Atores de "13 Reasons" querem que série mude maneira como pessoas se tratam
Não faz nem uma semana que a série "13 Reasons Why", da Netflix, está no ar e já causou barulho: no Brasil, a história que gira em torno dos 13 motivos que levaram a jovem Hannah Baker (Katherine Langford) a tirar a própria vida levou aos trending topics do Twitter a hashtag #NãoSejaUmPorquê, provocando debates online sobre bullying e suicídio.
Reações assim já eram esperadas pelos atores da trama. Dylan Minette ("Goosebumps", "Scandal"), que na série vive o atormentado co-protagonista Clay Jensen, espera que as pessoas discutam o que estava acontecendo na vida de Hannah. "Se conhecem alguém que esteja nessa posição, [espero que discutam] como podem ajudá-la", diz o ator de 20 anos ao UOL. "Espero que possam mudar a maneira como tratam os outros, porque o grande objetivo [da série] é fazer as pessoas perceberem que a menor coisa que você diz para alguém pode ter um impacto de vida ou morte. É preciso ter consciência disso".
Já Christian Navarro ("Vinyl"), que interpreta o misterioso Tony Padilla, acredita que a série também pode ajudar quem passa por situação semelhante à de Hannah e não vê solução para os problemas. "Acho que uma das coisas que acontece com os adolescentes é que eles não sentem que podem se identificar. E ver alguém passando pelo que eles estão passando, ver os amigos interagindo e lidando com a situação, acho que torna isso mais acessível. Você pode se identificar: 'Eu estive lá, eu conheço pessoas assim'. É um quebra-gelo, torna as coisas mais fáceis".
Glamourização?
A conexão com casos parecidos na vida real faz com que os atores sintam mais responsabilidade de falar sobre o tema. Christian lembra o caso de uma garota, também de 17 anos, que cometeu suicídio pouco após as filmagens da atração se encerrarem. "Foi aí que senti o impacto da série. Ela estava a uma semana de se formar no ensino médio e achou que não conseguia. Sinto um pouco de responsabilidade, porque quero que as pessoas saibam que você pode continuar, que essa não vai ser sua única opção. Espero que as pessoas que assistam percebam isso: 'Eu aguento mais uma semana, eu aguento mais um ano'".
Na trama, diversos episódios de bullying, machismo e abuso vão se acumulando como uma bola de neve que contribui para a decisão trágica de Hannah. Mas, mesmo que saiba como tudo vai acabar, o espectador acaba torcendo pela protagonista, o que é um dos méritos da série na opinião de Dylan. "Como não glamourizar o que a Hannah faz? É fazendo você se apaixonar por ela, se importar com ela, e deixando você de coração partido com a ideia de ela tirar a própria vida. Você sabe como a história vai acabar, mas no meio você já esqueceu e pensa: 'Acho que ela vai sair dessa'".
Para lidar com as emoções de dois personagens que passam por um processo intenso de luto ao longo dos 13 episódios da série, o elenco contou com a ajuda de especialistas: médicos e psicólogos conversaram com os atores para discutir o que passava uma pessoa no lugar de Hannah ou de Clay.
E muita ajuda veio também dos fãs do livro homônimo de Jay Asher, no qual a série é baseada. "Muitas pessoas entraram em contato com a gente para compartilhar suas histórias. Pessoas que estavam lidando com isso, ou leram o livro e tiveram a vida transformada. Eles nos passaram suas experiências e isso foi profundo. Ficam na sua mente enquanto você está trabalhando em algo assim", lembra Chris.
Amizade e trilha sonora
A amizade de Clay e Tony é uma das mais peculiares de "13 Reasons Why". Enquanto o primeiro escuta as fitas, o segundo tenta guiá-lo por elas, mantendo segredo sobre sua ligação com Hannah. Não à toa, Clay, em certo momento da série, se irrita e acaba chamando Tony de "Yoda inútil". "Nós não nos gostamos, foi muito difícil", brinca Christian. "Uma experiência terrível", completa Dylan, aos risos.
E se na ficção é Tony quem traz o ar musical da série com suas mixtapes, na vida real foi Dylan, que é cantor e toca na banda The Narwhals, que apresentou a Christian vários sons diferentes. "Dylan é um músico incrível. Tem uma banda, canta, vi eles tocarem umas duas vezes e foi incrível. E ele me apresentou tantas músicas no set. Eu era ignorante, e agora estou iluminado", conta, rindo.
O dedo de Dylan, aliás, também está na trilha sonora da série: ele deu várias sugestões de músicas, incluindo "Love Will Tear Us Apart", do Joy Division, que encerra o primeiro episódio. "Eu realmente lutei pelas canções clássicas que aparecem. Joy Division, The Cure, The Smiths, há uma coisa atemporal nisso, e também uma nostalgia no Mustang do Tony, nas fitas e no walkman", diz ele, que vê a série como um entretenimento para todas as idades, apesar de ser voltada aos adolescentes. "Acho que pessoas que varias gerações podem encontrar algo que gostam ali".
Apesar da familiaridade com a música, o intérprete de Clay admite que ele mesmo já se atrapalhou com fitas-cassetes, possivelmente desconhecidas por boa parte dos espectadores mais jovens. "Meu pai tinha um aparelho de som como o que aparece no primeiro episódio. E tinha um momento de você apertar o botão errado, mas é divertido, é o que a maioria das pessoas faria. Você tenta apertar o play, mas na verdade ejeta a fita. Esses adolescentes não vão apenas pegar o walkman e apertar o play, eles vão pensar: 'O que tenho que fazer com isso?'".
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