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Cannes: Um ano após polêmica, diretor de "Aquarius" presidirá júri paralelo

17.mai.2016 - Equipe do filme brasileiro "Aquarius", que disputa a Palma de Ouro em Cannes, protesta conta o impeachment com faixas e dizeres: "Pare o golpe no Brasil" e "Vamos resistir" - REUTERS/Yves Herman
17.mai.2016 - Equipe do filme brasileiro "Aquarius", que disputa a Palma de Ouro em Cannes, protesta conta o impeachment com faixas e dizeres: "Pare o golpe no Brasil" e "Vamos resistir" Imagem: REUTERS/Yves Herman

Do UOL, em São Paulo*

16/03/2017 12h15Atualizada em 16/03/2017 20h32

O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho vai presidir o júri da Semana da Crítica no Festival de Cannes em 2017, anunciaram nesta quinta-feira (16) os organizadores em um comunicado.

A 56ª edição da Semana da Crítica, mostra paralela do Festival de Cannes consagrada à descoberta de novos talentos, acontecerá entre 18 e 26 de maio. Sua seleção será anunciada no final de abril.

O cineasta foi ao evento ano passado para apresentar o filme "Aquarius", que concorreu ao prêmio Palma de Ouro, entregue para a melhor produção do festival. Além do pernambucano, a produtora Diana Bustamante Escobar, o jornalista Eric Kohn, a diretora do Metropolis Art Cinema Hania Mroué e o ator Niels Schneider completam o júri. 

A Semana da Crítica é uma mostra paralela do Festival de Cannes, reunindo sete filmes que entrarão na disputa pelas estatuetas de "Melhor Filme" e "Revelação". Os curtas-metragens não serão deixados de lado e concorrem ao troféu de "Descoberta". Este prêmio revelou no passado cineastas como os mexicanos Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu, além do argentino Santiago Mitre.

O 70º Festival de Cannes acontecerá entre 17 e 28 de maio. O júri dessa competição será presidido pelo diretor Pedro Almodóvar.

Polêmica em "Aquarius"

A sessão de gala do filme brasileiro em Cannes foi marcado por protestos contra o governo do então presidente interino Michel Temer. No tapete vermelho, o cineasta e os atores, incluindo Sônia Braga, que renasceu para as telonas após o projeto, mostraram placas com com os dizeres "Brasil vive um golpe de Estado", "54.501. 118 votos desprezados", "O mundo não precisa aceitar um governo ilegítimo" e "Dilma, vamos resistir com você".

Um dos presentes abriu a camisa para deixar à mostra uma camiseta com a frase "Super Dilma", em referência à Dilma Rousseff, afastada em maio de 2016 de seu cargo no âmbito da abertura de um julgamento de impeachment.

Jornalistas que acompanhavam a sessão aplaudiram a manifestação em apoio. "Aquarius" foi elogiado no evento, mas perdeu a Palma de Ouro para "Eu, Daniel Blake".

Críticas

Marcelo Calero, Ministro da Cultura do governo Temer no último ano, criticou na época o protesto feito pela equipe do filme. Após alguns dias, Sônia Braga o rebateu em carta aberta publicada no Facebook.

"Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um país inteiro? Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato", escreveu.

O filme passou por nova polêmica após não ser escolhido como representante brasileiro ao Oscar, apesar da própria "Variety" apontar a brasileira como uma possível concorrente ao prêmio de "Melhor Atriz".

Em agosto do ano passado, Kleber Mendonça Filho disse não estar surpreso com o filme fora do Oscar e apontou que a escolha por "Pequeno Segredo", do diretor David Schurmann, foi "em total sintonia com a realidade política do Brasil".

*com informações da AFP