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Keanu Reeves mostra a Hollywood como se ganha dinheiro

John Wick - Divulgação - Divulgação
Keanu Reeves e Laurence Fishburne em cena de "John Wick: Um Novo Dia para Matar"
Imagem: Divulgação

Kyle Stock

Bloomberg

14/02/2017 15h32

Keanu Reeves, hoje com 52 anos, voltou a ser uma commodity disputada. Sim, 2017 está estranho a esse ponto.

"John Wick: Um Novo Dia Para Matar", o último filme do galã da década de 1990, arrecadou um total estimado de US$ 30 milhões em bilheteria nos EUA em seu primeiro fim de semana. É mais do que o dobro da quantia levantada pelo primeiro filme e a quarta melhor estreia do ano (o filme levantou um total adicional de US$ 10,6 milhões nos mercados internacionais).

Reeves, um dos ativos mais voláteis de Hollywood, não é conhecido como o melhor dos atores e certamente participou de alguns filmes horríveis ao longo dos anos. Para cada "Matrix" há um "Johnny Mnemonic", para cada "Velocidade Máxima" há um "Doce Novembro". Mais recentemente, Reeves protagonizou "47 Ronin", um espetáculo de artes marciais opulento e também um enorme fracasso.

Resumindo, Reeves é uma verdadeira estrela do cinema, mas com altos e baixos. Em seus grandes filmes, a correlação entre receita de bilheteria e pontuação da crítica no Rotten Tomatoes, site que reúne resenhas, é um anêmico 0,5. Isso significa que alguns de seus filmes mais rentáveis são também alguns de seus projetos mais criticados.

Contudo, Reeves parece finalmente ter encontrado seu nicho. Os dois filmes "John Wick" estão entre os trabalhos mais elogiados de sua carreira. Para ser justo, os filmes não têm nada de mais. Os efeitos especiais são mínimos e a trama é espartana: um bandido de segunda mata o cachorro e rouba o carro de alguém... Mas parece que escolheu a vítima errada.

A ação, contudo, é constante. A cinematografia é aguda e as cenas de perigo são sublimes. Se "Os Vingadores" é o filme de ação equivalente a uma competição de poesia, os filmes "Wick" são poesia japonesa. São tudo o que um pretenso sucesso de bilheteria como "47 Ronin" não é. E o mais importante, eles não foram muito caros de produzir -- o equivalente hollywoodiano a uma ação subvalorizada.

A Lionsgate Entertainment assumiu os direitos de distribuição do primeiro filme "Wick" apenas 11 semanas antes de sua estreia. Com um leve impulso de marketing o filme se transformou em um ativo bastante rentável, conquistando respeitáveis US$ 44 milhões nos cinemas dos EUA antes de conseguir um desempenho particularmente forte nas plataformas digitais de streaming.

"Você pensa 'qual é a grande franquia que vem logo depois de 'Jogos Vorazes' e 'Divergente'?'. Adivinha só, é 'John Wick'", disse Paul Dergarabedian, analista da comScore. "É uma máquina de fazer dinheiro e o sonho de todo estúdio de cinema."

Resumindo, Reeves é a estrela de cinema do momento. Ele está longe de seu melhor momento como Johnny Utah, mas por isso mesmo não exige um pagamento como o que recebe Dwayne "The Rock" Johnson. Além de tudo isso, ele ainda é um nome familiar. Suas melhores ferramentas estão totalmente expostas nos filmes "Wick": estoicismo a fogo lento e diálogos rápidos e simples o bastante para serem ao mesmo tempo sombrios e engraçados.

"É um homem de poucas palavras distribuindo porrada por aí -- quase como Arnold Schwarzenegger em 'O Exterminador do Futuro'", disse Dergarabedian. "Não consigo pensar em outra estrela capaz de fazer isso como Keanu Reeves."