Desastrosa saga de Boneco de Neve: Scorsese e Fassbender entraram numa fria
Shakespeare já disse que há algo de podre na Dinamarca, mas na vizinha Noruega a coisa também não é nada boa. Pelo menos não no filme "Boneco de Neve", em que a capital Oslo é o pano de fundo para o suspense baseado na obra homônima do escritor Jo Nesbø, em cartaz nos cinemas.
Com muitos problemas nos bastidores e memes graças ao trabalho ruim da equipe de marketing, o desfecho do filme protagonizado por Michael Fassbender conclui com primor uma série de atrapalhadas que envolvem todo o filme.
Martin Scorsese deu a deixa
Tudo começou com Martin Scorsese (responsável pelos clássicos "Os Bons Companheiros", "Os Infiltrados" e o recente "O Lobo de Wall Street"), que em 2011 manifestou interesse em adaptar o livro para o cinema. Por anos nada saiu do "quase". Até que o diretor Tomas Alfredson foi ligado ao projeto em 2015, enquanto Scorsese ficou como produtor executivo. E aí é que o desastre teve seu início.
Sobrou para o diretor substituto
A culpa não é de Alfredson, que já provou seu talento em "O Espião Que Sabia Demais" e "Deixe Ela Entrar". O diretor tentou se justificar --após as péssimas críticas sobre o filme-- que tudo aconteceu sem a preparação devida. "Aconteceu tudo de repente. Do nada, ficamos sabendo que tínhamos dinheiro e poderíamos começar as filmagens em Londres", contou o diretor para a "NRK", emissora do país nórdico.
"As filmagens na Noruega foram muito curtas. Não conseguimos fazer a história completa e, quando começamos a cortar [o filme], percebemos que muita coisa estava faltando", completou. Alfredson ainda revelou que de 15 a 20 por cento do roteiro não foram registrados em cena.
Elenco de primeira
Depois tantos anos de preparação, "Boneco de Neve" virou realidade de uma maneira abrupta, sem cuidado algum, mesmo contando com um elenco de primeira. Queridinho de Hollywood, Michael Fassbender foi escalado como o detetive Harry Hole; Rebecca Ferguson ganhou o papel da investigadora Katrine Bratt; a diva cult Charlotte Gainsbourg venceu a disputa para viver Rakel; o vencedor do Oscar J.K Simmons também foi confirmado em seguida, e até Val Kilmer garantiu uma boquinha.
O coitado do boneco virou meme
E fora das câmeras a situação não era positiva. A equipe de marketing da produtora Universal vendeu o filme de uma forma em que o (pobre coitado) do boneco de neve virou até meme. O pôster exibia uma frase com uma fonte infantil e o desenho de um boneco de neve com uma expressão que dá até dó. A zoação nas redes sociais foi inevitável e houve até quem comparou a figura com um "irmão maligno" do Olaf, de "Frozen - Uma Aventura Congelante".
Nunca vou me cansar disto. Esses pôsteres deveriam ficar para sempre
Ok, mas e o filme?
"Boneco de Neve" conta a história de Harry Hole, um consagrado policial que ninguém sabe por que ele é tão bom, apenas temos a noção de que ele é "o cara". Detetive nas horas vagas e bêbado profissional, Hole prefere a birita a solucionar qualquer caso na pacata capital Oslo, até que um misterioso desaparecimento chama sua atenção.
Ele se junta à novata Katrine para investigar o caso: um boneco de neve apareceu no quintal da família após a matriarca tomar um chá de sumiço. Mas este não é um caso isolado: outas situações semelhantes são comunicadas para a polícia e uma caçada começa.
Se o boneco de neve do pôster dava pena, o que aparece em cena é ainda pior (basta ver a imagem que abre este texto). É inevitável criar diversas piadas na cabeça enquanto se vê o ar tão triste da criatura gelada. Enquanto isso a trama continua: J.K. Simmons aparece e Val Kilmer também, mais estranho do que nunca -- é até difícil reconhecer o ator -- em uma participação curtíssima.
Serial killer que não mete medo
O roteiro confuso ajuda a compreender o que o diretor revelou sobre as cenas que faltaram no filme. As histórias são interligadas, mas de uma forma muito confusa, como se o serial killer ficasse esquecido e se manifestasse a partir de inúmeras coincidências.
O clima de suspense não se mantém ao longo do filme, mesmo com o final, decidido tão rápido e tão sem graça quanto o resto da história.
Gelo nas bilheterias
"Boneco de Neve" prometeu tanto e afundou no gelo. A Universal tinha tudo para fazer um grande suspense, daqueles de ficar agarrado na cadeira do cinema: diretor afiado, elenco de primeira, produção executiva de um mestre e um grande best-seller policial.
Nem as pessoas ficaram interessadas no projeto. Com orçamento de US$ 35 milhões, o filme arrecadou míseros US$ 6 milhões nos EUA até agora --em mais de um mês em cartaz-- e segue com US$ 37 milhões nas bilheterias mundiais.
O que o resto está falando?
A crítica internacional soltou uma avalanche de comentários negativos sobre o filme. A "Rolling Stone" fez uma carta aberta a Fassbender perguntando o que deu errado. Rex Reed, da "New York Observer" ponderou que "nenhuma cena funciona em um filme totalmente esquecível".
Jason Solomons, do "The Wrap", afirmou que a única coisa boa na produção é o elenco enquanto Justin Chang, do "Los Angeles Times", considerou o filme "um pavoroso e incoerente thriller". Pendendo para o mesmo lado, Stephen Dalton, do "The Hollywood Reporter", disse que nem os atores de primeiro escalão salvam "Boneco de Neve" da destruição.
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