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Diretor diz que "Saltimbancos Trapalhões" abre porta para musicais no país

O diretor de "Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood" João Daniel Tikhomiroff com Renato Aragão e Dedé Santana - Divulgação
O diretor de "Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood" João Daniel Tikhomiroff com Renato Aragão e Dedé Santana Imagem: Divulgação

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

19/01/2017 04h00

"Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood" chega aos cinemas com duas missões: apresentar a dupla Didi e Dedé para as novas gerações e enveredar por um caminho pouco explorado no cinema brasileiro, os musicais.

Para o diretor João Daniel Tikhomiroff, o gênero pode se fortalecer com o filme. "Acho que pode abrir porta para outros diretores e produtores fazerem outros musicais. Acredito que eu tenha ajudado um pouco nisso. Já ouvi de dois colegas que eles estão com projetos de musical. Se 'Saltimbancos' der certo em termos de público, pode vir um movimento por aí, sim", diz ele.

Na releitura do clássico de 1981, Tikhomiroff quis modernizar a trama do circo, que desta vez depende da criatividade e da imaginação de Didi (Renato Aragão) para escapar da crise financeira, dos golpes do vigarista Satã (Marcos Frota) e da ganância do prefeito corrupto Aurélio Gavião (Nelson Freitas).

Mas o diretor preferiu não apostar em tecnologia e, sim, na força do mise en scène. "Essa é a essência dos musicais que continuam fazendo sucesso, vide o 'La La Land', que levou tudo no Globo de Ouro e pode repetir isso no Oscar", afirma.

O diretor, que pinçou nomes do teatro musical como Letícia Colin (Karina) e Emílio Dantas (Frank) para o elenco, acredita no potencial de uma plateia formada para outras produções do gênero no cinema brasileiro. "O teatro musical é um sucesso aqui, bate recordes de bilheteria".

Mas o caminho também tem dificuldades. "Começa pelos próprios distribuidores, produtores e investidores da nossa atividade. Por não termos esse costume, parece que não vai atrair público. Mas quando a obra é boa atrai, é só saber escolher bem. De fato, não temos tantos atores-cantores como nos Estados Unidos e o Brasil tem menos tradição de roteiristas de musicais. Mas adorei pegar o Mauro Lima, que nunca fez musical, mas é ótimo roteirista e tem visão de direção, e ele fez muito bem. Acho que os diretores e produtores podem ousar mais em experimentar alguns roteiristas", diz ele.

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Humor para a família

Se existe algo a que o novo "Saltimbancos" se mantém fiel é ao humor ingênuo típico dos Trapalhões, cheio de improvisos e piadas velhas conhecidas, que desperta a nostalgia em quem cresceu vendo as performances do grupo no cinema e na TV.

Por outro lado, há a expectativa em relação à recepção das novas gerações, crias da internet. "Acho que todo tipo de humor vale a pena, o transgressor, o mais satírico, o humor negro. O humor ingênuo tem feito falta, ele só está presente no circo. Não acredito que ele envelheça, mas vamos ver o que o público acha. Pelos testes feitos, acho justamente o contrário: as pessoas estavam querendo ver também esse tipo de humor, que converse mais com a família", diz Tikhomiroff, que se surpreendeu com a quantidade de crianças pedindo selfies com Didi e Dedé após as sessões.

Dedé, que considera a releitura de um dos maiores clássicos do quarteto uma "agradável surpresa", também se mostra confiante na comunicação do filme com os mais novos. "Quando eu vejo a garotada assistindo às coisas dos Trapalhões percebo que eles dão muita risada daquele tipo de humor que a gente fazia. E o filme não é totalmente de humor, tem uma poesia, uma história bonita e aquela coisa do saudosismo, do pai mostrar para os filhos quem eram os Trapalhões. Pode ser que eu me engane, mas estou acreditando muito no filme".

Já a intérprete da mocinha do filme, Colin, 27, diz que o humor do grupo é puro e lúcido. "Vi coisas ali que achei meio 'Porta dos Fundos', só que vem com o coração do palhaço, nesse jeito circense, mambembe. E muito inteligente. Didi é um símbolo, ele é atemporal, por isso que é genial. É muito poderoso o que eles criaram".