Com sofrimento demais,"Querido John" apela para lágrimas
SÃO PAULO (Reuters) - Na cartilha de romances água-com-açúcar do escritor norte-americano Nicholas Sparks, todo amor deve sofrer uma ruptura e uma grande tragédia deve abrir os olhos dos apaixonados. Muita sacarina depois, eles percebem que só o amor supera os problemas, mas, geralmente, é tarde demais. Por isso, não é surpresa alguma os caminhos trilhados por "Querido John", baseado no romance homônimo do autor, que estreia em circuito nacional.
Os personagens sempre são brancos de origem europeia e com certo poder aquisitivo; seu principal problema é não poder viver o amor intenso que os domina, o que acontece em "Querido John" com John Tyree e Savannah Curtis, interpretados por Channing Tatum ("G.I. Joe: A origem de Cobra") e Amanda Seyfried ("Mamma Mia!").
Ele, surfista e soldado em licença de duas semanas; ela, estudante conservadora, incapaz de maltratar alguém, brigar ou xingar. Em uma quinzena de muita praia e romance, eles juram amor eterno. Ele voltará para a Alemanha, onde está a sua tropa, e ela para a faculdade. Trocam cartas apaixonadas. Ele é mandado em missões para lugares que não pode revelar para a amada, embora fique claro que são países pobres, pois não têm água encanada, nem correio, muito menos acesso à internet.
Poucos dias depois dos atentados de 11 de Setembro, ele volta para casa por um final de semana e, mesmo muito apaixonado e prestes a concluir o serviço militar, alista-se novamente -- para desespero da pobre Savannah. Mais tarde, ela dá o troco e a correspondência entre os dois é cortada. John queima todas as cartas que havia recebido da amada.
TRAILER DO FILME "QUERIDO JOHN"
Muitas reviravoltas depois, com direito a doenças terríveis, John e Savannah repensam as suas escolhas -- sempre erradas, mas sempre feitas com as melhores intenções, e avaliam a possibilidade de reviver a sua história de amor.
Nas histórias de Sparks, doenças não existem para matar e consumir as pessoas, mas para inspirar atos de profunda bondade e elevação das boas almas doadoras. E o que não falta em "Querido John" são almas boas e sacrifícios pessoais. Em alguma missão no Oriente Médio -- em um país que não parece o Iraque ou o Afeganistão - John é gentil e amável com criancinhas na rua.
O motivo do novo alistamento do personagem e de todo seu pelotão talvez seja explicado em outro filme, "Guerra ao Terror": a guerra é uma "droga". Mas aqui, conflitos, intervenção militar e soldados são apenas uma desculpa para lágrimas e uma história de amor rasa. John e Savannah são personagens sem qualquer densidade dramática, tornando difícil o envolvimento da plateia.
No final de todas as lágrimas extraídas por "Querido John", as mais tristes vêm do fato de que o filme é dirigido por Lasse Hallström, o diretor sueco que nos anos 1980 fez o belo "Minha Vida de Cachorro" e, mais recentemente, "Sempre ao seu Lado", "Chocolate" e "Regras da Vida".
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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