Será o futuro? Donald Trump vira robô esmagador de mexicanos em curta
Em um futuro próximo distópico —“pero no mucho”—, mexicanos são catapultados sobre a fronteira dos Estados Unidos e obrigados a pagar uma multa de US$ 450 mil para a construção de um muro.
Achou injusto? Donald Trump, então, vai aparecer para aniquilar você, no comando de um topetudo robô de 30 metros que atira pela região genital.
A sorte muda quando a Virgem de Guadalupe traz uma galinha (sim!), que decreta sozinha o fim inesperado do presidente eleito.
Com toques de humor negro e referências à cultura mexicana, essa história absurda, de cerca de seis minutos, veio da cabeça do diretor uruguaio Alejandro Damiani, que lançou o curta no fim de outubro e, com a crescente popularidade do republicano, rapidamente o viu virilizar.
O nome da obra: “M.A.M.O.N.” —sigla em inglês para “Monitoramento contra os Mexicanos do Mundo” e também um termo bíblico que designa riqueza material e/ou cobiça.
A ideia na cabeça: zombar dos planos do empresário de construir um “grande muro” na fronteira e fazer os próprios mexicanos pagarem por ele.
“Eu trabalho muito com minha empresa e como diretor no México, e me ocorreu que seria uma boa ideia tentar ajudar de alguma forma todos os latinos que tentam atravessar a fronteira”, diz ao UOL o cineasta.
“O filme surgiu de brincar com o conceito de que podemos, sim, mudar o mundo e lutar contra algo que é muito grande e muito ridículo.”
Rodado em dois dias no México, o curta envolveu 50 pessoas no set. Outras 12 cuidaram na pós-produção e da finalização dos efeitos especiais. Foram dois meses de produção acelerada para lançá-lo antes do resultado das eleições nos EUA.
“Tudo foi criado para que funcionasse da mesma forma, independentemente de quem tenha ganhado a eleição. O humor está nas baboseiras que o Trump havia dito”, afirma o diretor, que, apesar das pesquisas terem apontado direção oposta, já esperava pela vitória do candidato.
Perigo não está em Trump
Para ele, no entanto, no atual contexto mundial de crise migratória, o grande problema dos Estados Unidos não está exatamente na figura “esdrúxula” e marqueteira de Donald Trump, mas nas pessoas a quem ele dá voz.
“A lei já havia sido mudada pelo Obama antes. O número de pessoas ilegais deportadas não vai mudar. O problema são as pessoas que votaram nele, que compraram um discurso de ódio e discriminatório. É dessas pessoas que temos que ter medo”, diz o cineasta, que é diretor da produtora brasileira Side Cinema.
Damiani vive no Uruguai e presta serviços principalmente no México e Estados Unidos, para onde diz não ter planos de se mudar. Mas e se isso acontecesse e de Donald Trump o convidasse para um jantar, numa tentativa de apaziguar possíveis "mal-entendidos"?
“Primeiro, eu perguntaria se ele gostou do robô. Seguramente, ele diria que sim, que se divertiu, e que seria uma boa ideia ter um na fronteira. Então, eu perguntaria se isso está nos planos.”
“Também perguntaria: você não quer mais imigrantes ilegais, OK. Mas como pretende realizar tudo que disse sem fazer as pessoas sofrerem e sem gerar racismo e complicações sociais? A comunidade latina não só é necessária, mas é uma realidade que não podemos mudar.”
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