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Animais Fantásticos: Nos convenceram que era um filme indie, diz Redmayne

Fã - Newt - Neil Hall/Reuters - Neil Hall/Reuters
Fã caracterizada como Newt Scamander durante evento em Londres
Imagem: Neil Hall/Reuters

Natalia Engler*

Do UOL, em Nova York (EUA)

16/11/2016 06h00

Cerca de 500 milhões de livros vendidos, mais de US$ 7 bilhões de dólares nas bilheterias, uma quantidade imensurável de fãs ao redor do mundo e quase US$ 200 milhões de orçamento para um novo filme. Nada como alguns “modestos” números para tranquilizar os atores que estão vindo de produções pequenas e independentes para mergulhar de cabeça em uma franquia tão popular quanto “Harry Potter”, não é mesmo?

Depois de meses isolados no set de filmagens, o elenco de “Animais Fantásticos e onde Habitam”, nova criação de J.K. Rowling, está apenas começando a sentir a pressão.

“Só agora, quando começamos a falar com jornalistas, que começamos a nos dar conta”, confessa, entre risos nervosos, o protagonista da nova franquia, Eddie Redmayne, 34, vencedor do Oscar de melhor ator em 2015 como o físico Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”.

“E percebemos que vocês estão apontando algo muito pertinente”, completa, fazendo cara de assustada, a americana Katherine Waterston, que co-estrela o longa, ao lado do ator inglês.

E eles estão preparados?

“As pessoas gostam de fazer essa pergunta”, diz Redmayne. “Mas sempre me questiono: como alguém se prepara? Você faz exercícios? Algo assim? E, geralmente, depois desses momentos, nada muda de verdade. Então não sei se temos que trabalhar tanto nisso”.

"Animais Fantásticos e Onde Habitam", que chega aos cinemas nesta quinta-feira (17), é a estreia de J.K. Rowling como roteirista e acompanha Newt Scamander (Redmayne), citado nos livros de Harry Potter como autor do livro didático fictício que dá nome ao filme. Ele chega a Nova York em 1926, depois de uma exploração pelo mundo, e se vê às voltas com a fuga de seus animais e com um ser misterioso que está causando destruição na cidade e ameaçando expor a comunidade mágica. Para enfrentar esta ameaça e reaver suas criaturas, Newt conta com a ajuda do não-maj (humano sem poderes) Jacob Kowalski (Dan Fogler) e das irmãs bruxas Porpentina "Tina" (Waterston) e Queenie Goldstein (Alison Sudol).

Expectativa

As conversas com jornalistas aconteceram uma semana antes da estreia, e o clima entre os atores, que estão no limiar de se tornarem grandes estrelas e ídolos juvenis, como aconteceu com o elenco de “Harry Potter”, é mais de expectativa e animação do que de ansiedade.

E a “culpa” de tanta tranquilidade é do produtor David Heyman e do diretor David Yates, que têm no currículo, respectivamente, a produção de todos os filmes de Potter e a direção dos quatro últimos longas do bruxinho.

“Aqueles dois caras tiveram que lidar com a pressão antes. Os livros de Harry Potter eram muito amados”, explica Redmayne. “Eles aceitaram essa responsabilidade e lidaram com tanta calma que conseguiram nos persuadir de estar fazendo um filme indie. Foram tão convincentes que mesmo que a gente visse aqueles cenários gigantescos e mais figurantes do que jamais tínhamos visto na vida, eles tinham uma maneira hipnótica de dizer: 'Não, não. Não é nada. Estamos fazendo só um filminho indie'”, conta o ator, rindo.

Ezra Miller - Chris Pizzello/Invision/AP - Chris Pizzello/Invision/AP
"Todos os dias eu me sinto tão empolgado que eu poderia explodir", diz Ezra Miller, fanático por "Harry Potter", que interpreta Credence (na foto, o ator participa da San Diego Comic-Con)
Imagem: Chris Pizzello/Invision/AP

Ezra Miller (“Precisamos Falar sobre Kevin”), que interpreta Credence, um órfão adotado pela líder de uma seita antibruxaria, concorda. “Eu não sabia como seria e fiquei muito surpreso e contente que o tipo de ambiente de trabalho íntimo e a sensibilidade com o processo artístico que você encontraria em filmes pequenos e independentes está muito presente em um set de David Yates, não importa quanto dinheiro esteja voando ao seu redor, conta.

Para Waterston, que nasceu em uma família de artistas e atuou em filmes como “Vício Inerente” e “Steve Jobs”, a pressão e a ansiedade fazem sempre parte da vida de ator, independentemente do tamanho do projeto. “Faz parte da nossa área e sinto que já vivemos o suficiente para ter passado por isso, talvez não nessa escala. Mas não acho que a escala realmente faça diferença. O sentimento interno é o mesmo. Eu já senti um pânico profundo por peças de teatro que, no final, talvez 200 pessoas tenham visto. Faz parte”, acredita a atriz de 36 anos.

“Obviamente, você pode sentir um pouco do peso às vezes”, acredita Alison Sudol, que interpreta Queenie, irmã de Tina. “Mas eu me sinto assim só de andar por Times Square [em Nova York], quando tem muita gente em volta. Acho que todos nós já passamos por muitas coisas nas nossas vidas, então conseguimos apreciar essa jornada. É muito raro para um ator ser parte de algo como isso, que você sabe que as pessoas estão ansiosas para ver”, acredita.

Para Redmayne, a receita para ter certeza de que está escolhendo o projeto certo, mesmo que seja uma grande produção, é prestar atenção na história. “O que você faz é se preocupar com o roteiro”, diz o ator, que afirma ter achado "Animais Fantásticos" “inebriante”. “A única coisa que pode guiar um ator é seu instinto, e achei muito comovente, principalmente o final. Fiquei muito emocionado”.

Mas o integrante mais animado do elenco certamente é Miller. O ator de 24 anos é fã declarado de Harry Potter e mal consegue esconder a excitação ao falar sobre o novo filme. “Não sei se já vimos antes na história da humanidade um 'fanático' ser colocado diretamente no epicentro de sua série preferida. Não sei o que vai acontecer comigo no futuro. Todos os dias eu me sinto tão empolgado que eu poderia explodir, então só espero que isso não aconteça”, brinca.

Ele também contou com uma ajuda especial: Emma Watson, a Hermione, com quem Miller trabalhou em “As Vantagens de Ser Invisível”. “Ela foi uma das primeiras pessoas para quem eu liguei quando fiquei sabendo que tinha conseguido o papel. Primeiro porque eu estaria em Londres e queria saber se ela estaria lá. Mas também porque você fica curioso sobre onde está se metendo. E ela trabalhou com David Heyman e David Yates por muitos anos. Liguei para ela e recebi ótimas notícias, de que David Yates é o mais perfeito diretor de atores, e que eu teria uma experiência maravilhosa”, revela.

Fãs

Do pouco contato que já tiveram com fãs, em eventos como a San Diego Comic-Con, em que o elenco “enfrentou” uma plateia de 6.500 pessoas, os atores contam que a experiência tem sido positiva.

“Pude ter uma amostra na Comic-Con. Foi incrível!", diz Redmayne. "Tínhamos acabado de filmar há pouco tempo e havia gente vestida como Newt! Isso foi meio extraordinário”.

“Acho que é um pouco como ser um novo jogador de um time”, compara Waterston. “Você sente a responsabilidade de fazer um bom trabalho, porque o time te contratou, e você se sente responsável com os torcedores, porque eles são leais ao time. Mas você também sente o apoio dos fãs. E durante todo o tempo em que estávamos filmando, eu realmente senti que eles estavam torcendo por nós, em vez de esperar com ceticismo que terminássemos o filme para que eles pudessem julgar”, diz.

“Eles são adoráveis e estão muito animados de ter um novo capítulo desse mundo que eles achavam que havia acabado”, concorda Sudol. “E esse filme não terá sucesso se não for pelas pessoas que são fãs e que nos acolhem”.

No que depender de Ezra Miller, o sucesso --e a conexão com os fãs-- já está garantido. “Eu amo esses fãs! Eu acho que essa é exatamente a base de fãs que eu queria incorporar à minha base de fãs. É uma oportunidade ótima para que eu me cerque de gente que queira surtar e falar de coisas geeks comigo pro resto da minha vida”, diz, sem conter a animação.

* A jornalista viajou a convite da Warner Bros.