Gibi inflacionado e flagra de genitália: O Brasil antes do Plano Real
Acha que a vida está difícil? É porque você não viveu na época em que a inflação batia mais 40% ao mês e um litro de leite tinha tantos zeros quanto seu salário.
Esses tempos de moeda desvalorizada e preços flutuantes, que mudavam de um dia para o outro, estão de volta no filme “Real – O Plano por Trás da História”, de Rodrigo Bittencourt, que estreia nesta quinta-feira (25), sobre a caótica economia brasileira em 1993, antes da chegada do Plano Real.
Eram tempos em que até mesmo os gibis sofriam com a inflação, como lembra o ator Juliano Cazarré, na pele de um político no filme, e que o ápice da modernidade ainda era o Walkman preso na cintura.
Tem quem diga que 1993 é o ano que entrou para o museu. E a gente não pode nem discordar:
Collor havia acabado de renunciar à presidência, e advinha quem entrou no lugar?
Não, não foi o Temer
Mas fora a cruzada para emplacar a nova moeda, Itamar Franco quase foi derrubado da cadeira presidencial por uma genitália em um clique polêmico em pleno Carnaval de 1994. Para quê vazar áudios, não é mesmo?
O Ego ainda não existia, mas nós damos a ficha: A moça sem calcinha é Lilian Ramos, conhecida no Carnaval carioca, e que se tornou apresentadora de TV em Roma.
Não era todo dia que dava para ir ao cinema, que ainda tinha seu maior circuito nas ruas.
Esse era o Cine Metro, na avenida São João, no centro de São Paulo, que fechou as portas em 1997.
Quando sobrava uma graninha, a gente corria para assistir:
Dá para acreditar que vamos ver uma versão em carne e osso desse filme em breve?
Na época, a produção brasileira era quase inexistente. Collor havia extinguido a Embrafilme, produtora e distribuidora estatal. O cinema nacional só seria retomado cinco anos depois.
Mas, enquanto isso, as locadoras bombavam:
Que delícia era assistir todo esse ritual no início da fita!
Só que não.
Era a época também de "O Guarda-Costas”:
Sua mãe devia ter esse vinil!
CD ainda não havia entrado com força no mercado, e Discman era a prova de que no futuro tudo seria possível.
Para os reles mortais, no entanto, o investimento ainda era o Walkman: Só CR$ 25.900!!!
O jeito era pedir pra tia sacoleira trazer do Paraguai.
O ator Norival Rizzo, que interpreta Fernando Henrique Cardoso no filme, havia acabado de comprar uma casa e logo percebeu que não conseguiria quitá-la. Sem muito incentivo, o teatro também ia de mal a pior. O jeito foi complementar o orçamento com compra e venda de carros. “A gente tinha que comprar um carro e vender no outro dia, porque se demorasse dois dias, ficava o prejuízo”, conta o ator.
“Meu pai, dia sim dia não, pegava o salário, tirava de uma conta, colocava em outra, corria para o mercado”, relembra Juliano Cazarré, ele mesmo vítima da inflação, mesmo ainda criança: “Eu lembro de ter essa angústia desde os 9, quando comecei a comprar gibi. O preço da Turma da Mônica aumentava toda hora."
Mas Cazarré guarda uma lembrança boa: “A MTV deu um salto louco na minha adolescência”
No “Top 20 Brasil” esse ‘one hit wonder’ estava sempre em 1°:
Os clipes do Aerosmith também tocavam 24 horas na programação:
Liv Tyler e Alicia Silverstone! <3
O Nirvana tinha acabado de lançar “In Utero” e estava no Brasil para um show no Hollywood Rock
Mas foi Michel Jackson que fez o Brasil parar com seu "Dangerous Tour"
Bem longe da tecnologia de compra de ingressos pela internet, as entradas eram vendidas apenas na C&A
Sandy já existia e estava lá ao lado do Rei do Pop!
Quem vendia como água era um tal de Zezé di Camargo e Luciano. Em 1993, a dupla vendeu mais 1 milhão de cópias do terceiro disco:
Faz mais uma vez comigo, ô ô ô
A Legião Urbana também estava com disco novo, com uma politizada canção de Renato Russo, "Perfeição":
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação
Agora pensando: As coisas nem mudaram muito...
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