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Deadpool, eles não ligam para a gente! Ou por que o Oscar esnoba o pop

Deadpool, um dos heróis mais divertidos a surgir nas telas em muito tempo, ficou a ver navios no Oscar - Divulgação
Deadpool, um dos heróis mais divertidos a surgir nas telas em muito tempo, ficou a ver navios no Oscar Imagem: Divulgação

Diego Assis

Do UOL, em São Paulo

24/01/2017 12h48

Quem se importa com bilheterias? O Oscar, não. Na lista dos dez longa-metragens selecionados para disputar a estatueta de melhor filme, nenhum aparece entre os campeões de bilheteria em 2016 -- o badalado "La La Land", por exemplo, é só o 45º entre os que mais arrecadaram no ano que passou; a ficção científica cabeça "A Chegada" é o 49º nessa lista.

Como de praxe em outros anos - e a exceção de "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", em 2003, apenas confirma a regra -, alguns dos filmes mais pop e mais comentados pelo público em 2016 têm que se contentar com indicações sem graça nenhuma, como melhor mixagem de som ("Rogue One: Uma História Star Wars") e... maquiagem e cabelo ("Esquadrão Suicida" e "Star Trek: Sem Fronteiras").

Claro, tem também as categorias de animação e efeitos visuais em que blockbusters competem praticamente sozinhos entre eles e, vá lá, alguma "justiça" é feita com a indicação de outros títulos como "Zootopia" (3ª bilheteria do ano), "Mogli: O Menino Lobo" (4ª bilheteria do ano) e "Doutor Estranho" (11ª bilheteria do ano).

Com dois títulos considerados pela crítica como os melhores filmes de super-heróis em décadas, "Capitão América: Guerra Civil" e "Deadpool" foram completamente ignorados nas indicações da Academia - mesmo com a campanha maciça e divertida promovida pelo ator Ryan Reynolds nos últimos meses em Hollywood e nas redes sociais.

O recado é claro: a Academia só se interessa por "coisa séria". Andrew Garfield teve que parar de brincar de Homem-Aranha para receber sua primeira indicação este ano por seu papel no drama de guerra "Até o Último Homem". Já Ben Affleck, mais confortável com duas estatuetas em casa - por "Gênio Indomável", em 1997, e "Argo", em 2012 -, seguiu na contramão e foi solenemente ignorado com seu "Batman vs Superman".

É verdade que, nesse caso, nem a crítica especializada caiu de amores pelo filme. Mas, com a sétima maior bilheteria de 2016 a seu favor, Affleck tem ouro de sobra para construir quantas réplicas de estatuetas quiser. Ademais, seu irmão Casey Affleck garantiu uma indicação por seu papel no denso "Manchester À Beira-Mar" e, no final das contas, pode acabar levando mais um troféu para a casa da família Affleck.