Topo

Sem surpresas, final da 7ª temporada coloca "GoT" nos trilhos de novo

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

27/08/2017 23h31

ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers do episódio final da sétima temporada de "Game of Thrones". Não leia se você não quer saber o que acontece

Após a exibição do sexto episódio da sétima temporada, um grande debate tomou conta dos fãs de “Game of Thrones”. Teria a série perdido a mão e se transformado em um novelão de alto orçamento com efeitos visuais? O público, no entanto, pode respirar aliviado após o desfecho exibido neste domingo (27), que entregou o que a série sabe fazer de melhor: um mergulho nos bastidores da intrincada política dos Sete Reinos.

Para quem se incomodou com o ritmo acelerado da temporada, que pouco permitiu o desenvolvimento de conflitos mais pessoais entre os personagens, o último episódio, o mais longo da série, foi uma volta às origens mais do que bem-vinda. E apesar de não trazer grandes surpresas e ser um pouco mais longo do que deveria, ele conseguiu colocar a história novamente nos trilhos e dar mais espaço a personagens que vinham relegados a segundo plano.

Como já é tradição nos finais de "Game of Thrones", a ação não foi o foco principal, mas o episódio entregou uma série de momentos grandiosos para a trama, incluindo o dragão de gelo montado pelo Rei da Noite derrubando a Muralha, a sangrenta morte de Mindinho (Aidan Gillen) e a transa de Jon Snow (Kit Harington) e Daenerys (Emilia Clarke).

Jaime e Cersei em cena do último episódio da sétima temporada de "Game of Thrones" - Divulgação/HBO - Divulgação/HBO
Jaime e Cersei se desentenderam pra valer. Já não era sem tempo!
Imagem: Divulgação/HBO

Reunião em Porto Real 

O encontro de três governantes – Jon Snow, Daenerys e Cersei (Lena Headey) – e seus desdobramentos ocuparam a maior parte dos 79 minutos da história e renderam momentos tensos de pura política. 

Tyrion (Peter Dinklage), Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) e a atual ocupante do Trono de Ferro, que passaram a maior parte da temporada à sombra de Jon e Daenerys, finalmente tiveram tempo para brilhar. Isso vale principalmente para o cavaleiro, que decidiu contrariar a irmã e se juntar à guerra contra os mortos – e é sempre mais interessante quando está longe dela.  

Mas comecemos pelo começo. Após a incursão além da Muralha, que resultou em um morto-vivo capturado, Jon, Tyrion e companhia desembarcaram em Porto Real acompanhados do grande exército da Mãe dos Dragões, que estava a postos caso Cersei tentasse atacá-la. Apenas não foi explicado como Verme Cinzento (Jacob Anderson) chegou lá, já que, da última vez que o vimos, ele estava encurralado no Rochedo Casterly. 

Com o grande fluxo de personagens de núcleos distintos para o mesmo lugar, reencontros eram inevitáveis: Podrick (Daniel Portman) e Tyrion, Tyrion e Bronn, Brienne (Gwendoline Christie) e Jaime, e Cão (Rory McCann) e Montanha (Hafþór Júlíus Björnsson). Sim, os irmãos Clegane se encontraram, mas não aconteceu o Cleganebowl, a esperada luta entre os dois. Sandor, em vez disso, deixou claro ao irmão que não era lá que ele iria morrer.

A entrada triunfal de Daenerys, montada em Drogon, foi o que deu o início oficial à reunião, marcada por provocações de Cersei. Como esperado, o zumbi não foi suficiente para convencer a rainha Lannister, que ficou contrariada após Jon declarar que já havia se aliado a Daenerys. A fala do Rei do Norte também não agradou Tyrion nem a Mãe dos Dragões, que chegou a lembrar a morte de seu dragão Viserion na batalha contra os White Walkers. 

O anão se voluntariou para conversar com a irmã, o que rendeu um dos melhores diálogos do episódio, cheio de referências ao passado e, particularmente, à morte do pai de ambos, Tywin (Charles Dance), assassinado por Tyrion na quarta temporada.

Cersei então surgiu diante de Jon e Daenerys para afirmar que iria se juntar à batalha. Ao ver Jaime começar a organizar as tropas, porém, ela entregou que tudo não passava de um golpe. Afinal, se o Rei da Noite acabar destruindo seus inimigos, melhor para ela. O cavaleiro, porém, rompeu de vez com a irmã e decidiu partir rumo ao Norte, no mesmo momento em que o inverno finalmente chegava a Porto Real. 

O Norte

Sansa em cena do último episódio da sétima temporada de "Game of Thrones" - Divulgação/HBO - Divulgação/HBO
Sansa condenou Mindinho à morte por traição
Imagem: Divulgação/HBO

As articulações políticas também dominaram o núcleo de Winterfell, que vinha lidando com a fraca trama da rivalidade entre Sansa (Sophie Turner) e Arya (Maisie Williams). A Stark mais velha mostrou novamente que aprendeu muito com a temporada que passou com Cersei e providenciou a morte de Mindinho (Aidan Gillen), por fim colhendo o fruto de toda a discórdia que plantou ao longo da série. Antes, porém, um leve suspense: no salão do castelo, Sansa pediu para Arya se levantar, o que levou o público a acreditar que ela é quem seria acusada. Na verdade, coube a ela executar a sentença de Petyr Baelish, usando a adaga que ele deu a Bran (Isaac Hempstead Wright). 

A cena não deixou explícito, mas deu força à teoria de que as duas irmãs estavam jogando o jogo de Mindinho para poder encurralá-lo. Mais tarde, elas tiveram um raro momento doce, no qual trocaram elogios e lembraram o pai, Ned Stark (Sean Bean).

Bran, que vinha apagado na temporada, teve aqui um papel fundamental ao usar seus dons como Corvo de Três Olhos para revelar as maldades de Mindinho – incluindo o fato de que ele foi o responsável por Ned ter sido condenado, e decapitado, na primeira temporada.

Greyjoy

Theon (Alfie Allen) não vinha tendo muito espaço desde que pulou do navio e deixou sua irmã, Yara (Gemma Whelan), ser levada por Euron (Pilou Asbaek). Mas, inspirado por uma conversa franca com Jon Snow, que o perdoou pelos crimes do passado, ele decidiu resgatá-la. Só encontrou um problema: a falta de apoio dos homens da Ilha de Ferro, que não o levavam a sério. O rapaz acabou entrando em uma luta com um dos dois homens e, quando parecia que iria sucumbir, ele conseguiu virar o jogo e ganhar o respeito dos marinheiros. 

#Jonerys

Jon Snow e Daenerys fazem sexo em Game of Thrones - Reprodução - Reprodução
#Jonerys aconteceu!
Imagem: Reprodução

Em um momento há muito aguardado pelos fãs, Jon e Daenerys finalmente consumaram o romance, o que faz crescer a ideia de que seriam eles o gelo e o fogo que dão o nome aos livros escritos por George R.R. Martin. Depois de mostrar intimidade com uma conversa que insinua a possibilidade de Dany voltar a ter filhos, o casal, já apelidado de #Jonerys nas redes sociais, transou no barco rumo ao Norte, onde irão enfrentar os White Walkers. 

A cena em questão provou, aliás, que os dias em que “Game of Thrones” abusava da nudez feminina ficaram para trás. Emilia Clarke não mostrou nada, deixando o destaque inteiramente para o bumbum de Kit Harington.

Jon é herdeiro mesmo

E se alguém ainda tinha dúvidas da paternidade de Jon Snow e de suas chances de reclamar para si o Trono de Ferro, o episódio final explicou tudo, de forma didática até demais, com uma conversa entre Bran e Sam (John Bradley), que uniram seus conhecimentos em Winterfell para concluir aquilo que o público já sabe há muito tempo: Jon é filho legítimo de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen, já que ele anulou seu casamento com Elia Martell e conseguiu oficializar a união com a irmã de Ned. Logo, como descendente de Aerys, o Rei Louco, ele está oficialmente na linha de sucessão ao trono. Como Daenerys, seu interesse amoroso (e sua tia), vai reagir à revelação?

A novidade, aqui, ficou por conta da revelação do nome real de Jon, Aegon, e da primeira aparição em cena de Rhaegar, em um flashback do casamento com Lyanna. Ficou assim comprovado que a rebelião de Robert Baratheon (Mark Addy) foi motivada por puro ciúmes. Robert alegou que Lyanna, sua prometida, havia sido sequestrada por Rhaegar quando, na verdade, os dois se uniram de livre e espontânea vontade.

Dragão de gelo

Para coroar o episódio, um final de impacto: Viserion, que teve a morte mais sentida de toda a temporada e foi transformado em uma espécie de dragão zumbi pelo Rei da Noite, disparou rajadas azuis contra a Muralha e derrubou parte dela, permitindo a entrada dos White Walkers e seu grande exército de mortos-vivos, uma imagem poderosa. A grande guerra definitivamente chegou. 

 

Dragão ataca a Muralha no episódio final da sétima temporada de "Game of Thrones" - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Dragão ataca a Muralha
Imagem: Reprodução/YouTube