Luke protagonista? São as mulheres que realmente mandam em Os Últimos Jedi
"Star Wars: Os Últimos Jedi" pode até apontar para Luke Skywalker (Mark Hamill) já no título, e o Jedi tem mesmo um papel importante na trama, mas a verdade é que este Episódio 8 é o capítulo mais feminino da saga até hoje.
ATENÇÃO: SPOILERS! SE VOCÊ NÃO QUER SABER DETALHES DA TRAMA DE “STAR WARS: OS ÚLTIMOS JEDI”, NÃO CONTINUE A LEITURA
A começar por Rey (Daisy Ridley). O título do filme fala muito mais sobre ela do que sobre o próprio Luke. Aqui ela --ao mesmo tempo a última e a primeira Jedi de uma nova era-- continua sua jornada de heroína depois de herdar o sabre de luz de Luke e descobrir que tem a Força dentro de si.
Mas ao contrário do caminho normalmente seguido por heróis, inclusive o próprio autoproclamado "último Jedi", Rey não é movida pela busca de glória, de aventura, de um destino grandioso ou mesmo de vingança, depois de perder sua primeira figura paterna, Han Solo. Em um curioso paralelo com outro filme de sucesso deste ano, "Mulher-Maravilha", Rey é movida pela empatia com as outras pessoas, pela compaixão e pela esperança: de fazer parte de uma comunidade, de viver em uma galáxia em que as pessoas não sejam oprimidas como ela foi em Jakku.
Quando vai ao encontro de Luke, Rey busca a orientação de um mestre para cumprir seu papel de tornar a galáxia um lugar melhor e ajudar as pessoas que a acolheram, não para se tornar uma lenda ou deixar para trás uma vida sem graça, como foi o caso do próprio Skywalker.
É também essa empatia que coloca Rey à prova quando uma misteriosa conexão a liga ao vilão Kylo Ren (Adam Driver). Ao mesmo tempo em que não deixa de acreditar que pode trazê-lo de volta para a luz, ela é tentada a se juntar a ele, o único que oferece alguma ajuda para encontrar seu lugar na galáxia.
Leia e a nova geração
Rey pode até estar solitária na maior parte do tempo, mas isso não significa que esteja sozinha. Se na trilogia original Leia (Carrie Fisher) era a única personagem feminina digna de nota (as outras personagens somam exatos 63 segundos de falas) --felizmente uma personagem forte, heroica e diferente do que se esperava de uma princesa--, aqui a nova heroína está cercada (mesmo que à distância) de mulheres que quebram tudo e têm papéis bem importantes na rebelião. E, seguindo os conselhos de Carrie Fisher, nenhuma delas precisou vestir um biquíni para salvar a galáxia.
A começar pela própria General Leia, que não só mantém a esperança da Resistência viva, mas que finalmente se mostra uma usuária poderosa da Força, de uma maneira inesperada e tocante, provando que poderia ter sido uma Jedi como seu irmão, mas escolheu lutar de outra forma. A morte de Carrie Fisher no ano passado dá um tom trágico à personagem, mas, em sua melhor atuação como Leia, a atriz consegue passar a mesma empatia e esperança que marcam a jornada de Rey, já calejada, mas nunca cética. Um belo contraste com a amargura de Luke.
E sob o comando de Leia temos ainda mais mulheres notáveis: várias combatentes da Resistência em diferentes funções, como Paige (Veronica Ngo), irmã de Rose (Kelly Marie Tran) que morre heroicamente quando os planos de Poe Dameron (Oscar Isaac) para atacar a frota da Primeira Ordem dão errado. E a própria Rose, uma simples mecânica que resolve se arriscar em nome do que acredita e ainda salva Finn (John Boyega) em um momento crucial, deixando a lição de que o objetivo da rebelião tem que ser proteger quem amam, não destruir aquilo que odeiam (com o bônus de ser a primeira asiática de destaque na saga, que, pelo visto, tem um crush no primeiro protagonista negro).
E, por fim, temos mais uma mulher em posição de comando, a Vice-Almirante Holdo (Laura Dern), que lidera a Resistência com um estilo bem diferente do de Leia, mas não menos eficaz --é esse seu estilo que gera atritos com Poe, que não se conforma de não estar no centro das decisões (ou das atenções, fica difícil decidir).
Moral da história
Poe se encaixa muito bem naquilo que a gente chama por aqui de "esquerdo-macho": politicamente, ele tem as melhores intenções e defende uma causa justa, mas o mesmo não pode ser dito da forma como se relaciona com as mulheres --especialmente se esta mulher for sua chefe e estiver dando ordens a ele.
Ao passar por cima tanto das ordens de Leia quanto das de Holdo, ele prova que não confia muito no julgamento feminino e prefere seguir sua própria impetuosidade tipicamente masculina, querendo acima de tudo vencer a "briga", o que tem consequências catastróficas.
A mensagem que o filme deixa não é nada sutil: melhor deixar as mulheres comandarem dessa vez. Mas mais que isso: é hora de abraçar outros valores, menos bélicos e competitivos e mais colaborativos e humanos.
Não por acaso, o Lado Sombrio só tem homens na liderança...
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