Filme "Soundtrack" é brasileiro, mas tem ator (e neve) de "Game of Thrones"
“Soundtrack” chega aos cinemas nesta quinta (5) como o primeiro filme brasileiro filmado no Ártico. Ou quase.
O que se vê na tela é sim uma estação de pesquisa polar, lugar em que o fotógrafo Cris (papel de Selton Mello) busca inspiração para um novo projeto artístico. Mas, na verdade, os atores pisaram em um lugar nada inóspito: Um grande estúdio em plena Barra da Tijuca, na zona oeste ensolarada do Rio de Janeiro. A temperatura era até tolerável: 8°C, mantida por ar-condicionado.
Todo o restante no filme —das geleiras ao horizonte branco e limpo— foi construído digitalmente no fundo de chroma key. Já a neve no chão, mesmo de mentira, veio de Londres, da empresa de efeitos especiais Snow Business, que emula flocos de gelo na série “Game of Thrones”.
“É um tipo de equipamento que não vale investir no Brasil. Nenhuma empresa tem como pagar milhões de dólares para montar um equipamento e usar uma vez por ano numa publicidade”, diz Bernardo Dutra, a metade da dupla 300 ml, curiosa marca que assina a direção do filme. “Afinal, sempre usam sal quando precisamos gravar um fragmento de um comercial.”
E este não é o único reforço vindo das terras de Westeros. O inglês Ralph Ineson, que vestiu o manto do guerreiro Dagmer Cleftjaw na série, fecha o trio de protagonistas, ao lado de Selton e Seu Jorge.
Nesse Ártico de mentirinha, ele é um especialista em aquecimento global que vai compartilhar a acomodação com Cris —e diferentes pontos de vista a respeito da arte e da ciência.
Vender carro x falar de arte
Criada há mais de 10 anos, a partir do encontro entre Bernardo Dutra e Manitou Felipe na publicidade, a marca 300 ml estreia seu primeiro longa-metragem após fazer barulho com o popular “Tarantino’s Mind” em 2006. O primeiro experimento fora das agências rodou as redes sociais ao colocar Seu Jorge e Selton Mello para discutir teorias a respeito dos filmes de Quentin Tarantino.
Desde aquele momento, a dupla sabia que se dedicaria ao cinema novamente, mesmo viajando o mundo nos últimos anos para gravar filmes publicitários para marcas internacionais. Ralph Ineson entrou no projeto em um desses momentos, no casting para uma filmagem na Inglaterra.
Os anos na área fizeram com que a dupla absorvesse muito conhecimento das técnicas e efeitos. “É uma constante filmar no Rio de Janeiro e não poder mostrar que é o Rio de Janeiro de jeito nenhum”, conta Manitou. “Você precisa estudar seu olhar para não entregar uma cidade tão famosa.”
O mais interessante é que “Soundtrack” não cai na armadilha da pirotecnia técnica e de roteiro raso. A história é cheia de significado e nuances. “A gente sempre quis fazer cinema, mas fazer algo especial. Que fosse um projeto relevante”, diz Manitou. E compara: “É uma profundidade muito maior. O objetivo é o filme em si. E isso já é uma diferença colossal. Não é vender carro”.
Com poucas cenas em português, “Soundtrack” tem distribuição internacional garantida para os próximos meses.
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