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Filmes exploram identidade de Barack Obama a um mês do adeus à Casa Branca

O ator Devon Terrell como Barack Obama em cena do filme "Barry", da Netflix - Divulgação
O ator Devon Terrell como Barack Obama em cena do filme "Barry", da Netflix Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/12/2016 07h00

Barack Obama sai da Casa Branca no dia 20 de janeiro de 2017 e sua história ficará registrada não apenas nos livros, mas também no cinema. Depois de ganhar alguns documentários, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos vê sua fase universitária retratada em dois dramas biográficos lançados quase que simultaneamente no Brasil: "Michelle e Obama" e "Barry".

"Michelle e Obama" está em cartaz desde o dia 8 de dezembro. Produção da Netflix, “Barry” está disponível para os assinantes do serviço desde o dia 16. Baseados em entrevistas, os filmes revelam episódios e pessoas que moldaram as características marcantes observadas nos oito anos de governo do presidente e da primeira-dama.

“Michelle e Obama” se passa em Chicago e é sobre o primeiro encontro romântico entre o então estudante de direito de Harvard Barack Obama, interpretado por Parker Sawyers, e a advogada e sua mentora Michelle Robinson, vivida por Tika Sumpter. Estreante na direção de um longa, o americano Richard Tanne remonta um dia do verão de 1989 em 84 minutos.

Tika Sumpter e Parker Sawyers - Divulgação - Divulgação
Tika Sumpter e Parker Sawyers são Michelle e Obama
Imagem: Divulgação

Michelle como estrela

O filme mostra mais da vida da futura primeira-dama do que do próprio presidente, que estava em Chicago para cumprir um estágio de verão dois anos antes de concluir sua graduação na renomada universidade americana. Vinte anos depois, Barack Obama tomaria posse como o 44º presidente dos Estados Unidos.

Através dos diálogos bem elaborados descobrimos que Michelle ainda mora com os pais para ajudar nos cuidados com o pai que tem uma doença degenerativa, que o irmão dela é um talento no basquete e que ela tem vontade de trabalhar em prol das pessoas e não de empresas.

Obama é um reconhecido talento de Harvard e convida sua orientadora no escritório em que estagia para acompanhar uma das reuniões da comunidade que ele ajuda. O encontro é uma espécie de desculpa para tirar Michelle do ambiente de trabalho e ele usa várias estratégias para convencer a mulher a acompanhá-lo em cada atividade.

Em meio a alguns conflitos, eles revelam características de suas identidades e talentos que são claros para quem acompanha a trajetória do carismático casal desde a chegada à Casa Branca. Em certo momento do fatídico primeiro encontro, Michelle destaca o talento de Obama para discursar.

Racismo em Nova York

Netflix - Linda Kallerus/Netflix - Linda Kallerus/Netflix
Charlotte é a namorada de Obama em "Barry"
Imagem: Linda Kallerus/Netflix

Já “Barry” coloca o ator Devon Terrell na pele de um Barack Obama ainda mais jovem e se passa em Nova York oito anos antes de ele conhecer aquela que seria sua futura mulher. Barry chega à cidade no final de 1981 para iniciar seus estudos na Universidade de Columbia e encontra um ambiente hostil para um jovem de 20 anos que tenta entender sua identidade.

Seja nos diálogos, seja nas situações, os filmes se encontram na formação da identidade do futuro presidente e em sua relação complicada com o pai queniano. “Barry” vem do nome que Barack Obama usava em Columbia, antes de adotar de vez o mesmo nome daquele que o batizou.

Filho de mãe branca e pai negro, Barry também tenta entender seu lugar no mundo e sofre com a rejeição e o preconceito das duas partes. A questão é personificada na personagem Charlotte (Anya Taylor-Joy), uma estudante branca de Columbia que vira sua namorada.

"Orfeu Negro" é referência

O filme é também recheado de citações, entre elas o filme “Orfeu Negro” e o livro “O Homem Invisível”, de Ralph Ellison. Em uma visita surpresa no feriado de Ação de Graças, a mãe de Obama, Ann Dunham, o leva para assistir ao filme gravado no Rio de Janeiro que levou um Oscar em 1960. Já o livro tem relação com o apelido que Barry ganha do grupo de amigos negros com os quais ele joga basquete, “Invisível”.

Com uma família à frente de sua época, Obama se estranha e é estranhado. Nascido em Honolulu, no Havaí, filho de queniano e morador de Jacarta, na Indonésia, por quatro anos, Obama era cidadão do mundo ainda nos anos 80.

A questão superada anos depois voltou à tona quando ele foi eleito presidente. O governo se viu obrigado a apresentar a certidão de nascimento do presidente após opositores questionarem sua nacionalidade.

Mas o episódio fica fora dos retratos do jovem Barry, mais tarde Barack Obama. Bastante elogiados pela crítica especializada, “Michelle e Obama” e “Barry” devem abrir as portas para a produção dos próximos capítulos da vida daquele considerado por muitos como o melhor presidente que os Estados Unidos já tiveram.