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"Sex and the City 2" leva amigas para paraíso do consumo

Kim Cattrall, Kristin Davis, Sarah Jessica Parker e Cynthia Nixon caminham pelas dunas em cena de "Sex an The City 2" - Divulgação
Kim Cattrall, Kristin Davis, Sarah Jessica Parker e Cynthia Nixon caminham pelas dunas em cena de "Sex an The City 2" Imagem: Divulgação

27/05/2010 15h22

SÃO PAULO - Quando se fala da franquia "Sex and the City", há sempre um desprezo e um frenesi tão acintosos, que é difícil ficar indiferente. Chamadas de fúteis, irreais e mercadológicas, as seis temporadas de TV e, agora, as duas sequências cinematográficas (a segunda estreia nesta sexta-feira), também são admiradas e aguardadas por um grande público. Restaria saber o por quê.

Produto de um dos estúdios de telesséries mais versáteis do mercado norte-americano, o canal HBO, cujo currículo mantém competentes produções como "Roma", "Angels in America", "Big Love" e "The Pacific", "Sex and the City" transformou-se ao longo do tempo.

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Quando a série foi ao ar pela primeira vez na TV, em 1999, retratava o universo feminino de forma aberta, liberal e autêntica. A protagonista, Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), narrava suas desventuras amorosas e financeiras dentro da ilha de Manhatan (Nova York), assumindo o papel de inquisidora de sua vida sentimental e sexual, tal como de suas colegas: Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall).

O sucesso foi imediato. Havia uma clareza narrativa da vida das personagens e dos seus conflitos, que relativizava a superficialidade de como se tratava Nova York (capital do que há de melhor e pior no mundo). No entanto, a série foi contaminada, a começar por Michael Patrick King, criador da série - a partir do livro de Candace Bushnell.

ELENCO E DIRETOR FALAM SOBRE AS FILMAGENS DE "SEX AND THE CITY 2"

Por mais que houvesse uma história central, a série não amadureceu e se tornou apenas um ícone de moda. O que se percebe nas últimas temporadas e nas duas sequências para as grandes telas é que o estilo de vida é maior do que a própria narrativa. A embalagem, enfim, de salto alto, com grande grifes, vem sempre antes das personagens.

"Sex and the City 2" é isso. Bem-humorada, elegante e brilhante (mais pelo ouro do que pela genialidade), a produção praticamente é um dia-a-dia de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. Não há realmente um grande conflito, apenas um questionamento sobre as relações: as três primeiras, casadas, devem lidar com a profundidade de seus matrimônios e a última preocupa-se com sua idade para manter-se sexualmente ativa e atraente, por mais que seja de forma cosmética.

O filme começa com Carrie insegura com a monotonia de seu casamento com Mr. Big (Chris Noth). Ao lado dela, Charlotte se encontra desesperada pela dificuldade de ter que cuidar de duas filhas. Miranda, enquanto isso, começa a perceber que seu trabalho de advogada não lhe traz a tão sonhada realização de mulher independente e decidida.

Finalmente, Samantha, a mais animada das quatro, consegue, por meio de um possível negócio, levá-las a Abu Dhabi (nos Emirados Árabes) para uma semana de tranquilidade no que há de mais excêntrico e, despudoradamente extravagante, no meio do deserto. Uma semana de luxos hoteleiros, que apenas um xeique, rico em petróleo, é capaz de oferecer.

Durante sua estada no Oriente Médio, as personagens devem manter-se de acordo com as convenções às quais estão submetidas. Precisamente, Carrie, que encontra seu ex-noivo Aidan (John Corbett), e Samantha, que vê, a todo momento, barreiras religiosas milenares contra seu comportamento sexual.

Nas mais de duas horas de filme, é bem possível que se veja uma bem-humorada comédia romântica. Mas simplesmente o que leva os espectadores, sejam homens ou mulheres, é a impressão de que os editoriais de moda podem tomar nome, formato e voz e, mesmo assim, serem engraçados. "Sex and the City", enfim, não é uma franquia, mas uma marca e, como todas elas, corre o risco de sair de moda.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb