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Autor de "Quatro Vidas de um Cachorro" assegura que cão de vídeo não sofreu

O escritor W. Bruce Cameron com Tucker, seu cachorro na vida real - Ute Ville/Divulgação
O escritor W. Bruce Cameron com Tucker, seu cachorro na vida real Imagem: Ute Ville/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

20/01/2017 21h50

W. Bruce Cameron, autor do livro "Quatro Vidas de Um Cachorro" e roteirista do filme ao lado de sua mulher, a atriz Cathryn Michon, divulgou um longo comunicado na noite desta sexta-feira (20) comentando o polêmico vídeo divulgado pelo TMZ em que um cão parece ser maltratado no set de filmagem.

A pré-estreia de "Quatro Vidas de Um Cachorro" teve de ser cancelada nos EUA depois da repercussão do vídeo em que um cão é supostamente forçado a entrar em águas turbulentas para gravar uma cena do longa, que estreia no Brasil na quinta-feira (26). 

O escritor negou que o cachorro, que se chama Hercules, tenha sofrido maus tratos por parte da equipe e tentou esclarecer a polêmica dando detalhes da investigação feita pelo estúdio a pedido dele e do diretor do filme, Lasse Hallström ("Sempre ao Seu Lado", "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador"), depois das cenas perturbadoras.

"O cachorro não ficou desesperado e não foi jogado na água. Apesar de não estar lá naquele momento, eu pude ver a gravação completa e Hercules estava executando as acrobacias tranquilamente na piscina horas antes", diz Bruce. Ele deixou claro que Hercules adora a água e que o erro da equipe que conduzia a cena foi outro.

"Quando tentaram gravar com ele do outro lado da piscina, que não era o mesmo lugar onde ele ficou ensaiando o dia todo, ele hesitou. O erro foi tentar fazer com que ele tocasse na água para perceber que não havia problema. O problema dele não era com a água, e sim com o lugar que escolheram para que ele pulasse", escreveu.

Segundo Bruce, os treinadores perceberam que Hercules não gravaria naquela parte da piscina e então o colocaram de volta no lugar de ensaios. Dessa forma o cachorro teria gravado a cena tranquilamente. Ele também esclareceu que um mergulhador e um treinador estavam posicionados dentro da piscina para tranquilizar o animal. "Ele ama a água, não estava em perigo, e não ficou chateado."

O escritor ainda criticou as pessoas que gravaram, editaram e divulgaram o vídeo. "Se as pessoas que gravaram e editaram o vídeo sabiam que algo estava errado, por que eles esperaram quinze meses para tomar uma atitude em vez de denunciar o caso às autoridades imediatamente?", questionou.

Leia o comunicado de W. Bruce Cameron na íntegra:

"Primeiramente, eu gostaria de agradecer a todos --e são literalmente milhares-- que nos escreveram expressando seu apoio. Suas palavras e seus pensamentos são tudo para nós. Eu também achei chocante o vídeo a que todos tivemos acesso. Principalmente porque eu estava no set a maior parte do tempo e sei que o objetivo de todo mundo lá era manter a segurança e conforto dos animais. Se as pessoas que gravaram e editaram o vídeo sabiam que algo estava errado, por que eles esperaram quinze meses para tomar uma atitude em vez de denunciar o caso às autoridades imediatamente? Depois de toda a polêmica eu assisti a todos os takes daquele dia em que eu não estava e mudei completamente de ideia, A nota que acompanha o vídeo e a edição do mesmo descaracterizam o que realmente aconteceu. O cachorro não ficou desesperado e não foi jogado na água. Hercules estava pulando tranquilamente na piscina horas antes. Quando tentaram gravar com ele do outro lado da piscina, que não era o mesmo lugar onde ele ficou ensaiando o dia todo, ele hesitou. O erro foi tentar fazer com que ele tocasse na água para perceber que não havia problema. O problema dele não era com a água, e sim com o lugar que escolheram para que ele pulasse. Ele fez a acrobacia tranquilamente quando foi levado de volta ao lugar em que havia ensaiado antes. Eu também não gostei quando o Hercules foi colocado rapidamente debaixo d'água, mas havia um mergulhador e um treinador dentro da piscina para protegê-lo. Ele ama a água, não estava em perigo, e não ficou chateado. Em um filme em que o mantra era a segurança e bem-estar dos cachorros, erros foram cometidos, e tudo tem de ser feito para garantir que esses erros não se repitam. Mas a razão para que a American Humane tenha nos dado o certificado de que nenhum animal foi machucado durante as gravações é justamente porque nenhum animal foi machucado durante a gravação desse filme. Eu apoio a causa animal e estou orgulhoso dos valores que mostramos em 'Quatro Vidas de Um Cachorro'"

Repercussão negativa

As imagens, feitas em novembro de 2015 no Canadá e divulgadas pelo site TMZ na última quarta-feira (18), mostram um adestrador aparentemente forçando um pastor alemão a entrar em um tanque com águas turbulentas. Mesmo assustado e se recusando a entrar na água, o cão, chamado Hercules, é colocado pelo homem para dentro do reservatório.

Imediatamente, a Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), entidade que defende tratamento ético aos animais, pediu boicote ao filme. "A Peta pede que os amantes de cachorros boicotem o filme para que seja enviada a mensagem de que os animais devem receber tratamento humanitário".

No IMDB (Internet Movie Database), um banco de dados de filmes e séries de TV que permite que o público atribua notas, a avaliação de "Quatro Vidas de Um Cachorro" caiu bruscamente: 94% dos usuários classificaram a produção com nota 1, a mínima no site. Detalhe: o filme ainda nem estreou nos Estados Unidos --está previsto para esta sexta-feira (27).

Nesta sexta-feira (20), uma petição no site Care2 pede o boicote do filme a não ser que as produtoras Amblin Entertainment e Universal Pictures doem parte da renda para organizações que cuidem do bem estar animal. O objetivo da petição era atingir 15 mil assinaturas, mas na noite do mesmo dia já tinha conseguido cerca de 20 mil. No texto, os organizadores escreveram que o diretor deve fazer algo sobre o filme, como forma de compensar o ato.