Senta que lá vem história: Qual a relação entre Stephen King e o cinema?
Estima-se que Stephen King já tenha vendido mais de 350 milhões de livros em todo o mundo. E desde 1976 o escritor bate ponto em Hollywood. Só para este 2017, por exemplo, três projetos estão encaminhados: "Torre Negra", o remake de "It: A Coisa" e a série anunciada "Castle Rock".
O estreante "Carrie, A Estranha" colocou King como uma aposta da literatura de horror e suspense. Do rascunho resgatado do lixo pela mulher dele, Tabitha Spruce, à versão para as telonas dirigida por Brian de Palma, o autor viu sua carreira decolar com a trama da tímida menina com poder telecinético.
"O Iluminado", "A Hora da Zona Morta", "Conta Comigo", "Louca Obsessão", "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de um Milagre" são algumas das produções baseadas na bibliografia de King que fizeram fama nas telonas.
Mas, afinal, por que Stephen King é tão visado entre cineastas? O que falam suas histórias e o que levam milhares de pessoas a entrar nesse universo fantástico da pacata cidade de Portland, no Maine, terra natal do autor?
Personagens
Enquanto uns marcam pela simpatia, outros são lembrados pelos poderes. John Coffey, por exemplo, junta os dois. O condenado por engano pelo estupro de duas garotas que carregava a dor do mundo no corpo ainda é lembrado em "À Espera de um Milagre". Em outro viés estão Jack Torrence, o louco personagem retratado nas telonas por Jack Nicholson em "O Iluminado", e o demônio Pennywise, de "It: A Coisa".
King não fica restrito apenas a abordagem física de seus protagonistas, mas também entra na mente doentia de cada um. Cada obra escrita é rica em detalhes do que sentem e como se comportam as figuras, o que facilita na hora de deslocar a trama para o cinema.
Em uma conversa com o próprio Stephen King, o escritor George R. R. Martin - saga "A Guerra dos Tronos" - analisou que diferente de outras obras em que o terror é externalizado, King mostra também que "as pessoas são as verdadeiras vilãs".
Histórias
"Ele é um excelente contador de histórias", opinou o cineasta Frank Darabont para a coleção "Creative Screenwriting". "Ele roda a história de uma forma antiga que acaba sendo envolvente, muito detalhada", completou o diretor responsável por "Um Sonho de Liberdade", "À Espera de um Milagre" e "O Nevoeiro", todas obras de King.
A criatividade do autor é um atrativo para os produtores, principalmente por ser versátil. King consegue falar de vampiros, demônios e poderes sobrenaturais, mas também apresenta suas versões do que é o amor, a amizade e a coragem.
Cada livro carrega uma valiosa cultura do que o público gostaria de ver. Pode ser a fascinação por temas sombrios ou a força do amor, não importa, de algum jeito você se sente fisgado em um ponto do enredo.
Infância
Já parou para pensar como você era com 11 anos, a idade que as crianças de Derry enfrentaram A Coisa pela primeira vez? A infância simples e nada tecnológica retratada por King nas obras é fascinante, principalmente se formos compará-la com o que vemos hoje.
As crianças viviam nas ruas, sempre com suas bicicletas, se aventurando pelas fictícias cidades pacatas --e assustadoras-- do estado preferido do autor. O escritor passeia pelos momentos que mais marcam a infância, como o primeiro amor e a força da amizade, de forma simples e delicada.
King abraça os rejeitados, os que não eram populares na escola e nunca se sentiram valorizados. Frases marcantes sempre se encaixam nas histórias como o diálogo entre Gordie e Chris em "Conta Comigo", em que Gordie questiona o amigo se ele o acha "estranho: "Sim, mas e daí? Todo mundo é estranho".
O cinema adora isso.
Maine
Esqueça as grandes metrópoles. Tudo - ou quase tudo - de sobrenatural nos Estados Unidos é culpa desse estado, o Maine.
A nova série "Castle Rock", parceria entre King e o cineasta J.J. Abrams, vai mostrar o universo maligno das obras "A Hora do Vampiro", "Trocas Macabras" e "It: A Coisa".
Algumas localidades, como a prisão de Shawshank, sempre aparecem nas obras, o que traz uma sensação de visitar um velho amigo a cada livro.
Sobrenatural
Talvez a característica mais marcante quando se pensa em Stephen King. Histórias assustadoras vendem e a tecnologia fez com que os produtores pudessem incrementar cada vez mais o segmento de horror.
Do cemitério que devolve a vida em "O Cemitério Maldito" ao assustador cachorro "Cujo" passando pelos seres alados em "O Nevoeiro", o autor retrata suas versões daquilo que fascina tanto o público: o medo.
King tem a visão de um cineasta, basta ler suas descrições em cenas perturbadoras, o que é um obstáculo a menos para chegar ao grande público do cinema.
Poderes, forças ocultas e a batalha entre o consciente e o inconsciente marcam o trabalho do escritor, que completa 70 anos em setembro deste ano. "Ele é um analista da alma humana, se você desejar, assim como os melhores contadores de histórias são", decretou Darabont.
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