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Hit de Anitta no filme "Como Nossos Pais" é pedido de desculpas da diretora

Laís Bodanzky - Bruno Poletti/Folhapress - Bruno Poletti/Folhapress
A diretora Laís Bodanzky
Imagem: Bruno Poletti/Folhapress

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

26/08/2017 04h00

Talvez muitos espectadores nem se deem conta, mas Anitta aparece de forma sutil em "Como Nossos Pais", drama nacional que chega aos cinemas na próximo dia 31. A música "Show das Poderosas", primeiro ritmo da carreira meteórica da jovem cantora carioca, é cantada e dançada pelas duas filhas do casal de protagonistas, formado por Maria Ribeiro e Paulo Vilhena. Parte da cena, inclusive, está no trailer nacional do filme.

A cena que precede um dos principais momentos da trama dura poucos segundos, mas não está ali à toa. Foi uma escolha pessoal da diretora Laís Bodanzky que conta que chegou até mesmo a ser questionada pela produção se o investimento realmente era necessário. "Não sei dizer se foi a mais cara do filme, mas por ser uma das músicas mais famosas dela custou uma grana. Não é algo que se compra fácil", explica sobre os direitos autorais.

Ainda que de forma singela e discreta, o uso da música no filme é como um pedido de desculpas da própria diretora. "Quando a Anitta estourou, eu tinha muito preconceito. Assumo que eu falei muito mal dela. Para mim ela vendia um imaginário de mulher objeto que quer só corresponder ao imaginário dos homens", conta a diretora de "Bicho de Sete Cabeças", "Chega de Saudade" e "As Melhores Coisas do Mundo".

"Passou um tempo e reconheço que ela está anos-luz à frente. Hoje eu entendi, então faço minha mea culpa. Ela tem toda razão. Eu estava sendo radical e recuei. Minhas filhas adolescentes têm a mesma atitude [de Anitta]. Se saem de shortinho, dizem: 'Eu me sinto bonita assim e eu quero sair assim. Quem está errado é o outro que quer passar a mão na minha bunda. Então porque eu vou mudar'. É difícil, mas uma hora tem que começar esse movimento e ficar explícito para a sociedade que a mulher faz do corpo dela o que ela quiser".

O discurso bate com o tema central do filme, que questiona o papel da mulher na família e na sociedade. Rosa, a personagem de Maria Ribeiro, se cobra para ser perfeita em todas as esferas: mãe, filha, esposa e profissional. Até que uma notícia inesperada e vários acontecimentos cotidianos fazem com que ela passe por uma jornada libertadora de transformação. Além da famosa composição de Belchior que dá nome ao filme e ficou famosa na voz de Elis Regina, a trilha sonora também conta com a música Super Mulher, de Jorge Mautner, que atua no filme como o pai artista da personagem principal.

Premiado no Festival de Cinema Brasileiro de Paris e aclamado em Berlim, o quarto longa-metragem de Laís Bodanzky tem grandes chances de levar o Kikito no 45º Festival de Gramado, a principal premiação de cinema do Brasil. O resultado sai neste sábado (26). O filme também já está inscrito para concorrer como candidato brasileiro ao Oscar. A lista dos primeiros selecionados será divulgada em 15 de setembro.