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Ex-diretor da Netflix diz que companhia "tolera assédio e discriminação"

Netflix já bateu barreira de 100 milhões de assinantes - Getty Images
Netflix já bateu barreira de 100 milhões de assinantes Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

20/10/2017 16h21

O ex-diretor de Recursos Humanos da Netflix norte-americana, Barry Coleman, alegou que a companhia de streaming tem uma política não escrita de "tolerar assédios e discriminação" por parte de seus executivos. Apesar de ficar poucos meses empregado na empresa, Barry ainda afirma que a visão progressiva e perfeita dos negócios da Netflix é ilusória. 

Recentemente, a companhia chegou a um acordo sobre o US$ 1,5 milhão que o diretor pediu na justiça e acertou em não divulgar o valor da nova proposta. Mas com as histórias de assédio e estupro cometidos pelo magnata de Hollywood Harvey Weinstein, a mídia norte-americana está mais atenta com casos semelhantes.

Segundo o "The Hollywood Reporter", o homem de 52 já havia trabalhado no RH de diversas multinacionais. Foi uma apresentação sobre como fazer negócios com a China que a Netflix virou os olhos para Berry. Algumas horas depois da empresa fazer contato e oferecer um emprego a ele, Berry descobriu que seu filho tinha sido assassinado.

O próprio ex-diretor diz que passou por depressão com a morte do filho, mas a Netflix continuou com a proposta e ofereceu uma posição de diretor de serviços empregatícios por US$ 500 mil de salário por ano.

Após algumas semanas, Berry se sentiu assediado e deixado de lado pelos companheiros de trabalho por não estar fazendo as coisas no "jeito da Netflix". A situação ficou pior quando um superior da empresa o abordou com segundas intenções em abril de 2016. "Sendo heterossexual, [Bill Coleman] estava desconfortável com os avanços do superior e tentou manter distância para não ofendê-lo", declarou uma queixa apresentada no Tribunal Superior de Los Angeles. "No entanto, os convites para sair continuaram".

Apesar de algumas mudanças no departamento pessoal -- e a saída de Barbie Graver, que levou Berry a trabalhar na Netflix e admitiu a ele que também sofria assédios na empresa --, o ex-diretor se desligou da empresa em maio de 2016.

Entre outros temas relatados por Berry está o acordo de que contratados da Netflix podem tirar um ano de férias quando o filho nascer. Mas tal regra, que foi elogiado e pelo qual a companhia sempre se orgulhou, era da boca para fora. "A pressão para retornar ao trabalho continua alta e a maioria dos empregados não aceitam a vantagem da nova lei, talvez porque consigam perceber a mentira por trás", explicou Berry.

Netflix se posiciona

Em setembro do último ano, alguns meses após a demissão do diretor, a Netflix conduziu uma investigação sobre casos de assédio dentro da empresa. A companhia concluiu que a saída de Berry foi justificada por meses de trabalho irregular. Ele raramente era visto em seu escritório e fez pouco esforço para conhecer sua equipe e até fazer seu trabalho. 

Sobre as alegações de assédio sexual, a posição do serviço de streaming é que o ex-diretor desconstruiu convites para conhecer melhor um colega de trabalho. O "The Hollywood Reporter" procurou a gigante de entretenimento, que negou veementemente as acusações do antigo empregado.