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Ao lado de ativistas, famosos transformam Globo de Ouro em grande protesto

Meryl Streep vai ao Globo de Ouro 2018 ao lado de Ai-jen Poo, líder da organização National Domestic Workers Alliance - AFP
Meryl Streep vai ao Globo de Ouro 2018 ao lado de Ai-jen Poo, líder da organização National Domestic Workers Alliance Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

07/01/2018 22h59

O 75º Globo de Ouro, neste domingo (7), marca o início da temporada de premiações de Hollywood em 2018 – mas, neste ano, ele é muito mais do que isso. A tradicional premiação se tornou palco de um grande protesto contra a desigualdade de gênero e o assédio sexual, tema que entrou na agenda da indústria com a onda de denúncias contra poderosos como o produtor Harvey Weisntein, no ano passado.

Atrizes, atores, diretores e produtores e outros grandes nomes da indústria escolheram ir à cerimônia de preto para passar uma mensagem e divulgar o projeto Time’s Up, iniciativa surgida em Hollywood para dar apoio a mulheres vítimas de assédio e abuso. E nomes como Meryl Streep e Emma Watson optaram por ir à cerimônia acompanhadas de ativistas que lutam pelos direitos das mulheres.

Streep, uma das indicadas da noite, estava ao lado de Ai-Jen Poo, representante de uma organização em favor dos direitos das trabalhadoras domésticas. “Espero que as pessoas vejam essa energia e o fato de que estamos unindo gente em todas as indústrias e comunidades, protestando juntas e dizendo que merecemos locais de trabalhos onde estejamos seguras e onde nosso trabalho seja valorizado e possamos trabalhar com dignidade”, afirmou Poo.

“Acho que as pessoas estão conscientes de que há um desequilíbrio de poder e isso leva ao abuso”, completou a atriz. “Levou ao abuso na nossa indústria. Está no trabalho doméstico, no exército, no congresso. Queremos arrumar isso. E sentimos coragem, nesse momento em particular, de nos organizarmos”.

A atriz Michelle Williams, que foi quem deu a ideia de levar ativistas à premiação, foi com Tarana Burke, criadora do movimento #metoo, que estimulou mulheres do mundo inteiro a denunciarem abusos e agressões. “Eu achava que teria que ensinar minha filha a se proteger em um mundo perigoso, mas acho que pelo trabalho que Tarana fez e pelo trabalho que eu estou aprendendo a fazer, nós temos a oportunidade de dar um mundo diferente a nossas crianças”.

Tarana, por sua vez, comemorou a repercussão do movimento. “É algo que começou a partir de uma necessidade, algo que eu achava que minha comunidade precisava e que cresceu ao longo dos anos, mas nunca imaginei que ficaria deste tamanho.Esse momento é muito poderoso porque estamos vendo uma colaboração entre esses mundos que geralmente as pessoas não associam. É muito poderoso estar no tapete vermelho nesta noite”.

Emma Watson, que nos últimos anos se tornou uma das principais vozes de Hollywood contra a desigualdade de gênero, levou ao evento Marai Larasi, diretora executiva da Imkaan, ONG inglesa que combate a violência de gênero contra meninas e mulheres negras. “Há algo em mulheres de Hollywood falando”, disse Larasi. “Há uma parede de silêncio em torno da violência contra meninas e mulheres e toda vez que alguém fala, aparece uma rachadura nessa parede. As mulheres de Hollywood têm uma oportunidade de amplificar assuntos”.

Nem a emissora que transmitia o tapete vermelho da festa, o E!, escapou. Debra Messing e Eva Longoria chamaram a atenção do canal por conta da demissão da apresentadora Catt Sadler, que revelou publicamente ter descoberto que ganha menos do que um colega homem que executava as mesmas funções.

Protesto também é coisa de homem

Os homens de Hollywood também mostraram sua solidariedade às colegas. Justin Timberlake usou uma camisa preta e um broche do movimento Time’s Up, e aproveitou o carpete vermelho para exaltar o trabalho de sua mulher, Jessica Biel, na minissérie “The Sinner”. “Estou muito orgulhoso dela. Eu vi todo o esforço dela”.

Justin Hartley, da série “This  Is  Us”, disse que o movimento significava muito para ele: “Acho que todos estamos juntos aqui e podemos concordar que o tempo [para a desigualdade] acabou”. Seu colega de série Streling K. Brown também usou o broche do protesto. 

David Harbour, o Jim Hopper de "Stranger Things", também foi todo de preto, assim como parte do elenco mirim da série.