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Atriz de "The OA" diz que teorias de fãs e trama verdadeira têm mesmo peso

Paz Vega em cena de "The OA" - JoJo Whilden/Netflix/Divulgação
Paz Vega em cena de "The OA" Imagem: JoJo Whilden/Netflix/Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em Miami*

29/03/2017 04h00

"The OA" estreou sem alarde, mas logo se tornou um fenômeno: a combinação de ficção científica, espiritualidade e muitos mistérios fez com que a série da Netflix dominasse as redes sociais. Não faltam teorias e especulações sobre o destino de Prairie Johnson (Brit Marling), jovem que ressurge após passar sete anos sequestrada e revela seus traumas a um grupo inusitado de novos amigos. Mas se a protagonista mente ou realmente é o que diz ser, pouco importa para a atriz Paz Vega, que está no elenco como Renata, uma das colegas de cativeiro de Prairie.

Fã das teorias e da "imaginação maravilhosa" dos espectadores da trama, a espanhola de 40 anos acredita que, no fim das contas, não há diferença entre a ficção criada por Brit e Zal Batmanglij e aquela criada por fãs.

"Para mim, pessoalmente, as teorias e o que Brit escreve têm o mesmo peso. Se é verdade, se ela está louca, se está em coma, é o mesmo", diz Paz a um grupo de jornalistas latinos em Miami. "O que me fascina nessa história é o poder de cura que as histórias têm. No fim, é um conto, você acredita ou não. Mas as cinco pessoas que se reúnem com esse anjo, a OA, e acreditam nessas histórias, estão sendo curadas de seus problemas. E realmente ela os ajudou, serviu de anjo da guarda. Então se é mentira [as teorias], dá no mesmo. É como a religião, você pode crer em Deus ou não, mas não o viu".

A própria Netflix deu munição às teorias ao publicar um vídeo em que traçava comparações entre Prairie e a protagonista mirim de "Stranger Things", Eleven (Millie Bobby Brown) --ambas submetidas a experimentos desumanos contra suas vontades. Mas a atriz não arrisca um palpite. "Você vai ter que perguntar para a Netflix", diz, bem-humorada. Já quanto ao destino de Prairie, deixado em aberto ao fim da primeira temporada, ela está mais certa: "Obviamente, não é tudo um sonho, há um pouco de verdade nisso”.

Prairie Johnson (Brit Marling) e Hap (Jason Isaacs) em cena da primeira temporada de "The OA", da Netflix  - Divulgação/Netflix  - Divulgação/Netflix
"The OA" provocou várias teorias entre fãs
Imagem: Divulgação/Netflix

Nem os atores, aliás, ficaram imunes aos mistérios da série. Paz chegou ao set de filmagens da trama, em Nova York, apenas com as informações do roteiro. "Foi desconcertante, porque cheguei e me colocaram nessa jaula. E todas as questões que aparecem [na série] para mim apareceram quando eu pisei lá. Descobri tudo isso pouco a pouco", lembra.

Cientista louco?

Ainda sem saber se estará ou não na segunda temporada da série, confirmada no início do ano pela Netflix, Paz afirma que gostaria de ter a oportunidade de desenvolver mais a personagem, uma musicista cubana que apareceu em apenas três de oito episódios. "Ela gera muitas dúvidas, muitas questões, deixa muito ao ar. É uma mulher que teve uma experiência de quase morte, que se sente presa a uma ilha, fisicamente, mas que faz viagens a outros universos, dimensões. E ela só tem atração por homens mais novos, e não se sabe por quê. Se estiver na segunda temporada, é uma pergunta que gostaria de resolver".

E apesar de sua Renata ser uma das vítimas do cientista Hap (Jason Isaacs), que sequestrou diversas pessoas que quase morreram para estudar a vida após a morte, a artista diz entender as ações do vilão. "Creio que ele tem uma missão e que ele acredita que esse estudo mudaria a forma de pensar da humanidade. Às vezes, você tem que se sacrificar para conseguir resultados. Não acredito que esse cientista seja tão mau e tão perverso. Creio que é justificável o que ele está fazendo porque o sofrimento de cinco pessoas, ou mais, se levar até onde ele quer chegar, vale a pena”.

Os próprios sequestrados, argumenta Paz, também sabem que são parte de algo maior. "Há esses cinco anjos, presos, que estão sofrendo muito, mas por algo que eu acho que eles sabem que vale a pena. Eles têm a consciência de que estão em um experimento que no fundo vale a pena, porque eles mesmos estão descobrindo o dom que têm e se deixam investigar".

E o retrato que a série faz da vida após a morte, com uma deusa que recebe Prairie e dá a ela a oportunidade de rever seu falecido pai, é visto com interesse pela atriz. "Gostaria de saber que poderia encontrar meus entes queridos e abraçá-los. Creio que isso é o mais humanamente desejável. Céu, inferno, é algo muito básico, não me convence". 

*A jornalista viajou a convite da Netflix