A febre do drama! Novelas coreanas invadem streamings e são vício no Brasil
Nos anos 80 e 90, quando o amor romântico ainda estava na moda, era comum as meninas colecionarem papéis de carta. As folhas decoradas com casais envolvidos em uma atmosfera de muito amor e fofura sumiram depois da internet, mas podem ter encontrado um correspondente na era digital: os dramas coreanos.
Também conhecidas como k-drama, as produções são febre entre jovens do mundo todo e invadiram os serviços de streaming brasileiros. Estão em sites como o DramaFever e o Vik, especializados no gênero, e também na Netflix.
Parte da “onda hallyu”, movimento de popularização da cultura sul-coreana que tem como maior expoente os grupos de k-pop, o k-drama é uma mistura de série e novela. Onipresente na programação televisiva da Coréia do Sul, as produções são lançadas em número pequeno de episódios (entre 15 e 25). Já a narrativa é quase sempre centrada em um romance impossível e se assemelha às novelas.
Coréia is the new México
“Costumo brincar que a novela coreana é a nova novela mexicana. Às vezes parece meio brega, mas cativa, é viciante. Você quer saber o fim da história, quer sofrer junto com o casal”, diz Natália Pak, criadora do site SarangInGayo, portal especializado em cultura coreana, em entrevista ao UOL.
A febre global dos dramas começou em 2002 com a novela “Winter Sonata”. A história de amor dos jovens Yoo-Jin e Jun-Sang, interrompida por uma tragédia, conquistou seu país de origem, foi exportada para a China e chegou aos Estados Unidos e América Latina por meio dos fansubs, grupos de fãs que criam legendas e disponibilizam os episódios para download na internet.
Por muito tempo, esse era o único meio de acesso aos k-dramas no Brasil, lembra a carioca Babi Dewet, escritora, YouTuber e k-popper, nome dado aos fãs de pop coreano. “Todo o meu interesse pela cultura da Coréia começou por causa dos dramas. Uma amiga que era fã de filmes de Bollywood e novelas asiáticas assistiu um drama coreano e falou: ‘É a sua cara’”.
O drama que conquistou Babi era “Boys Over Flowers”. Espécie de “High School Music”, a produção foi lançada em 2009 e tinha como atrativo o fato de ser protagonizado por “idols”, como são chamados os atores e/ou cantores de k-pop, que se destacam não só pelo talento, mas também por serem bonitos.
“Fiquei apaixonada e fui pesquisar as músicas. Foi aí que eu conheci o k-pop e comecei a estudar a Coréia”, conta Dewet, que este ano lança um livro, escrito em parceria com Pak, sobre a cultura pop coreana. “Boys Over Flowers” foi também o primeiro grande trabalho do ator Lee Min-ho, um dos maiores expoentes do k-drama. “Ele é lindo, é o meu preferido”, revela a YouTuber.
Ao lado da atriz Park Shin-hye, outra grande estrela do k-drama, Min-ho é o protagonista de “Heirs”, que é considerado pelo site DramaFever um “drama de entrada” para o público brasileiro. “Já faz três anos que estamos no Brasil e o “Heirs” sempre está no nosso top 10”, conta Air Filho, representante da plataforma. A história é narrada no Ensino Médio e mostra a paixão de uma menina pobre pelo herdeiro de uma fortuna.
Com funcionamento por assinatura mensal ou anual, o DramaFerver tem um catálogo de 500 produções, entre dramas coreanos, japoneses, chineses e taiwaneses. Alguns são disponibilizados de graça para quem não é adepto do serviço. “O Brasil é o segundo maior mercado em termos de assinantes e vídeos assistidos, perdendo só para os EUA e ganhando de países como Canadá e México”, afirma Filho. Segunda ele, a plataforma tem 21 milhões de visitas mensais no desktop e o Brasil representa 9% dos acessos.
Mas afinal, por que os brasileiros gostam?
Em baixa nas séries de TV e até mesmo nas novelas nacionais, o romance tradicional é o que fez o k-drama cair no gosto dos brasileiros. “Até mesmo os dramas de guerra têm uma história principal sobre amor”, diz Natália.
O diferencial, segundo Babi, é o “foco no processo, nas pequenas emoções e não na pegação”. “No drama coreano, pegar na mão de alguém é uma coisa muito importante”, explica.
O contato físico em cena tem até um termo próprio: skinship e é tão valorizado que as atrizes são entrevistadas sobre o que sentiram nas gravações. “Seria uma mentira dizer que meu coração não acelerou quando tivemos um contato”, diz a atriz Bae Suzy em uma reportagem sobre o drama “Gu Family Book”.
E outros tipos de interações românticas? Está liberado? Alerta de spoiler: Se você quiser ver um beijo num drama coreano vai precisar assistir até o final.
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