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Disk-sexo com ETs, neuroses e um Brasil bizarro: Tudo em um filme de 5 min.

Cena do curta "Namoro à Distância" - Divulgação - Divulgação
Cena do curta "Namoro à Distância"
Imagem: Divulgação

Natalia Engler

Do UOL, em São Paulo

16/08/2017 04h00

Um homem se muda para Varginha, MG, meca de quem almeja fazer contato com extraterrestres, para participar de um programa de disk-sexo com ETs. Ou quase isso. Foi com essa trama que a paulistana Carolina Markowicz conquistou um lugar na seleção do Festival de Toronto. Seu curta “Namoro à Distância” é uma das duas únicas produções brasileiras (ao lado do longa “Motorrad”) a participar do evento, realizado em setembro na cidade canadense.

O vídeo de cinco minutos começa com a narração do protagonista, o ator uruguaio Matías Singer, dizendo que despreza neuroses comuns como medo de altura, multidão, animais rastejantes, doenças ou avião. Seu único desejo, desde a puberdade, “é poder, finalmente um dia, praticar atividade sexual com um extraterrestre”.

Para isso ele se muda para o Brasil, e passa seu tempo em uma ex-base militar, ouvindo ruídos vindos do espaço, que ele interpreta como “putarias e xingamentos”. Às vezes também se masturba, mas só quando consegue ver Vênus.

“Não teve um pensamento muito lógico”, conta Carolina, sobre como surgiu a ideia, digamos, curiosa. “É mais uma brincadeira com neuroses cotidianas, quando ele faz pouco caso com coisas como medo de avião, disso, daquilo. Nada daquilo importa, o lance dele é o negócio com extraterrestres mesmo. Tem um pouco essa crítica a essas coisas clichês que todos nós temos”.

Brasil bizarro

Também entra na mistura uma leve crítica à situação do país. “Foi um jeito também de deixar tudo isso em segundo plano, assim como as coisas absurdas que acontecem no Brasil”, explica a cineasta, lembrando que o personagem diz: “Dizem que tudo é possível no Brasil. É verdade. Só aqui consegui encontrar esse grupo com interesse similar”.

“Foi uma coisa meio satírica, de achar uma coisa completamente bizarra e colocá-la como possível no Brasil”, continua Carolina. Realmente, com tantas coisas surreais acontecendo no país, não parece estranho imaginar um grupo de pessoas que queiram transar com ETs. Mas essa parte é ficção.

“Sexo com ETs eu não conheço, acho que foi uma invenção. Foi a mais pura viagem. Mas você nunca sabe”, brinca.

Oportunidades

Em Toronto, “Namoro à Distância” concorre ao prêmio de melhor curta-metragem, mas Carolina prefere não ter expectativas e focar em outras oportunidades que podem aparecer por lá.

“Dos festivais que eu já fui, Toronto é o que mais promove um networking entre jovens cineastas e distribuidores, produtores, agentes. Para uma pessoa como eu, que está desenvolvendo o primeiro longa, é muito importante mesmo, pelos contatos, e para poder agilizar a produção do meu primeiro filme”, diz.

Depois de quatro curtas, Carolina espera começar a filmar seu primeiro longa em 2019, e atualmente está buscando grana para o projeto. “É uma história de humor negro sobre máfia, que se passa parte aqui no Brasil, parte na Tríplice Fronteira”. Sem ETs, desta vez.