Da musa Ana Raio ao medo do sucesso: Por onde anda Ingra Lyberato?
Ela foi uma das musas da televisão brasileira no início dos anos de 1990. Quem não se lembra de Ana Raio? Ingra Lyberato, hoje aos 50 anos, fez outros trabalhos desde então, como a Celina de "Balacobaco", exibida pela Record em 2012, mas é o papel da peoa que conquistou Zé Trovão (Almir Sater) que ainda lhe traz muitas lembranças. E que tem tudo a ver com a onda de mulheres fortes que toma conta da TV e do cinema.
"Agora que estou me dando conta de quanto era moderno. Ela era muito empoderada", lembra a atriz baiana, em conversa com o UOL, ao falar sobre "A História de Ana Raio e Zé Trovão", exibida na Manchete entre 1990 e 1991. "Ana Raio competia com os homens e ganhava. Na primeira competição que ela participou, ela se vestiu de homem e ganhou do Zé Trovão, depois que descobriram que ela era uma mulher. Ela teve dois namorados e ninguém julgava isso. Era uma atitude de protagonista à frente do tempo".
Dirigida por Jayme Monjardim, a novela queria mostrar "o Brasil que o Brasil não conhece" e deixou para a artista uma paixão: os cavalos. "Quando acabou a novela, eu parei de atuar por quatro anos e fui criar cavalo. Fui estudar cavalos lusitanos, trouxemos de Portugal e tivemos uma bela criação. Mas era incompatível. Não dá para você criar cavalos e morar na cidade grande. É uma coisa de cuidado diário, de acompanhamento, e eu tive que fazer uma escolha".
Isso não significa, no entanto, que ela tenha abandonado esse universo: Ingra prepara a série "As Amazonas", que está sendo gravada no Brasil e em outros países. "Eu viajo pela América Latina mostrando mulheres que são amazonas, que trabalham nesse universo, que são apaixonadas por cavalo. São personagens muito apaixonantes".
De volta à TV
Enquanto o outro trabalho ainda não sai, Ingra volta à TV com "Perrengue", nova série da MTV que estreia na segunda-feira (21), em seu primeiro trabalho de alcance nacional desde "Balacobaco".
"Perrengue" vai explorar os dilemas da juventude e Ingra viverá Paloma, mãe da protagonista Pérola (Mariana Molina), com quem teve uma grande identificação. "Eu me vi muito na Pérola, toda a rebeldia dela, e vontade de abrir caminhos. Eu tenho muito isso, só que com muito mais experiência. Já quebrei a cara várias vezes, canalizo a rebeldia para me reinventar na minha própria vida".
A experiência, inclusive, a fez pensar em seu relacionamento com o filho Guilherme, fruto de seu casamento com o músico Duca Leindecker, que chegou ao fim em 2012. "Tenho um filho de 14 anos e uma relação que nem acho muito comum, porque deixo ele andar com as pernas dele. Converso, mas sei que ele vai passar por tudo o que eu passei".
Medo do sucesso
Ingra também está se dedicando a outra arte: a escrita. Além de escrever roteiros, ela lançou em 2016 o livro "O Medo do Sucesso", no qual recorda passagens de sua vida em que deixou de aproveitar oportunidades pelo receio de se expor. "Já parei em momentos em que eu estava muito bem. Parei com a desculpa: 'Vou descansar, vou criar cavalo', porque isso tudo é compatível, você não precisa parar. Era um certo medo do sucesso mesmo, da expansão de um momento que estava incrível. Estou mais atenta a isso agora".
Escrever o livro foi a forma que a atriz encontrou para lidar com o tema. "É muito mais fácil você não dar certo, você ficar ali no seu cantinho, não expandir tanto", afirma. "Abraçar todas as oportunidades exige muita coragem. Algumas vezes eu tive [coragem] e algumas vezes eu não tive. Vi que falar disso seria interessante para mim, como cura. Já que uma das facetas do medo do sucesso é o medo de se expor, eu resolvi escrever um livro me expondo ao máximo, sendo honesta mesmo, abrindo o jogo, incluindo as inseguranças de relacionamento pessoal, falei tudo".
Ingra percorrendo o Brasil para lançar a obra e tem recebido boas reações. "O livro só cumpriria um objetivo se eu fosse honesta comigo e com as pessoas. E com esse propósito de as pessoas se identificarem e poderem pensar sobre seus atos, suas atitudes auto limitantes. E as pessoas estão se identificando bastante". Não à toa, ela tem se dedicado ao seu segundo livro, que deve se aprofundar em temas relacionados ao autoconhecimento, e planeja lançá-lo em 2018, perto de seu 52º aniversário.
Boa forma
Hoje distante da jovem Ana Raio, Ingra continua arrancando suspiros de fãs e admiradores, mas acredita na máxima de que beleza não é tudo. "Adoro, acho ótimo. Mas existe um outro brilho que não é a boa forma, a juventude, os 20 anos. Tem um outro brilho que é belo também: da realização, da integridade, do aprendizado, da gratidão, de estar resolvendo suas questões, de estar inteira na vida. É energia".
E o rótulo de musa também não a incomoda. "Musa inspira. Você poder inspirar alguém é o máximo. Hoje entendo que tem outras coisas de busca espiritual, de amadurecimento, e o grande objetivo de compartilhar minhas experiências é inspirar outras pessoas. Nunca briguei com a minha aparência, com beleza, nada disso. Tem outras coisas além disso. Sou muito grata a tudo o que posso fazer, tudo o que tive a oportunidade de fazer, e de ser também."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.