Mais visto que "Star Wars", Paulo Gustavo desperta a Força de Dona Hermínia
Os rebeldes da saga "Star Wars" bem que tentaram, mas, a julgar pelas bilheterias, a Força está mesmo com uma mãe irônica de temperamento explosivo, cuja missão é bem mais mundana do que derrotar a tirania do Império Galáctico.
Em sua terceira semana em cartaz, "Minha Mãe é uma Peça 2" levou 5 milhões de espectadores aos cinemas --quase o dobro do que "Rogue One", o primeiro spin-off da saga criada por George Lucas, conquistou com uma semana a mais em cartaz. Ganhando público, a comédia brasileira ainda está longe da curva descendente que até os blockbusters não conseguem fugir após a estreia.
Por trás da maquiagem da carismática Dona Hermínia, Paulo Gustavo diz ter ficado surpreso. "Talvez nesse momento, uma das respostas --embora quem seja eu para afirmar alguma coisa-- é que as pessoas optaram por assistir algo mais próximo delas. Se identificar, se ver em cena", observa o ator. Embora, confesse: bater a saga da Disney é um "luxo". "É uma produção nacional na frente de uma produção internacional. Acho foda, fico mega orgulhoso", diz, animado, por áudio gravado no Whatsapp e enviado ao UOL.
Agendar uma entrevista com o ator tem sido mais difícil do que entender o universo expandido de Star Wars. Enquanto o filme estreava no último fim de semana de 2016, já com 1 milhão de espectadores, Paulo Gustavo curtia as férias em San Francisco, nos Estados Unidos, ao lado do marido Thales. Mal chegou ao Brasil e já parte para uma maratona de shows e gravações.
É através das mensagens instantâneas que ele tem atendido a maior parte dos jornalistas desde o lançamento da sequência. E por onde também serve para manter o registro das próprias respostas. Ele mesmo fez piada sobre o assunto em uma enquete no programa "220 Volts", no canal Multishow. Na cena, ao ser abordado por uma repórter na rua, diz: "Não falo da minha vida pessoal". O número continua com a jornalista dando a notícia: "Paulo Gustavo está encalhado, então".
A orientação para não falar da vida pessoal do ator também foi feita à reportagem do UOL, antes mesmo do envio das perguntas. Mas, animado, ele falou sobre o assunto sem melindre: "Eu não acho que eu preciso falar da minha vida pessoal para tratar de vários assuntos", defende. "Eu sou um cara que já alimenta as redes sociais com maior prazer, no meu Instagram, naquele Instavídeos, não sei o nome daquilo."
No áudio, diz que vai fazer uma pausa para descansar o dedo ("Está quase gangrenando aqui") e continua em outro envio: "Quando a gente resolve manter algo entre a gente, é um direito que temos que ter. Senão a gente vira um boneco. Tem muita coisa que eu guardo para mim. Quando perguntam, respondo só se eu quero."
Bonito de Dona Hermínia, feio de homem
Dona Hermínia nasceu há 11 anos em uma casa de teatro pequena, em Ipanema, no Rio de Janeiro, com apenas 80 lugares. O ator precisou de uma vaquinha em família para bancar o custo de R$ 3.000 da primeira produção. "O cenário foi parcelado pelo meu pai em dez vezes, cheque pré-datado", recorda. O boca-a-boca foi tão grande que a personagem logo conquistou lugares maiores e abriu as portas da TV e do cinema para o ator.
A inspiração é na própria mãe --que aparece nos créditos finais de cada filme--, mas há um tanto de Paulo Gustavo na senhora de Niterói que, se necessário, espenifra publicamente os próprios filhos para protegê-los. "Eu tenho a Dona Hermínia dentro de mim. Sou carinhoso, preocupado com minha família, mas também sou agitado, tenho esse lado histérico. Sou firme como ela. Ela é muito justa, muito honesta, e minha mãe é assim, meu pai é assim. E essa é a maior herança que eu posso ter deles."
Mas pondera sobre o visual: "Quando estou bonito de Dona Hermínia, você pode ter certeza que é porque estou feio de homem. Eu tenho que ficar muito magrinho para ficar como o rostinho mais delicado [para viver a personagem]." Com a peça "Online" em cartaz no Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, onde não precisa interpretar nenhuma personagem feminina, ele tem agora novo foco: "Comecei a malhar hoje. Se Deus quiser, vou pegar um corpo bonito, porque não está legal agora não".
Dona Hermínia voltará em breve à tela grande em um terceiro filme, mas o ator pretende trabalhar sem pressa no roteiro para criar algo "surpreendente".
Sem responder se um dia pretende levar seus personagens à TV aberta, ele conta que quer explorar a tela grande. Inspirado em atores como Eddie Murphy, Paulo Gustavo sonha em um filme para cada um de seus personagens. "Tenho vontade de fazer um filme do Sem Noção, da Senhora dos Absurdos. O pessoal pede muito. Tenho vontade de fazer o filme da Bianca, que é aquela personagem totalmente para frente, que fica com quem ela quer", conta.
É a chance, segundo ele, para tocar em assuntos mais delicados --assim como já acontece em "Minha Mãe é uma Peça", em que Dona Hermínia lida com a bissexualidade do filho. "Possibilita falar sobre feminismo, tocar em assuntos que são importantes de tocar e através do humor desce melhor, não fica agressivo."
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