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Com fama de playboy, quem é o novo acusado de assédio sexual em Hollywood?

O diretor Brett Ratner, acusado por seis mulheres de assédio sexual - Willy Sanjuan/Invision/AP
O diretor Brett Ratner, acusado por seis mulheres de assédio sexual Imagem: Willy Sanjuan/Invision/AP

Do UOL, em São Paulo

01/11/2017 12h43

O diretor Brett Ratner, mais conhecido pelo seu trabalho em "A Hora do Rush 2" e "X-Men: O Confronto Final", é a celebridade mais recente a ter o nome envolvido em casos de assédio e abuso sexual em Hollywood -- seis mulheres alegaram que já passaram por situações humilhantes com o cineasta.

Querido por pessoas influentes na indústria -- incluindo "seus amigos próximos" James Toback, acusado de assédio por mais de 300 mulheres após revelações publicadas no jornal "LA Times", e Roman Polanski, que ainda enfrenta na justiça casos de estupro de menores de idade --, Ratner é considerado um playboy de Hollywood.

Um dos primeiros a abrir as portas da indústria para ele foi Robert Evans, chefão da produtora Paramount Pictures condenado por traficar cocaína. Enquanto crescia no cinema, Ratner também foi taxado de mulherengo e festeiro, se envolvendo com Lindslay Lohan, Paris Hilton e Mariah Carey.

"Eu não sou fã de coisas pesadas [drogas ou álcool]. Sou apenas um garoto judeu que adora filmes e lindas mulheres", definiu o diretor em entrevista ao "Jewish Journal", em 2008.

Recentemente, Ratnet tentou apagar a imagem de bad boy enquanto crescia com sua produtora RatPac Entertainment -- que entrou em acordo com a Warner Bros. por US$ 450 milhões.

Mesmo assim, o cineasta escorreu em algumas situações públicas e foi alvo de polêmica inúmeras vezes, como quando disse que "ensaio é coisa de viado" durante divulgação do filme "Roubo nas Alturas".

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A atriz Olivia Munn, uma das que o acusam de assédio, revelou em livro uma ocasião durante as filmagens de "Ladrão de Diamantes", em 2004, em que ela foi levar comida até o trailer do cineasta e ele surpreendeu-a saindo do banheiro sem calças, e se masturbando "furiosamente".

"Eu costumava sair com Olivia Munn, serei honesto com todos aqui", disse Ratnet durante o programa "Attack of the Show" em 2011. "Eu comi ela algumas vezes... mas então a esqueci", falou. Dias depois, ele admitiu que nunca tinha dormido com a atriz e se mostrou arrependido por ter feito dela "uma vadia".

Mesmo com a fama de baladeiro e a imagem de playboy, o diretor tem defensores dentro da indústria. Os assistentes David Steiman, Hopi Dobuler, Drew Sherman, Brett Gursky e Izak Rappapor trabalharam diretamente com ele e o consideram "um mentor".

Ratnet também é conhecido pelas doações generosas de sua fortuna e recebeu diversas homenagens pelos seus trabalhos filantrópicos e humanitários. Inclusive, Gal Gadot ("Mulher-Maravilha") estava escalada para entregar um prêmio a ele no último domingo pelo Fundo Nacional Judeu, mas acabou cancelando sua participação.

No lugar da atriz israelense foi Patty Jenkins, diretora de "Mulher-Maravilha", amiga de velha data: "Ele será o grande poder dessa cidade. É uma grande pessoa. Uma grande personalidade. Mas sabe o que gosto de Brett? Ele quer isso para todos também".

Entenda o caso

Depois que os casos envolvendo o produtor Harvey Weinstein abriram as comportas, as acusações de assédio sexual contra homens poderosos de Hollywood parecem não ter mais fim.

Desta vez, o acusado é Brett Ratner, diretor da série "A Hora do Rush" e de "X-Men: O Confronto Final", de clipes de Madonna e Mariah Carey, e produtor de filmes como "O Regresso". Ratner também está escalado para dirigir a cinebiografia do controverso fundador da revista "Playboy", Hugh Hefner.

    Seis mulheres o acusam de as ter assediado ou abusado, entre elas Natasha Henstridge ("A Experiência"), que contou ao jornal Los Angeles Times que Ratner, 48, forçou-a a fazer sexo oral nele em seu apartamento em Nova York, nos anos 1990, quando ela ainda era uma modelo de 19 anos tentando a carreira artística.

    Durante um encontro de amigos no local, Henstridge pegou no sono enquanto assistiam um filme e se viu sozinha quando acordou. "Ele me imobilizou de verdade. Se forçou fisicamente contra mim. Em algum momento, eu desisti e ele fez o que queria fazer", contou.

    Katherine Towne ("Revelação"), descreveu um incidente em uma festa em 2005 quando o cineasta tentou seduzi-la de forma agressiva e chegou a segui-la até o banheiro. Segundo ela, um assistente dele tentou contatá-la durante meses para marcar um encontro.

    Olivia Munn ("X-Men: Apocalipse") já havia revelado que teve várias interações desagradáveis com Ratner, incluindo uma ocasião durante as filmagens de "Ladrão de Diamantes", em 2004, em que ela foi levar comida até o trailer do cineasta e ele surpreendeu-a saindo do banheiro sem calças, e se masturbando "furiosamente".

    Munn conta que deu um grito e saiu correndo do trailer. Ela imediatamente foi contar o que havia acontecido ao homem que havia pedido para que levasse a comida. A reação? "Não foi choque. Não foi surpresa. Foi apenas: 'Ah, desculpa por isso'".

    Em 2011 Munn também teve um embate com Ratner quando ele revelou publicamente que os dois tinham tido um caso, o que ela desmentiu. Ratner depois pediu desculpas pela declaração. "Parece que eu continuo me batendo contra o mesmo bully da escola, que não desiste", afirmou.

    As atrizes Eri Sasaki e Jorina King também relataram investidas sexuais de Ratner quando trabalhavam como figurantes em "A Hora do Rush 2", em 2001. Em ambos os casos, o diretor as convidou para entrar em um banheiro com ele em troca de lhes dar uma fala no filme e ajudá-las a se tornarem estrelas. 

    Já Jamie Ray Newman conta que sentou ao lado de Ratner em voo, ainda no início de sua carreira, e ele passou a descrever os atos sexuais que gostaria de realizar com ela.

    Ao jornal, o advogado do cineasta negou as acusações, afirmando que em 20 anos nenhuma mulher jamais havia feito alegações sobre condutas sexuais inadequadas de seu cliente e que nenhuma mulher havia pedido ou recebido compensações financeiras por essa razão.