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Bruno Fagundes fala sobre beijo gay em "Sense8": "Receio nenhum"

O ator Bruno Fagundes, que fará uma pequena participação em "Sense8"  - Reprodução/Instagram
O ator Bruno Fagundes, que fará uma pequena participação em "Sense8" Imagem: Reprodução/Instagram

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

02/05/2017 04h00

Aos 27 anos, Bruno Fagundes fará sua estreia internacional nesta sexta-feira (5), data de lançamento da segunda temporada da série “Sense8", criada pelas irmãs Wachowski (“Matrix”). A participação do ator, filho de Antonio Fagundes, será curta, mas promete dar o que falar nas redes sociais: em uma das cenas gravadas em São Paulo, ele aparece beijando outro homem.
 
Recusado para outro papel da série por ser jovem demais, Bruno foi convidado a fazer uma ponta pela diretora Lana Wachowski, que gostou de seu teste. Apesar de o beijo gay ainda ser um tema controverso na TV brasileira, ele não teve receio em aceitar a oferta. “Receio nenhum. Como ator, sou uma ferramenta para dar vida a todo e qualquer personagem e, assim, honrá-lo, respeitá-lo e defendê-lo com todo meu empenho e profissionalismo”, afirma o ator ao UOL.

Enquanto “Sense8” e produções americanas como “How to Get Away with Muder” mostram abertamente beijos e sexo gay, no país esse tipo de cena ainda é tratada com cautela, e a recepção do público oscila: o selinho de Mateus Solano e Thiago Fragoso no final de “Amor à Vida” foi bem aceito; já o de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg em “Babilônia”, nem um pouco. Na opinião de Bruno, essa diferença de tratamento nos dois países passa pela educação.

“Infelizmente, a educação no nosso país é deficitária assim como cultura, saúde etc quando comparada à dos EUA. Portanto, o diálogo sobre questões primordiais para a sociedade fica em segundo plano. Não é só uma questão de machismo ou da sociedade em que estamos inseridos. Nos EUA, desde muito cedo se fala disso, de uma forma bastante aberta e natural. O entretenimento lá absorve e traz às claras um reflexo real e necessário do que é, hoje, o mundo. Infelizmente, por aqui isso se torna alvo de preconceito, ignorância, ódio e tabus”, avalia.

Mas uma série como “Sense8“, que retrata oito indivíduos de origens, gêneros e orientações sexuais distintas, pode ajudar a quebrar preconceitos, frisa o ator. “Não sei se quebram por completo, mas, definitivamente, ajudam a jogar luz sobre o tema. Acho a série necessária e atribuo o grande sucesso à forma corajosa como as Wachowskis contaram cada uma daquelas histórias, enfrentando tabus de forma audaciosa, com bom gosto e respeito”.
 
“No final das contas, elas focaram no que é realmente importante: a humanidade, a compreensão e união de cada um daqueles personagens”, continua. “Quando o público entende quem são aquelas pessoas e todas as suas dores, que são praticamente as mesmas para todos nós como seres humanos, a orientação sexual fica quase irrelevante. Precisamos olhar para dentro, para o que realmente importa”.
 
Questionado sobre uma possível carreira internacional, Bruno se diz aberto às várias possibilidades da profissão. “Sou um ator, com orgulho. Quero tudo que minha profissão puder me oferecer e me esforço diariamente para não parar tão cedo. Não sei aonde este investimento vai me levar, mas estou preparado e disposto a dar passos largos. Aqui ou mundo a fora."