mais perigosa da guerra. Eu admiro a coragem dele".

Esse otimismo de Snowden pode ser visto no curta "Are You There, Democracy? It's me, The Internet", dirigido pelo próprio Gordon-Levitt em um projeto de sua produtora HitRECord. "Era um projeto sobre tecnologia e democracia em que as pessoas davam suas opiniões e o Edward Snowden contribuiu com a gente", conta. No curta, disponível no Youtube, Snowden fala com uma visão positiva sobre a tecnologia e o futuro.

Gordon-Levitt confessa ter se tornado mais sensível à tecnologia após se envolver nos projetos com Snowden, mas diz que ainda não utiliza band-aids para cobrir a câmera do seu smartphone ou computador, como faz Snowden no filme de Oliver Stone. "Eu acho graça que as pessoas pensam que um band-aid pode ser a solução para o problema da privacidade. A verdade é que o problema é muito mais profundo", diz.

"Esse filme certamente me fez ser mais consciente sobre a internet e computadores. Hoje em penso duas vezes antes de adicionar meu e-mail em um site ou dar minhas informações online. Eu penso sobre o que eles querem fazer com os meus dados".